29/10/2009

Cruzes, canhoto (2)




Estes candeeiros pindéricos, de fancaria, substituiram muito recentemente (aproveitando a recente campanha eleitoral) os de marmorite da Rua João Villarett e os que estavam junto ao Cinema King, prosseguindo assim uma empreitada que paulatinamente tem vindo a destruir património histórico de Lisboa (que é disso que se trata), ano após ano, bairro a bairro - lembro que a coisa começou há mais de 10 anos, mas tem vindo a agudizar-se mais recentemente, na zona da Av.Cinco de Outubro, por exemplo, para depois ser suspensa (por 3 vezes foi suspensa e por 3 vezes voltou a reacender-se, até que o foi definitivamente até há dias) na zona do Areeiro.

As desculpas tinham/têm sido sempre as mesmas: equipamento obsoleto, não respeito por normativas europeias, ameaça de tombarem sobre a via pública, portinholas estragadas com os fios à vista e, por fim, iluminam mal.

Bom, esqueceram-se/esquecem-se sempre de dizer que o equipamento nunca foi objecto de manutenção (nem sequer a companhia que o fabricava, e fabrica, foi contactada alguma vez para fazer a manutenção), os candeeiros de marmorite cumprem com os requisitos da Norma EN 40- Part 4-2005 (incluindo o requisito referente ao impacto, com um IK normalizado de 0,8), nunca houve qualquer registo de candeeiros a cairem sobre a via pública (mesmo com abalroamento de carros, eles resistem mais do que os de chapa galvanizada), as portinholas podem ser substituídas por modelos actualizados segundo os mesmos critérios das DMA-EDP, e aplicáveis a todos os candeeiros (basta para isso pedir a sua reparação), todos os modelos de mamorite (moldes de colunas e respectivos acessórios) têm vindo a ser adaptados na linha de montagem com vista a poderem ser introduzidas novos equipamentos eléctricos ("coffrets”, luminárias, etc…) de acordo com as DMA-EDP actualizadas, e que nos locais fora de Lisboa onde essa manutenção tem sido feita a população tem sido a primeira a elogiar.

Mas, esqueceram-se do essencial, sempre: os candeeiros de época são património da cidade e de todos nós. São além disso parte integrante do bairro em que se inserem. E isto tantos e aplica a candeeiros, como a colunas como a consolas. Há que ter respeito, bom senso e cuidado, portanto, quando se intervém na iluminação pública.

Lisboa está cheia de aberrações a esse nível: Praça Afonso de Albuquerque, Príncipe Real, Avenidas Novas, Alvalade são exemplos recentes.


É tempo de mudar!

4 comentários:

Arq. Luís Marques da silva disse...

Vai dar uma voltinha pela Rua Victor Hugo para ver o que por lá se está a fazer a este respeito.
É um escândalo!

Anónimo disse...

bem, eu não percebo assim tanto de candeeiros, mas o do Jardim das Francesinhas foram mudados por algo que me parece apropriado e provavelmente semelhantes aos originais. O Jardim do Príncipe Real vai ser requalificado em breve e, passo a citar, "A iluminação pública e ornamental será remodelada".

Colibri disse...

Saúdo o Paulo Ferrero e Marques da Silva pelas preocupações com a qualidade do espaço público de Lisboa. Reclama-se e os responsáveis da CML continuam a agir como donos e senhores de Lisboa. Como alterar o actual quadro de intervenção no espaço público de Lisboa?

Anónimo disse...

LOBO VILLA 29-10-09

É mais que óbvio que as mudanças dessa invenção dita de "mobiliário urbano" é simplesmente mais uma negociata,agora a cargo dos chamados "designers"( leia-se "Dizainars", uma nova raça de arquitectos frustrados, como é notório na Esperimente-o-Dizain,no Jardim de Santos !) e tanto faz que sejam candeeiros,como bancos como caixotes-do-lixo , é tudo sempre para mudar, porque há sempre um novo "cliente" que quer vender...(geralmente do partido,ou da Mota-Engil,ou outra).
O Património ? O que é isso ?? Que se lixe !.