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Dr. António Costa
Serve o presente para congratularmos a CML e V. Exa. em particular pela recuperação do Arco da Rua Augusta e da estátua de D. José I, dois restauros que tardaram muitos anos para acontecer e que não podiam tardar mais. Lisboa agradece, e ninguém poderá dizer o contrário.
Com efeito, nós próprios pugnamos por ambos os restauros desde a nossa fundação, i.e., desde há 11 anos a esta parte. Inclusivamente, criticámos severamente as instâncias estatais responsáveis por ambos os monumentos quando por diversas vezes anunciaram publicamente datas e orçamento para o restauro do Arco Triunfal, por ex., para logo a seguir as datas e as verbas se esfumarem como por encanto.
O estado físico quer do Arco quer da estátua era a todos os títulos deplorável e confrangedor para a cidade e para todos, pelo que o seu restauro, melhor dito, a devolução de ambos a um estado de decência mínima é uma vitória da CML (e da ATL), em primeiro lugar, mas também é da cidade.
Pelo facto apresentamos os nossos agradecimentos.
No entanto, cumpre-nos apontar alguns pormenores que, não parecendo, se revestem de grande importância para quem esteja atento aos detalhes:
1. Arco da Rua Augusta
1.1. Pombos - Não entendemos como não se colocou nenhum dispositivo que evite ao máximo a presença de pombos, o que nos faz temer pela necessidade de nova obra a muito curto-prazo.
1.2 Caixa do elevador - Não entendemos como não se projectou de outra forma o encaixe do elevador de acesso à sala do relógio, de modo a evitar-se a presença daquele imenso elemento espúrio (ainda que rebocado a branco para se confundir com a pedra...) no topo do telhado a tardoz do edifício do STJ.
1.3 Esculturas - Tememos pelo efeito corrosivo a médio prazo na pedra da colocação durante a obra de pregos e acoplados metálicos aos elementos escultóricos do Arco a fim de um mais fácil manuseamento dos andaimes então montados.
1.4 Lajes - Não entendemos a precipitação em substituir-se os losangos em mármore partidos sob o Arco por laje em lioz de tez esbranquiçada, o que provoca uma indisfarçável dissonância com o resto do piso e que, a nosso ver, não é consentâneo com a envergadura que se pretende de toda a operação de restauro.
1.5. Miradouro - Sugerimos a substituição dos corrimãos em aço inoxidável, existentes no troço sala do relógio-miradouro por outro tipo de material que seja mais resistente ao calor (sob a acção directa do Sol vai ser difícil alguém segurar-se-lhes...), e apelamos ao bom senso de V. Exa. para se evitar a tentação de ali se vir a abrir qualquer tipo de esplanada.
1.6 Relógio - Regozijamo-nos com o novo ímpeto dado pela CML (ATL) ao restauro do relógio e ao mecanismo do sino, mas chamamos a atenção para a necessidade de, a curto-prazo, a CML (ATL) ter de providenciar uma nova desmontagem de todo o mecanismo do relógio a fim de se corrigirem as deficiências herdadas e proceder à inevitável remontagem minuciosa do mesmo e à efectiva calibragem dos ponteiros, para que o relógio não volte a estar em perigo de ruptura a médio-prazo com tem estado desde o célebre 'restauro' de há nem 5 anos.
2. Estátua de D. José I
Continuamos sem compreender como é que neste caso (não estamos perante esculturas da Antiguidade...) não foram recuperados os elementos decorativos em falta/mutilados do conjunto alegórico da base da estátua (fotos em anexo, por Miguel Jorge), elementos que, recorde-se, não foram quebrados ou vítimas da ferrugem há centenas ou milhares de anos, mas selvaticamente mutilados ao longo dos últimos 20 anos.
A nosso ver, esta era/é a oportunidade certa para se refazer os dedos quebrados, a trompa, os arreios, etc. - recorde-se, a este propósito, que com o crescendo da delinquência (e não sanção dos delinquentes), a partir de agora, se abre um grave precedente: a cada escultura que se parta ou roube um elemento decorativo, nada será reconstituído.
Apelamos a V. Exa. a que reveja esta situação, a fim de podermos ter esperança de que não só a nossa melhor estátua como todas as outras estátuas mutiladas na via pública de Lisboa num passado recente (Marquês de Pombal, Largo da Armada, Entre-Campos, etc.) possam voltar ao seu esplendor.
Na expectativa, aceite os nossos melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Luís Serpa, Pedro Formozinho Sanchez, Pedro Fonseca, Fernando Jorge, Jorge Lopes, Rossana Ballabio, Luís Marques da Silva, Jorge Lopes, Carlos Matos, Nuno Caiado, Júlio Amorim, Virgílio Marques e Miguel de Sepúlveda Velloso
1 comentário:
Não li uma palavra sobre a estátua!
A CML não direcionou o pedido de informação do Cidadania para a ATL? Começou o ping-pong das responsabilidades! Não seria bom reenviar esta carta à CML para ela se decidir quem tem responsabilidade por esta intervenção?
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