16/10/2013

Apelamos à DGPC para agir sobre a Garagem Liz (Rua da Palma/ Avenida Almirante Reis)


Exma. Senhora
Directora-Geral do Património Cultural,
Dra. Isabel Cordeiro


C.C. SEC, PCML, AML, Media

No seguimento de outras mensagens recentemente enviadas a essa Direcção-Geral, somos a solicitar a intervenção dos serviços que V. Exa. dirige no sentido de instarem o proprietário da Garagem Liz, sita na Rua da Palma, nº 265-281, em Lisboa, e Imóvel de Interesse Público desde 1983 (Diário da República, I Série, n.º 19, 24 Jan.), a executar (com base no disposto no Artigo 21º, ponto 2, alínea b) da Lei nº 107/2001):

1. As medidas de protecção e salvaguarda necessárias a que este ainda valioso edifício, praticamente genuíno e ainda votado à sua função original (garagem e comércio), mesmo que em estado de pré-decrepitude e com vários dos seus elementos mutilados ou feitos desaparecer ao longo das últimas duas décadas, possa resistir às intempéries e a eventuais roubos e/ou actos de vandalismo.

2. As necessárias obras de conservação e recuperação que um imóvel desta importância exige, compreendendo a reposição dos elementos feitos desaparecer durante os últimos 20 anos, como sejam o relógio da fachada, muitos dos vidros das estruturas geométricas decorativas, etc.

Recordamos que este edifício, que data de 1933 e foi concebido pelo Arq. Hermínio Barros e o Eng. Jayme Real, é um dos expoentes máximos da arquitectura modernista de Lisboa, mais propriamente da arquitectura de transportes, inserindo-se com naturalidade no meio urbano, outrora de grande riqueza histórica e arquitectónica, e que aliás a Câmara Municipal de Lisboa muito recentemente tem vindo a reiterar ser sua prioridade em matéria de política de reabilitação urbana, naquilo que vem designando, e bem, por Eixo Prioritário da Almirante Reis (e nesse sentido enviamos cópia deste e-mail à CML).

Considerando que a cidade e a generalidade dos lisboetas ainda não prestam a justa atenção ao património do Movimento Moderno, é pois da maior urgência que a Direcção-Geral do Património Cultural contribua, activamente e de forma pedagógica, para a salvaguarda destes bens culturais no nosso património mais recente, aproveitando a oportunidade de marcar a diferença e de agir, dando corpo às competências que a Lei lhe atribui:

«Assegurar a gestão, salvaguarda, valorização, conservação e restauro dos bens que integrem o património cultural imóvel, móvel e imaterial do País, bem como desenvolver e executar …assegurar o cumprimento das obrigações do Estado no domínio do inventário, classificação, estudo, conservação, restauro, protecção, valorização e divulgação do património cultural móvel e imóvel…»

Com os melhores cumprimentos


Bernardo Ferreira de Carvalho, António Araújo, António Branco Almeida, Nuno Caiado, Fernando Jorge, Cristiana Rodrigues, Miguel de Sepúlveda Velloso, Rui Martins, José Filipe Toga Soares, Luis Rego, Virgílio Marques, Júlio Amorim , Carlos Matos e Beatriz Empis

Foto: Site CML

1 comentário:

Anónimo disse...

Existiu Cinema na Rua da Palma, existiu o Teatro Laura Alves e lá mais no Martim Moniz o Teatro Apolo. Este foi arrasado quando se eliminou essa correnteza que não estará de todo mal dito, a correnteza de prédios desapareceu, mas não nos esqueçamos do subsolo, porque por ali passava o regueirão dos Anjos, não gostam do nome? talvez ribeira seja mais elucidativo.
Fez-se o "Largo" do Martim Moniz, mas algum idiota tinha a ideia que era abrir a Rua da Palma até à Praça da Figueira.
Mas isso não aconteceu e não vem ao caso, agora, fazer essa História.
O facto é que aquela zona da Mouraria não merece espaço cultural.
O Laura Alves virou loja de chinês e agora a Garagem?
Agora que o Costa está próximo, alguém lhe venda a ideia que não deve ser demolida e que talvez se faça mais uma tentativa para ocupar o espaço com um equipamento cultural.
Quanto filmes para crianças se viram no Cinema Lys.
Hoje o que lá está?
Mas o Salgado deverá querer um projecto com andares e não um barracão sem dignidade como uma Garagem.