23/08/2011

Buraco cultural da Câmara. EGEAC com prejuízo de mais de 9 milhões de euros

In I online (23/8/2011)
por Patrícia Rebelo

«À excepção do Castelo de São Jorge, todos os outros equipamentos geridos pela empresa municipal têm saldo negativo

A Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), tutelada pela Câmara Municipal de Lisboa, apresentou prejuízos de mais de 9 milhões de euros em 2010, segundo o relatório e contas da empresa.

Todos os equipamentos culturais sob gestão da EGEAC tiveram gastos superiores aos rendimentos, à excepção do Castelo de São Jorge. A maior despesa de quase todos os equipamentos sob tutela da EGEAC são com pessoal. O ano passado, os 183 funcionários custaram à empresa municipal um total de quase 5,5 milhões de euros.

O equipamento que mais gastou foi o Teatro Municipal de São Luiz, com contas negativas de mais de 2 milhões de euros. O pagamento aos trabalhadores contribuiu 39% para os gastos, a maior despesa da empresa. Segue-se outro teatro municipal, o Maria Matos, também com um resultado negativo de quase 2 milhões de euros - 38% dos gastos foram com pessoal. Nas contas da EGEAC pesa ainda o prejuízo do Museu do Fado, que apresentou cerca de 800 mil euros negativos, e onde a despesa com pessoal representou 35% do total.

Quase todos os equipamentos apresentaram contas negativas. É o caso do Cinema São Jorge, que teve quase 700 mil euros negativos. Mais de um terço dos gastos (38%) foram com os ordenados e outras despesas de pessoal, num total de mais de 250 mil euros.

Do outro lado da balança está o Castelo de São Jorge, o único a apresentar um saldo positivo, de mais de 2 milhões de euros. A venda de bilhetes para as visitas ao espaço levou a este resultado. Ao todo, os ingressos para entrar no espaço representaram 91% dos rendimentos, que ultrapassam os 4 milhões de euros.

Casos negativos Os casos dos teatros São Luís e Maria Matos e do Museu do Fado são os que mais pesam na factura da EGEAC. No entanto, há mais três equipamentos culturais com contas negativas. O Museu da Marioneta segue a tendência negativa e apresenta prejuízo de mais de meio milhão de euros, 40% de gastos com pessoal. A seguir no ranking, com um saldo negativo de cerca de 100 mil euros, segue-se o Teatro Taborda, cedido ao teatro A Garagem.

Por fim, o Padrão dos Descobrimentos registou contas negativas de 19 mil euros, sendo o espaço com menos discrepâncias entre gastos e receitas.

O Palácio Marquês de Pombal e o Palácio Marquês de Tancos, também geridos pela empresa, não constam do relatório do ano passado, pelo que não foram contabilizadas as contas destes espaços.

Porém, os gastos da empresa não ficam por aqui. A EGEAC é também responsável pela programação de vários eventos, como as Festas de Lisboa, Lisboa na Rua, Carnaval de Lisboa, Concertos de Natal, Música nas Praças, Rotas e Rituais, entre outros. Só as Festas de Lisboa tiveram um custo de mais de 2,5 milhões de euros. Destes, quase 300 mil destinaram-se à promoção do evento.

Estas despesas são responsáveis pelo facto de ser a área da cultura aquela que mais custa à câmara: 4,5 milhões em 2010. Além disso, a empresa municipal recebeu ainda mais de 8 milhões em subsídios da câmara. »

18 comentários:

Anónimo disse...

cultura não se pode, ou não se deve, medir assim, em números...

Anónimo disse...

É de uma grande falta de profissionalismo apresentar esta peça desta forma, pois em nenhuma parte se faz menção aos 15 milhões de receitas que esta empresa cultural obtem e ao esforço de gestão e equilibrio financeiro num contexto tão adverso como o meio onde se insere.
TRiste, muito triste!

Anónimo disse...

Pena a ministra Cristas não poder acabar com essa manjedoura barra sugadouro de dinheiro do contribuinte.

Luís Alexandre disse...

A cultura nunca deu lucro, mas é uma forma de enriquecimento e formação pessoal, pelo que muito desses gastos são um investimento.
No entanto, e exactamente por isso, as verbas devem ser maximizadas e as despesas contidas.
Não conheço a realidade da EGEAC, mas admito que necessite de uma reestruturação. Não se trata de nenhuma urgência hospitalar, por isso, pode ter menos pessoal e menos custos de funcionamento.

Anónimo disse...

Só em Portugal é que a cultura "não se pode medir assim". Em qualquer país civilizado estes Teatros e Museus já tinham sido privatizados ou os seus espaços permanentemente alugados. A cultura em Portugal tem que deixar de ser subsidiária ou Estado-dependente.

miguel disse...

a cultura é a eterna desculpa para tirar a todos para dar só a alguns. eu chamo roubo

Anónimo disse...

Não ficaram todos contentes quando mantiveram o S. Jorge que estava na cara nunca teria utilidade e muito menos rendibilidade?

Pois aí têm. O pessoal que dele se ocupa tem de certeza um dia-a-dia ocupadíssimo.

Paulo Ferrero disse...

Nada de meter o São Jorge no mesmo saco, ok? O problema ali é de má opções e logo de raiz: 1. devia ser objecto de contrato por objectivos com privado. 2. não pode querer ser tudo ao mesmo tempo e não ser nada.

Unknown disse...

acabe-se já também com a cultura que um povo culto não interessa ao capitalismo...

Filipe Melo Sousa disse...

mas qual prejuízo? todo o orçamento anual da EGEAC é prejuízo para os contribuintes

a empresa não tem receitas, só custos

Anónimo disse...

E que privado ia querer um monstro como o S. Jorge para lá perder o dele?

O S. Jorge é daquelas coisas que infelizmente não têm viabilidade nos tempos que correm.

Passe-partout disse...

Leio estes comentários e entristeço me com esta mentalidade provinciana que não entende que o turismo necessita de equipamentos culturais para dar receitas ao país. Se se fecharem museus e salas de espectáculo e monumentos nacionais, não há economia de turismo que resista. Aquilo que o estado "perde" na gestão destes espaços, ganha no dinheiro que turistas por cá deixam em refeições, estadias, transportes, etc... Para além de filisteus, não percebem como funciona uma economia de turismo.

Filipe Melo Sousa disse...

caro amigo, não tenho lições algumas a receber da sua parte. nem argumentos patéticos desse género. argumentar sequer que se pode reaver algum deste desperdício via receitas turísticas é tão descabido e impossível de comprovar que me fico por aqui

Anónimo disse...

embora o turismo seja uma das funções destes espaços/equipamentos não só isso que está em causa aqui. nem sequer devia ser a questão proeminente.

teatros e museus (e refiro-me não só ao conteúdo destes mas muitas vezes ao próprio edifício) são parte de um património cultural, histórico, social, etc.

e está, e deve continuar, acessível a todos.

e sim, deviam ser melhor geridos.

portugal atravessa uma grave crise cultural e nenhum político quer encara-la. nem sequer a menciona. este tipo de notícias são disso sintomáticas.

leftbrain disse...

olá. a egeac n se pode discutir na base do lucro. se a cultura desse lucro o belmiro tinha e os bancos também. se desse lucro estaria na lista das privatizações. o que é extraordinário é que é frequente achar-se quatro ou cinco euros caro p ver um espectáculo, e n se discutir pagar isso ou mais só para ter o carro estacionado. experimentem pensar: é de borla e não faz mal a ninguém.

Filipe Melo Sousa disse...

já vi que os burocratas que nos governam não querem discutir mesmo. açambarcam e impostos e toca a torrar. isto não é para ser útil, nem lucrativo. não se discute e pronto

Xico205 disse...

Luís Alexandre disse...
A cultura nunca deu lucro

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Conheço um homem-estátua que se farta de ganhar. Agora não tem tanta segurança porque anda a ser ameaçado pela máfia romena que anda na Baixa (dizem-se donos das actividades de rua) mas mesmo assim ele diz que ainda dá para viver disso.

Filipe Melo Sousa disse...

se não dá lucro, encerrem-na