Um amigo alemão, que trabalha numa cidade e vive de 5ª a 2ª noutra cidade a 300km, explica assim porque não viaja de transportes públicos entre um local e o outro:
Eu tenho que mudar duas vezes de comboio e depois ainda apanhar um autocarro para chegar a casa. Eu bem preferia ir de comboio porque iria a ler, agora assim acaba por não dar jeito.
Façam agora um exercício. No Google Maps, procurem a distância a pé entre "Lisboa" e "Gare do Oriente". São 7,5km! Agora tentem descobrir outra cidade onde a distância seja maior. Eu tentei uma série de cidades semelhantes, e tudo caia entre os 0,2km de Bruxelas e os 3,1km de Barcelona. Isto significa que a localização da nossa principal estação de comboio obriga a mais mudanças e mais incómodos para os seus utentes. Isto implica menos utentes, mais tempo perdido, mais dinheiro desperdiçado em maus investimentos.
Reparem que o alemão não contabiliza as viagens de transportes públicos com o tempo de viagem ou o dinheiro gasto, mas o número de mudanças. Muitas páginas de planeamento de viagens em transportes público referem para lá do tempo de viagem, o número de mudanças modais que temos de fazer. Todos que andamos de transportes públicos sabemos que este número é fundamental. É mais um horário a fixar e compatibilizar, maior a probabilidade de falhar uma ligação, mais um bilhete a comprar, mais um incómodo, mais um levantar, mais um caminhar, mais uma procura do próximo transporte, mais uma espera, mais uma procura de um lugar, etc. Só refiro o alemão porque no caso dele não se trata de falta de frequência ou de pontualidade dos transportes que acontecem muitas vezes por cá. Ter que mudar é pura e simplesmente tão ou mais inconveniente como demorar mais meia-hora.
Mas nada disto é óbvio para muitos decisores políticos que raramente saem do seu automóvel com motorista. Só assim se explica absurdos como o comboiozinho fantasma do Isaltino em Oeiras; o facto das infra-estruturas do metro de Lisboa, o comboio na ponte e o metro da margem sul serem incompatíveis - o que signfica que o sistema à partida obriga a grande maioria das pessoas a apanhar 3 vezes um comboio e que tal nunca poderá ser mudado; a criação de um trolley/metro de superfície na Amadora (depois de várias ameaças, foi finalmente anunciado) independente dos outros sistemas já existentes, que por ser independente nunca poderá ser fisicamente integrado nas outras redes ferroviárias existentes (já vamos em quantas?) na Grande Lisboa. Os utentes não querem 5 sistemas que os obriguem a 5 mudanças. Mesmo que demorasse mais, o fundamental é manter a simplicidade do sistema.
E agora que o TGV está em banho-maria, que tal reanimar a discussão sobre a Estação Central de Lisboa no Rego?
23 comentários:
Em que consiste esse projecto?
É possível a esua execução?
Já me aconteceu perder um comboio para o Porto porque a CP naquele dia não passou um que estava no horário e embora tentasse outras alternativas (ir até ao Rossio e apanhar o metro até Santa Apolónia e correr que nem uma louca) acabei por perder o comboio e ter de pagar mais. A CP não se responsabilizou. Entre duas e três trocas é possível, desde que estejam completamente coordenadas (um comboio não sair sem o outro chegar), o que acontece pouco, tanto dentro da CP como entre CP e Metro.
Este post está cheio de equívocos.
Se bem me recordo os argumentos contra a gare do roeinte, como estação central de lisboa são a falta de estacionamento e o facto de estar numa zona já saturada de trânsito e serviços.
O Rego, além de ser em pleno centro da cidade, iria sobrecarregar a linha de cintura, não havendo espaço para mais linha convencional e muito menos de alta velocidade.
A alta velovidade, para entrar em lisboa e seguir para o norte, nãoi pode ir ao rego e voltar para trás.
Os transportes em lisboa não são incompatíveis. estão mal articulados o que é diferente. Por isso é que a autoridade metro+politana de transportes de lisboa foi criada este ano: para conjugar empresas e a dministração e ter os transportes sobre a mesma batuta.
o comboio do isaltino é fantasma porque não está completo. vai de uma etsação de comboios para lugar nenhum. se ele for estendido ao tagus park e linha de sintra, ganhará massa critica.
quanto á ligação do metro de lisboa com o metro da margem sul a ideia não é mas é cara. Imagino o que o PSD diria: é preciso investir é na linha para trás o sol posto...
e o importante é compatibilidade de modos de transporte. é impossível, em qualquer lado, fazer um percusrso em apenas um modo de transporte. tudo o que diga em contrário é pura fantasia.
em lisboa da gare do oriente para o centro, de metro, faz apenas uma mudança de linha. de autocarro é directo-
da linha de sintra vai directo e de cascais faz duas mudanças.
da margem sul, pode fazer uma ou duas mudanças.
madrid tem dos melhores sistemas de transportes do mundo e se eu quiser ir do aeroporto á gran via, faço 3 mudanças. isso é mau?
claro. vou mandar fazer um metro só para mim.
Já agora, quem tem de fazer o percurso Gare do Oriente - Terreiro do Paço - Av 24 de Julho, etc, é sujeito actualmente a que demoras e desvios, e de uma maneira completamente irracional e inútil???
Adenda: e tanto faz a Gare do Oriente como Santa Apolónia.
oriente, terreiro do paço faz-se com duas mudaça de estações de metro e de autocarro é apenas uma linhas.
se for de santa apolonia ao terreiro de paço é apenas uma linha de metro.
se for para av. 24 de julho, é apenas uma linha de autocarro e uma mudança de linha de metro.
claro. o melhor seria ter uma unica ligação do ponto de partida ao ponto de chegada.
dá milhões de combinações.
Pensava que se podia sair em Santa Apolónia....
Experimentem andar com umas malas de viagem nessas estações e nessas linhas e nesses autocarros...
Vê-se mesmo que nunca o fizeram.
Mas como é que é possível estarmos sempre a discutir a mesma coisa...?
O que nesta altura devia estar a ser ponderado era a expansão do metropolitano de Lisboa dentro da cidade.
Isso sim, tudo o resto é pura perca de tempo.
a expansão do metro dentro de lisboa vai ser anunciada em agosto...
tens um amigo alemão. óptimo. eu quando vou ao Porto sózinho, vou sempre de comboio pois fica mais barato que a gasolina + portagem. eu vivo no centro e é muito fácil: a pé até ao metro (linha azul), daí até Santa Apolónia e depois direito ao Porto no Alfa ou inter-cidades. se vou com a mulher e filhos então vou de carro pois nesse caso já compensa para além de que em geral tenho mais tralha para levar. portanto onde está a complicação?
Gostava de colocar uma questão aos moderadores do blog.
Sendo o Paulo Ferrero candidato a Vereador integrado numa lista do PS, o mesmo por questões de ética, não deveria deixar de ser moderador deste blogue e passar apenas a colaborador, parece-me o mais correcto e integro, pois não é possivél estar nos dois lados da barricada.
Cumprimentos
Não acho que os transportes dentro de Lisboa sejam maus, agora dos subúrbios uns para os outros é que é praticamente inexistente, se quisermos ir da Linha de Sintra, seja de que estação for, para a Linha de Cascais, há um ou outro autocarro que demora quase 2 horas de uma ponta à outra, é inadmissível, percebo que as pessoas de todas aquelas terrinhas por onde passa o tal autocarro, precisam de transporte, mas parece-me que poderia haver mais opções.
Quanto ao "eléctrico" que querem fazer passar por toda a cidade da Amadora e acabar no Hospital Amadora-Sintra é surreal, 1º aquele hospital serve toda a linha de Sintra, pouca gente vem de Lisboa para aquele hospital.
Para além disso, a Amadora já tem tanto trânsito que isto fazer alguma coisa à superfície, não ia melhorar nada.
o electrico irá ligar a amadora e o centro comercial dolce vita e depois até odivelas.
o metro de lisboa é que irá da amadora este, servindo toda a amadora até ao hospital.
a amadora é tão densa como lisboa, pelo que o metro servirá para pequenas e grandes deslocações, como em lisboa e ainda servirá as estações ferroviárias, zonas comerciais e o hospital.
O que vemos neste blogg é o retrato da confusão entre Lisboa e a periferia.
Porque Lisboa cresce sem plano e consequentemente, a periferia também.
Tudo cresce ao sabor da especulação imobiliária e portanto não havendo plano para a cidade também nunca haverá para os seus transportes.
Além disso acresce que a CML não tem mão nas várias entidades que nela intervêm.
O Metro , a CP , a APL (e já agora também a nova "Frente Tejo"...)são algumas delas,que todas mandam em Lisboa e que contribuem para o caos e para a falência em que a CML está (para além da falência polìtica,outra história).
Precisávamos de um Duarte Pacheco,outra vez,para resolver estas confusões.
conversa de café.
na bancada, todos sabem governar o país...
Anínimo das 5:19 PM
O equívoco deve estar na sua interpretação. Os argumentos apresetnados são meus. Se há quem tenha outros, ainda bem.
Rego: Claro que há falta de espaço, então e túneis? Há tanta cidade europeia que gastou milhões em túneis para manter a estação central no centro da cidade. Em Lisboa os túneis só servem para prolongar auto-estradas para dentro do centro?
COmpatibilidade: eu dizia compatibilidade física. As carruagens de uns nunca poderão ser usados nos carris dos outros. Estamos condenados a ter milhentos sistemas rodoviários paralelos na mesma área urbana.
De resto, peço que releia o post com atenção.
Quanto aos restantes comentários, peço que releiam o post.
Não está em causa a cobertura, mas o excesso de conexões que é preciso fazer no sistema de transportes em Lisboa.
De pouco serve haver uma linha de metro directa de 5 em 5 minutos. É mais uma conexão. Pensem quantas vezes disseram "mas para aí tenho que apanhar duas linhas de metros". Os sistemas que funcionam noutras cidades são simples: há um sistema ferrovário que cobre o centro e a periferia, e autocarros complementares. Em Lisboa temos CP, Metro, comboio do Isaltino, Fertagus, a nova linha na Amadora, etc.. muito bonito, mas exigem conexões.
madrid é igual e é dos melhores sistemas da europa
Mais uma vez nos transportes de Lisboa, fala-se de tudo menos da Carris!
Prefiro nem comentar a noticia...
Uma coisa é certa. Os comentadores do blog podem perceber de muita coisa, mas de transportes não percebem concerteza.
Prefiro não comentar, não vá eu voltar a ser insultado por quem nada percebe de transportes.
Mas é engraçado ler alguns comentarios, fazem rir quando a utopia é levada ao extremo, e não põe sequer a hipotese da malha urbana local, da topografia ou dos constituintes do solo serem compatíveis.
Então serem todos a favor do trolei (que é um autocarro, apenas tem um custo de instalação e manutenção bastante superior aos outros autocarros) e contra os autocarros convencionais...!
Talvez não se fale da carris porque, como veio ontem no Público, com uma velocidade média abaixo de 15Km/h até de charrete se chega mais depressa ao destino.
Pois, mas é só a primeira transportadora da cidade, a unica que cobre todos os locais e a que mais gente transporta.
A média total não interessa a toda as carreiras, muita são mais rápidas. A não ser que ache que é a mesma coisa circular no Castelo ou em Monsanto.
Evidentemente que sim. Não é a mesma coisa fazer-se transportar no autocarro 37 ou no eléctrico 12 para vir do Castelo à Praça da Figueira do que vir da Ajuda para o Cais do Sodré no 18 ou das Amoreiras para Entrecampos no 83. E tudo isso contribui para a média!
Dou-vos um exemplo. As carreiras 28 e 782 do Cais do Sodré ao Oriente tanto podem demorar 18 minutos como 30. Sendo a distância a percorrer de cerca de 10 kms, na pior das hipóteses a velocidade comercial é de 20 km/h. Muito acima dos 14 km/h da média.
Quanto à intermodalidade, não façam demagogias de trazer por casa a apregoar o fim dos transbordos. É impossível ter transportes directos de um ponto ao outro, pelo que aquilo que se exige é um bom funcionamento da rede intermodal tanto em acessos, frequências e em tarifas.
Os transbordos...bem, o que há a fazer é simplesmente acabar com os transbordos ridículos que além de roubarem tempo e dinheiro, roubam a paciência de quem se transporta. Um utente que vem do Porto e chega a Lisboa pelas 23:30. Sai da estação de Santa Apolónia e anda ali pelas paragens (que são de um lado e outro da estação) a ver qual é o primeiro autocarro para o Cais do Sodré. Depois de uma espera que pode alcançar os 18 minutos, são mais 8 minutos até chegar ao Cais do Sodré. E depois, mais uma espera que pode ir até aos 30 minutos para um comboio para Cascais!
Pena que nunca se tenha feito o prolongamento da linha de Cascais até Santa Apolónia para melhorar os acessos entre as linhas e os tempos de viagem. Mas, como não está feito, a Carris deveria melhorar esta importante ponte no centro da cidade com o objectivo de simplificar o acesso e reduzir os tempos de espera em qualquer período do dia.
E quem desce no Oriente num comboio de longo curso, pode ter que ficar 30 minutos à espera de um comboio para Entrecampos!
Já agora, consultem o mapa dos comboios de Cercanías de Madrid. Actualmente, entre as duas principais estações da cidade existem dois túneis ferroviários um dos quais passa pela Puerta del Sol, em pleno centro de Madrid. Com um comboio de Cercanías a cada 3/4 minutos permite a ligação entre as estações de Chamartín (onde partem os comboios para o Norte e Oeste) com a estação de Atocha (onde partem os comboios para o Sul e Levante). E ainda se está a fazer um novo túnel de Alta Velocidade para permitir serviços directos entre o Sul e o Norte da península!
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