29/06/2009

Parque das Nações vai ter uma nova igreja

In Público (29/6/2009)

«O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, benze hoje a "primeira pedra" da Igreja dos Navegantes, no Parque das Nações, uma obra que custará seis milhões de euros e deverá estar concluída em 2013. O templo terá uma das maiores áreas de vitral do mundo, com cerca de 900 metros quadrados, disse à Lusa o pároco do Parque das Nações, Paulo Franco.
O projecto de uma "igreja diferente", do arquitecto José Manuel Dias Coelho, caracteriza-se também pela "fachada translúcida" que valorizará, com a passagem de luz, os vitrais. A igreja foi concebida com base em estudos de viabilidade económica e deverá estar paga em dez anos, explicou o pároco.
O "retorno" será obtido através da rentabilização de infra-estruturas como o auditório e um parque de estacionamento subterrâneo. A igreja terá 630 lugares sentados, mas foi concebida para poder receber 1300 pessoas de pé. Inclui dois espaços de baby-sitting insonorizados, duas capelas mortuárias, um centro pastoral e uma sede de escuteiros, um auditório para 300 pessoas, um restaurante, um café, esplanada e residência paroquial. Situada na zona habitacional Norte do Parque das Nações, a Igreja tem como padroeira Nossa Senhora dos Navegantes, numa "referência ao imaginário que esteve na base da Expo-98", os oceanos.
D. José Policarpo preside hoje à bênção da primeira pedra da igreja, cuja construção deverá estar pronta em 2013 »

...

Nos tempos que correm, em que Fé deu lugar a fé, cada vez há menos candidatos a sacerdotes e, pior, as igrejas estão sistematicamente vazias, fazer-se uma nova igreja (900m2 de vitral??!!), quando, ainda por cima, o Patriarcado não tem dinheiro para conservar o vasto património que tem por aí, parece-me sem sentido. Por outro lado, falar-se em retorno financeiro por via de criação de estacionamento subterrâneo, parece-me de profundo mau gosto.

19 comentários:

Anónimo disse...

espero que o vitral não fique voltado ao sol pois caso contrario as receitas do estacionamento (que acontece nos passeios...) não vão chegar para pagar o ar condicionado.

com fé disse...

o edificio é de um mau gosto incrivel, não percebemos se é um stand de electrodomesticos ou um gazometro.
Ficamos contentes por saber que existem alternativas, esqueceram do salão de jogos, sex shop e outros espaços alternativos.

Anónimo disse...

Salvador
Quem visitar S vicente de Fora, pode ver o trabalho que o Patriarcado anda a fazer pelo restauro daquele monumento, que o Estado não soube cuidar.
Ali, depois de espoliado pelo estado, votado ao abandono e decrépito, foi novamente entregue ao Patriarcado (para cuidar dele), e a verdade é que está tudo a ser restaurado devidamente, salvo a igreja que, por culpa do IGESPAR, que que umas janelas "xpto", não deixa a obra avançar.
Não conheço o projecto desta nova igreja; o envidraçado, deve ser, em termos energéticos, uma má solução; mas a critica parece ser mal direccionada no que respeita á manutenção do património por parte daquel instituição:
Tomara o estado ser tão responsável na manutenção do nosso património!!!

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Paulo,

também eu considero a sua crítica à falta de obras de conservação por parte do Patriarcado muito irreflectidas e francamente injustas. Caso aprofunde mais o assunto vai perceber que as igrejas e monumentos que estão ao cargo da igreja estão, imcomparavelmente, melhor cuidadas e preservadas do que aquelas que estão à guarda do Estado e que, pertencendo ao povo português - estas afirmações valem o que valem - são profundamente negligenciadas.
Os esforços que as paróquias e irmandades fazem para manter o seu património é hercúleo visto não disporem de muitos recursos mas mesmo assim fazem-no. E esta situação reflete-se por todo o país! Se o Estado optar por devolver aquilo que nacionalizou à Igreja movido por pura ganância e ideais de modernismo esclarecido, tenho a certeza que haveriam muito poucas igrejas em estado miserável como a de Santo António de Campolide.

Anónimo disse...

Realmente o que Portugal precisa mais é de igrejas feitas e restauradas pelo Estado, visto que o número de hospitais, escolas, equipamentos diversos excede largamente a procura...

António Trigo Teixeira disse...

Ao menos no Parque das Nações pensam fazer a igreja. No alto do Parque Eduardo VII (onde D. António Ribeiro rezou uma missa campal) e o espaço chegou a estar vedado com placas que diziam: "futura basílica de Sto António" só construiram o parque de estacionamento!

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Anónimo das 3:49,

Enquanto na mentalidade de um povo houver uma separação entre Cultura e Saúde ou entre Educação e Património vamos continuar a viver num país que não respeita o seu património, a sua história, a sua identidade e que justifica deixar degradar o que seria suposto as gerações vindoras também herdar.
O estado deveria ter recursos para cuidar de todas essas áreas sem descurar nenhuma já que parece ter dinheiro suficiente para esbanjamentos e utilização irracional de recursos. Projectos que não se concretizam mas que já custaram milhões, só no papel; alguém se lembra de alguma situações destas? Eu estou com o dedo no ar e consigo, assim de memória, lembrar-me de umas quantas.
Pensa então o leitor anónimo que o Estado deveria deixar cair o património uma vez que precisamos de escolas e hospitais e, segundo o seu argumento, ou é um ou é o outro?

Arq. Luís Marques da silva disse...

... e por isso, porque a mentalidade é a do despotismo "mal iluminado", nacionalizaram-se os bens e agora que está tudo a cair e há uns tantos que querem aproveitar-se disso, inventa-se uma Lei para alienar património, sem quaisquer salvaguardas nem contrapartidas válidas...

Anónimo disse...

criticar esta igreja é como criticar a transferência do cristiano ronaldo.

se as organizações têm dinheiro, gastam-no.

não pdoemos ter uma visão de que o dinheiro deve ser para isto ou aquilo, porque o mundo não fuciona assim, na persepctiva comunistas que, como se sabe, não funciona.

Alexandre Marques da Cruz disse...

É uma questão de justiça que se devolvam bens que foram nacionaizados aos seus proprietários originais ou herdeiros.
A nacionalização baseia-se num princípio de bem comum: o que poderia servir a todos com distinção não deve ser usufruido só por um. Mas que vantagem traz à colectividade a depauperação, abandono e negligência do património? E temos inúmeros e incontáveis casos onde isso acontece, mesmo com Monumentos Nacionais. Quem pensa que o Convento de Cristo em Tomar, MN e Património da Humanidade está em boas condições de conservação? E o Palácio da Ajuda. Quando temos um Estado que se iliba das suas funções mais vale que privados e Igreja vejam devolvidos bens que lhes pertenceram. Fosse outro o Estado e as premissas das nacionalizações cumpriam-se e eu estaria na primeira fila dos que as defendem.

Arq. Luís Marques da silva disse...

Caro Alexandre
Concordo com tudo o que aqui escreveste e não lhe acrescentava nem retirava uma vírgula.
Não posso, no entanto, deixar de salientar que a legislação que se prepara na forja, para a alienação dos bens públicos e classificados, não é, em si mesma, a forma de resolver esse problema da ruína do nosso património.
A Lei da alienação do patrimonio, não é para resolver a legítima devolução dos bens nacionalizados aos particulares; esses também eu concordo que sejam devolvidos, dentro de certos e determinados parâmetros e com algumas restrições, claro está.
O que está aqui em causa, é a alienação de bens nacionais, que nunca pertenceram a privados, que foram herdados ou legítimamente adquiridos pelo estado (pagos por todos nós), e que agora servem para o negócio das pousadas e hoteis de "charme".
Esse sim é um problema a que todos devemos estar atentos, sob pena de vermos tudo entregue ao desbarato, sem medidas preventivas, nem acautelas necessárias para um património que deverá ser sempre de todos.
A questão do estado não se poder substituir aos privados nestes tipos de negócios, também não é assim tão linear:
As "Pousadas de Portugal", que estiveram e muito bem, durante anos a cargo da ENATUR, foram um exemplo de sucesso, enquanto devidamente geridas. Depois, interessou deixar caír o negócio, justificando-se assim,a sua transferência para certo grupo.
Então, fala-se em gastar 30 milhões, num novo museu dos coches e depois, não há dinheiro para recuperar património? Falaste na Ajuda? É vergonhoso deixar aquele palácio nacional no estado em que está.
E S Vicente que só foi entregue (e bem), ao patriarcado, porque havia risco de ruína?
Parece-me que sobre este assunto, muito ainda deverá ser explicado.
Cumprimentos

Alexandre Marques da Cruz disse...

Caro Arq. Luís,

também o seu comentário faço meu. Quando mencionei aqueles dois monumentos, porventura nacionais, não quis, de forma alguma, incluí-los nos edifícios a devolver a particulares. Que país este onde monumentos nacionais e de interesse público notório seriam privatizados? Incluo, sim, conventos, igrejas e mosteiros que saíram da propriedade da Igreja, Ordens e de Irmandades que teriam, ainda hoje, a mesma função ou outra com igual relevância. Incomoda-me algo saber que uma igreja ou basílica, que vê a sua razão no culto, ainda que tenha interesse arquitectónico - e a maioria tem-no por definição - é da propriedade do Estado - LAICO - que ainda para mais se afasta da sua obrigação de proprietário de a conservar e manter.
Quanto ao Palácio da Ajuda é absolutamente incompreensível que a situação de "inacabamento" e deficiente conservação da área museológica se mantenha desde há anos. É um facto que nos devia envergonhar a todos uma vez que é usado como sala de recepção e jantar para os visitantes estrangeiros que ficam com uma ideia de Portugal nada lisonjeira - infelizmente na minha área já ouvi comentários nesse sentido. O Palácio Nacional de Queluz onde ficam hospedados os Chefes de Estado que nos visitam tem a sua área de hóspedes indigna de receber presidentes e reis de todo o mundo mas os nossos responsáveis parecem imunes a estes pequenos pormenores.

Anónimo disse...

MAS A IGREJA PASSOU A SER UM NEGOCIO?

6 milhões de euros gastos numa Igreja.

Isso dava para alimentar meio mundo, tirar crianças da pobreza, etc, etc, etc


JESUS, QUANDO VEIO AO MUNDO, NAO VEIO COM MILHOES MAS SÓ COM ALGUNS TOSTÕES...

Ai - a - Tola disse...

Ó meu amigo, quando qualquer um vem ao mundo vem nú e sem nada!
Em todo o caso já que quer referir a Bíblia leia os Evangelhos na parte em que Cristo contraria um dos seus discípulos que se mostra contra o "desperdício" de perfumes que a mulher verte sobre Ele com o argumento de que com a venda desses perfumes poderiam alimentar os pobres. Lembra-se o que Cristo disse?
Pois é o mesmo que se pode dizer a si!
Quanto o Sr. dá para ajudar a a alimentar os pobres, se me permite a pergunta?

Anónimo disse...

Salvador
Bem respondido...

Anónimo disse...

Não é uma grande contradição aqueles que fazem tanta defesa do património privado queiram que o Estado faça as obras?
Sabem quanto recebe a igreja católica do estado todos os meses para fazer caridade a meio tempo quando este devia fazer era justiça a tempo inteiro?
Onde estão publicadas as contas da Igrejas (católicas e não só)?
Quanto arrecada o Vaticano directamente de Fátima que poderia servir para esses restauros?
Estamos a falar de novas igrejas e não de património. Sejamos sérios na argumentação!
Para que servem as igrejas senão para o culto? Quantos usufruem delas? Que percentagem da população?
Falam de nacionalizações. Quais? Onde? Por quem? Quando? Sejamos sérios e não metamos tudo no mesmo saco.

Alexandre Marques da Cruz disse...

«Falam de nacionalizações. Quais? Onde? Por quem? Quando? Sejamos sérios e não metamos tudo no mesmo saco.»

Não desconhece o leitor,por ventura, o momento alto da nossa história do Séc. XIX em que as ordens foram extintas e os seus bens nacionalizados. É bem conhecido o caso do Mosteiro da Batalha, hoje o expoente máximo do nosso património e lugar obrigatório de visita turística, que ao ser nacionalizado e consequentemente vendido, foi alvo de um desmantelamento progressivo para uso de materiais de construção, desmantelamento esse travado por D. Fernando II que, de cabelos em pé, exigiu a sua preservação. Ou a Custódia de Belém, tesouro maior da ourivesaria portuguesa, que estava guardada num cofre do Tesouro pronta a ser derretida para fazer moeda.

« Não é uma grande contradição aqueles que fazem tanta defesa do património privado queiram que o Estado faça as obras?»
Penso que não terá compreendido o meu argumento: o estado é o efectivo proprietário de igrejas, mosteiros e conventos que nacionalizou e falha em manter conservadas. Fossem esses edifícios da Igreja, que não são, e a situação seria diversa, concerteza.
«Quanto arrecada o Vaticano directamente de Fátima que poderia servir para esses restauros?»
Penso que a Reitoria do Santuário de Fátima será a entidade ideal para responder à sua pergunta mas não creio que seja o Vaticano a lucrar com o Santuário de Fátima. Penso que tem uma visão americano-corporativa da Igreja e a realidade é diversa.

Anónimo disse...

O estado não cumpre porque a maior parte dos responsáveis políticos não cumpre. Mas não cumpre aqui, como não cumpre em outros assuntos. Nunca seria esta a falha maior.
Portanto responsabilizar sim, mas com endereço.
Quanto a benefícios esta mos conversados. Expliquem-me por exemplo porque é que há-de ser a igreja beneficiada com o monopólio das casas mortuárias (até se diz "capelas") e o Estado, que é laico não as tem, como em qualquer país civilizado?
Medo... Medo de ofender a Igreja e retirar privilégios...

Jesus disse...

Que sejam as igrejas a preservar e restaurar os sus imóveis e sejam os crentes a sustentá-las.
Que se acabe coma as isenções de impostos às igrejas que sobrecarregam os impostos dos contribuintes.
Se o Estado tem dinheiro de sobra para gastar em restauros, conservação e operacionalidade de imóveis dum estado estrangeiro, o Vaticano, que o use na melhoria da qualidade da saúde, no ensino público, na melhoria das reformas dos mais necessitados, etc.