24/11/2009

Candidatos a Prémios Valmor têm pouca qualidade arquitectónica

In Diário de Notícias (24/11/2009)
por Isaltina Padrão


«Ao longo de um século, foram 125 os edifícios que, em Lisboa, viram reconhecido o seu valor através da atribuição de Prémios Valmor e Menções Honrosas. Hoje, este é ainda um galardão que, segundo os especialistas, qualquer arquitecto ambiciona. No entanto, a qualidade da arquitectura premiada é muito questionada.

Instituído há mais de um século, o Prémio Valmor continua a ser um dos mais ambicionados por qualquer arquitecto que tenha obra em Lisboa, de natureza pública ou privada, apesar de, segundo alguns especialistas, vários edifícios deixarem muito a desejar em termos de qualidade. "A maior parte das obras candidatas ao Prémio Valmor tem pouca qualidade arquitectónica." A opinião é da arquitecta Teresa Lencastre, que desde 2003 tem vindo a coordenar o Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura.

O arquitecto Walter Rossa, que integrou o júri dos últimos prémios, partilha da opinião de Teresa Lencastre em relação à qualidade arquitectónica das obras sujeitas à apreciação. E não tem dúvidas em afirmar que, "de uma maneira geral, folheando os dossiers [dos candidatos], há muitos edifícios que não só não nos apetece premiar como gostaríamos que não tivessem sido construídos". No entanto, não hesita em dizer que, "não há nenhum arquitecto que tenha obras construídas em Lisboa que não ambicione o prémio. E quem já o recebeu deve sentir--se muito orgulhoso por isso".

A explicação é simples: o Prémio Valmor, atribuído pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), é um dos mais prestigiados ao nível da arquitectura em Portugal. E com uma mais-valia: "Este prémio, que visa promover e incentivar a qualidade da arquitectura, reconhece publicamente não só o trabalho do arquitecto como a do promotor imobiliário", frisa Teresa Lencastre.

Já Paulo Ferrero, do Fórum Cidadania Lx, considera que o Prémio Valmor "foi desvirtuado". E lamenta que alguns edifícios estejam em tão mau estado de conservação. "Basta olhar para a decadência do Clube dos Empresários (Avenida da República), que era a antiga residência dos viscondes de Valmor que dão nome ao prémio, para ver como estão a ser tratados os prémios atribuídos nas primeiras décadas do século XX", denuncia Paulo Ferrero, alertando a autarquia de Lisboa para a preservação destes edifícios.

Segundo Teresa Lencastre, estará para breve a revisão do regulamento de 2003 (que incluiu a arquitectura paisagística), e que, como já foi anunciado pelo presidente da CML, António Costa, contemplará a reabilitação urbana. Ao DN, fonte da autarquia, disse que a introdução desta vertente é compreensível, pois "é uma área que tem cada vez mais significado, nomeadamente no que toca à entrada de projectos de reabilitação/obra nova na câmara, que é cada vez maior.»

4 comentários:

J A disse...

"..há muitos edifícios que não só não nos apetece premiar como gostaríamos que não tivessem sido construídos..." ????

É que não percebi mesmo nada !?

Anónimo disse...

Não se preocupem que o panorama vai mudar:
-O conjunto Monumental da Agencia Europeia de Navegação e o Observatorio Europeu da Toxicodepêndencia no Cais do Sodré
Arq. Tainha
-O magnifico novo espaço público Terreiro do Paço- Arq Bruno Soares
-O barrote minimal de Belém Hotel Altis-Arq Manuel Salgado
-O nova fortaleza de Pedrouços a Fundação Champalimaud-Arq Charles Correia
-O magnifico Terminal de Cruzeiros em Santa Apolonia-Arq....
-O extraordinário mono do Rato-Arq. Valssassina e Arq Mateus
-A orgasmica Nova Igreja multiusos do Restelo-Arq. Troufa Real
-O novo complexo museológico do movimento em Belém (antigo museu dos coches) Arq. Rocha

Eis o nosso panorama.
Não se aproveita UM.

Anónimo disse...

Caro Júlio Amorim, acho que se estavam a referir aos prédios que mereciam o prémio "Valmau"

Anónimo disse...

a arquitectura "paisagista", caro Ferrero