
Por Ana Henriques in Público
Demolição de edifícios que constam do inventário municipal do património nem sempre é fácil
Os proprietários do prédio que ardeu na noite da consoada na Avenida Elias Garcia, em Lisboa, querem transformar o antigo edifício e os prédios vizinhos num hotel.
Um pedido de informação prévia que apresentaram à câmara em Abril prevê a demolição dos interiores e a manutenção das fachadas dos imóveis, parte dos quais constam do inventário municipal do património e dão já para a Avenida da República. Depois do incêndio, que se suspeita ter tido origem criminosa, não se sabe se será possível preservar as fachadas.
O técnico da autarquia que analisou o projecto há dois meses entendeu que ele é passível de contrariar o Plano Director Municipal, uma vez que nos edifícios desta zona da cidade apenas são permitidas obras de remodelação e ampliação "que não tenham subjacentes as mudanças de usos habitacionais em terciário".
"Tratando-se a proposta apresentada de uma construção nova, em virtude de apenas serem mantidas (...) duas fachadas principais", escreveu o técnico camarário, a transformação dos edifícios em hotel "não é viável" - a menos que sejam utilizados outros parâmetros de análise do PDM.
O valor arquitectónico dos edifícios - um dos quais foi desenhado por Norte Júnior - também foi uma questão levada em conta nesta avaliação do projecto feita dois meses antes do incêndio. A demolição de edifícios constantes do inventário municipal do património só se pode fazer mediante uma autorização especial da câmara. "Terá que ser realizada uma vistoria", refere o parecer de Outubro. O pedido de transformação desta parte do quarteirão entre a Av. da República e a Elias Garcia em hotel foi feito por um empresário de Braga, Rui Anjo, que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar.
---------------------------------------------------------------------------------------------
Mais uma vez um técnico tentou defender, através do seu parecer, a Lei.
Esperem até o novo P.D.M. ser implementado...
Manuel Salgado tem que definir em público de forma clara e definitiva qual é a sua estratégia para a Reabilitação Urbana das Avenidas.
Depois destes acontecimentos e perante as denúncias feitas vezes sem conta neste “blog” do que está a acontecer ... e do que se prepara ... ilustrado pelas fotos publicadas dos pedidos de Licenciamento e propostas de Demolições Integrais Sistemáticas dos Interiores para dezenas de edifícios com Valor Patrimonial nas Avenidas... perante este “Holocausto” Patrimonial ... temos o direito não só de “pedir” explicações e definições ... claras e não evasivas ... mas ... de as exigir !!
Esta é a sua responsabilidade como Vereador e Estratega perante os cidadãos e os eleitores de Lisboa!
Qual é a posição do Sr. Presidente da C.M.L. perante estes acontecimentos e qual é a sua visão para o Futuro da Reabilitação Urbana.?!?
António Sérgio Rosa de Carvalho.
4 comentários:
Acho que este vereador já definiu a sua "estratégia" vezes sem conta.
Salgado, Napoleão, Seabra & Co....em que clube jogará o próximo?
ue nos edifícios desta zona da cidade apenas são permitidas obras de remodelação e ampliação "que não tenham subjacentes as mudanças de usos habitacionais em terciário".
"Tratando-se a proposta apresentada de uma construção nova, em virtude de apenas serem mantidas (...) duas fachadas principais", escreveu o técnico camarário, a transformação dos edifícios em hotel "não é viável" - a menos que sejam utilizados outros parâmetros de análise do PDM.
Muita incompetência junta! Este PDM seja o velho ou o novo é um desastre. Note-se e compare-se com a Baixa Pombalina ou construção má dos anos 20 a 40 com a gaiola pombalina.
Ou seja, alguém estrategicamento deitou fogo ao prédio e agora espera que os vizinhos se vão embora para ficar com tudo.
Anónimo disse...
Ou seja, alguém estrategicamento deitou fogo ao prédio e agora espera que os vizinhos se vão embora para ficar com tudo.
5:01 PM
...............
Boa conclusão, só é pena ter vindo com tantos dias de atraso. Ainda o fogo estava a acontecer e qualquer perspicaz via isso.
Enviar um comentário