23/06/2009
Ainda a Mercearia Ideal do Bairro Azul
Como anunciado aqui, recentemente e há anos, a Mercearia Ideal do Bairro Azul é o último exemplar naquela zona de uma "espécie" em vias de extinção.
Como é sabido, o Bairro Azul ganhou na semana passada, finalmente, o estatuto de Imóvel de Interesse Municipal, coisa que esperava desde 2002 ... e como durante esse período tanta coisa se adulterou (segundo a lei, pelo simples facto do processo de classificação se ter aberto, o objecto em causa passa a usufruir em pleno do estatuto de quem já o é).
Pois bem, nos últimos anos, têm vindo os proprietários da mercearia em causa a ser "sensibilizados" pela CML no sentido de destruirem tudo quanto têm ainda de genuíno (estantes de madeira e alguns pormenores de época) de modo a fazerem da pequena loja uma loja seguindo os "cânones" comunitários (o que é profundamente falso), ou seja, alumínio e inox com fartura.
Assim, os proprietários, cuja intenção primeira era remodelarem a loja mas recuperando e mantendo os elementos característicos de época, ameaçados com o fecho imediato da loja, viram-se obrigados a submeter um projecto de alterações à CML que pressupõe o arranque de todos os elementos de época.
A curiosidade reside na contradição: enquanto os técnicos do património classificam o bairro e, por maioria de razão, a loja ou o que resta dela; noutro departamento, os respectivos fiscais (suponho que sem formação absolutamente nenhuma, voluntária ou não), impuseram aos donos a alteração radical da loja, de nada valendo a vontade daqueles ou as manifestações de solidariedade da Comissão de Moradores do Bairro Azul.
Coisa estranha. A averiguar muito em breve.
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10 comentários:
"estantes de madeira e alguns pormenores de época"
Época quê? Salazarista?
Caro Anónimo,
presumo que seja especialista em história de arte; fiquei deveras surpreendido, senão abismado, que o Dr. Salazar tenha sido um artista, ou decorador e pelos vistos de relevo já que deu mesmo nome a um estilo artístico. Realmente se não fossem comentários como o seu e de pessoas do mesmo douto calibre pessoas como eu não saberiam nunca a história secreta do nosso país.
Obrigado!
ESTOU FARTO DESTA CAMBADA!
Quer dizer se for a Catarina Portas pode vender tudo da época do Salazar, os livros de ensino com a bandeira da Mocidade Portuguesa, etc...até os quiosques têm capilé.
Não porque a Catarina rapidamente se vem afirmar que é de esquerda apoia o Costa mas "dorme" com Louça.
Mas o povo esse povo estupido e ignorante se gosta de mercerias antigas, são salazaristas, se gostam de esteios de pedra em granito são salazaristas, muros de pedra, lajes de pedra, tudo salazaristas...entretanto os antiquarios e os franquistas (espanhois bacoucos) compram as lanternas, as estantes das mercearias, os azulejos, as pedras antigas, cantarias, portas de carvalho.
São burros, gostam de perder dinheiro....
´Nós vamos acabar todos com os balcões inox e as portas de aluminio, povo estupido e ignorante.
PORRA QUE É DEMAIS!
seria bom que as acusações contra a CML fossem suportadas por documentos (digitalização de documento de "sensibilização", por exemplo) de modo a que eu pudesse acreditar no que está escrito aqui... acreditar no que está aqui sem mais provas é acreditar que a confeitaria nacional também vai ter de se remodelar a pedido da CML...
Sim, elogios à CML ainda vá que não sejam suportados em documentos, agora acusações? Baseadas no que afirmam os proprietários, gente de certeza aldrabona? Onde já se viu?
Historinha muito mal contada.
Os quiosques da tal Sra. Catarina são da época republicana.
Senhor "Ai-a-Tola" deve ler com mais atenção para não confundir palavras, como pode reler (agora com atenção, se conseguir) escrevi "Época quê? Salazarista?", e não "Estilo quê? Salazarista?", nunca falei de estilo, foi o senhor quem confundiu palavras, lamento desaponta-lo.
Mas o senhor grande especialista em Historia de Arte certamente vai elucidar-nos então do tal estilo desta loja, se é que tem algum “estilo”. Diga-nos então de sua justiça.
Estilo Cataportas !?
Enquadrar esta loja num ou noutro estilo é absolutamente irrelevante para o caso, o que importa é que cria uma unissidade com o bairro em si e é, concerteza, um repositório de lembranças e histórias dos últimos 50 ou mais anos da sua existência.
Este facto torna-se ainda mais relevante depois do despacho de protecção do bairro.
Obras do tempo salazarista são milhares porque estamos a referir-nos a um período de 40 anos da existência dos portugueses e por favor, não comece aqui o argumento de que foi mau - aliás a génese do seu primeiro comentário - porque foi mau para uns e bom para outros e vai concerteza encontrar blogs onde o assunto é discutido até à exaustão. O teor do artigo e a sua razão é que nada têm a ver com essa discussão. A leitura atenta deveria ter sido a sua porque o que se discutia era como salvar uma mercearia antiga, num local protegido.
Caro "Ai-a-Tola" o assunto do artigo é de facto a necessidade de preservar a tal mercearia, no entanto e com atenção ou não julgo todos sermos livres de concordar ou discordar do escrito, ler com atenção não é sinonimo de dar razão.
Quanto à época não disse nenhuma mentira. Sinceramente tenho simpatia para com este tipo de comercio de rua, o seu ar intimista, acolhedor... Agora virem-me com conversa de manter “traça de época”, sendo que a época não tem em mim boas recordações nem o pode ter para alguém que goste de um mundo livre, democrático e evoluído, isso é que não, e dai o meu comentário.
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