09/02/2008

O empréstimo à Câmara de Lisboa


Não há confirmação oficial, mas segundo li no Semanário Económico de ontem, o Tribunal de Contas terá devolvido o processo de contracção de um empréstimo - o tal que era de 500 milhões e já vai em 400, mas que agora se diz que virá ainda mais para baixo.
A ser verdade, considero que estamos à beira de uma imoralidade, mesmo que, eventualmente, com toda a base legal.
Sei que isto vai chocar algumas pessoas, mas eu explico por que razão penso assim (seja-me dada essa oportunidade - ou seja: queiram ler o que segue):

- Em mandatos passados, sobretudo com as duas gestões de Santana e Carmona, o défice atingiu limites insonhados. Nas eleições intercalares isso já se sabia mas acho que não se conhecia a real dimensão da coisa.
- O erário municipal não chega para satisfazer esses compromissos e pagar o que se deve a tantas e tantas empresas.
- Se essas dívidas não forem rapidamente pagas, sabe-se de muitas empresas que vão falir. Muitas delas já não pagam por sua vez as suas dívidas. É um ciclo vicioso muito gravoso para os mais pequenos.
- Se os trabalhadores dessas empresas não recebem ordenados, como vão pagar as rendas, alimentar os filhos, pagar a escola?
Ou seja: este é um castelo de cartas que, a ruir, não vai à ruína sozinho: leva consigo muita gente.
Estas são as razões sociais para que o empréstimo seja autorizado.

Mas há mais:

a) Do ponto de vista económico, há que saber que a CML pode perfeitamente suportar os custos do encargo e o seu orçamento comporta a situação, visto que se pagará em tranches, sendo as mesmas obrigações dilatadas no tempo ao longo de 25 anos. A Caixa Geral de Depósitos nem hesitou.
E,
b) do ponto de vista financeiro, nada impede que a dívida seja transferida dos credores para a banca: ela não aumenta.
.
O que mais me incomoda, naturalmente, são as consequências sociais do atraso e a tragédia que seria a não autorização do empréstimo. São essas, as sequelas sociais, as que me levam a chamar a esta hesitação uma imoralidade.

12 comentários:

aeloy disse...

Muito Bem.
Apoiado!
CC
António Eloy

daniel costa-lourenço disse...

não é tanto imoral...é mais inacreditável que a principal cidade e montra do país esteja assim...

parada...

e Madrid e Barcelona a todo o gás....

Filipe Melo Sousa disse...

Olha, a teoria do caos. Vou já começar a chorar pelas famílias afectadas LOL

Esta descrição melodramática lembra-me o primeiro capítulo dos maias em que o Pedro da Maia mata-se de desespero. Era o que autor deste post devia fazer.

aeloy disse...

O comentário anterior é digno de um Salazar de meia tijela.
Conforme já aqui referi seria de todo o interesse inserir moderação nestes comentários.
A paciência para aturar continuas prepotências, espiritos vazios, e totalitarismos de pacotilha nazis disfarçados de liberais tem limites.
Tenho vindo aqui comentar ocasionalmente.
Espero resposta do "moderador" a esta questão.
Não voltarei a este blog até lá aprecio um debate com contundencia mas com civilidade e acho que isto ultrapassa a liberdade de opinião...
CC
António Eloy

Anónimo disse...

sr aeloy, se tiver algo a responder em relação ao post força aí. eu acho os ataques pessoais desinteressantes

postman disse...

O Post realmente apresenta um conjunto de preocupações interessantes. O que não se compreende é que não tenham sido feitas,igualmente, na altura em que o executivo de Cramona Rodrigues quis fazer fase ao défice - que ao contrário do que diz não é da sua maioria do tempo do PSD , mas sim da coligação PS/PCP de João Soares - fazendo um acto de gestão correctíssimo : vender o património Municipal , que a CML nunca poderá recuperar e que continuam a ser custos elevados para a sua manutenção. Na altura a Zézinha quis saber exactamente a Lista e juntamente com o PCP, PS e BE votaram contra. Não é verdade que dever aos credores ou a banca seja indiferente em termos financeiros. Os Bancos não são entidades beneméritas, visam o lucro. Como tal 400 milhões de empréstimo, a25 anos, representará para a CML alguns milhões no final.

Quando aos comentários do sr. aeloy, realmente é preferível que venha cá ocasionalmente para poder libertar essa visceral tendência de lançar anátemas, sobre quem pensa bastante diferente dele, de Nazistas, Salazarista, Fidelistas, Bushistas, Estalinistas entre outros ditadores que a história nos conta. Por mim, até pode vir sempre! Porque na minha liberdade também há um espaço para si.

Anónimo disse...

Nos estado em que o PSD deixou a CML não havia outra medida possível!

Anónimo disse...

Essa de não ser indiferente dever a credores ou à banca...
Então e as dividas a ccredores não se pagam com juros?
É que essa, é que é essa. Pagam-se com juros. Felizmente.
Infelizmente, enquanto não são pagas, os credores não têm como "fazer" dinheiro.
Tem toda a razão JCM, é imoral.

postman disse...

Sobre os estado em que o PSD deixou a Câmara de Lisboa,posso solictar que façam uma análise dos dados que estão disponivies por diferentes meios e entidades. Duas pequenas notas:

Em 2006 a Câmara Municipal de Lisboa foi considerada com nota "Aa" dada pela agência internacional Moody’s. Este rating, que define a capacidade das instituições fazerem face às suas responsabilidades e fazerem cumprir os seus compromissos.Esta agência classifica, do ponto de vista da credibilidade financeira mais de cem nações. A Moody’s considerava que Lisboa tinha uma “perspectiva estável” a nível financeiro, ou seja, era uma das cidades europeias com maior estabilidade económica.

2ª Dado: de 2002 a 2006 a receita foi maior que a despesa em €21,1M; A despesa Corrente cresceu a uma taxa média de 1,3%, valor abaixo da inflação, A dívida à banca foi reduzida em €93,5M.Ou seja, mesmo para quem não entenda de economia, a situação financeira da CML não foi agravada de 2002 para 2006. (dados dos serviços financeios da CML).

Já agora vai crescer a dívida em €17,2 M, referentes a um fornecedor do Túnel do Marquês. Este facto que devia ter consequências políticas para o Vereador que a causou. Mas creio que verticalidade política é muito flexivel.

Filipe Melo Sousa disse...

caro postman,

estes últimos dados que me facultou são muito, muito, interessantes. Ao serem verdade, desmontam cabalmente a necessidade do empréstimo. Teria a possibilidade de me linkar os dados, ou dizer onde posso aceder ao relatório? Ser-me-ia muito útil para publicar um post, e desmontar alguns argumentos expostos neste blogue, que considero sem fundamento algum.

obrigado

Anónimo disse...

O mistério da dívida aparecida...
Terá sido mão divina a criar em 2007 uma divida que não existia em 2006?
E as empresas municipais?
Continuam com as contas de 2006 por apresentar.

daniel costa-lourenço disse...

Digam o que disserem agências internacionais ou até de Marte não se pode, em consciência, dizer que Lisboa vai bem e recomenda-se. Por favor...