Três aspectos de três diferentes túneis em Bruxelas. Esta área corresponde à antiga cintura de muralhas da cidade e define um dos limites do centro histórico. É hoje uma autoestrada de quatro faixas, com inúmeros túneis que trucidaram as avenidas, são autênticas barreiras intransponíveis, com um ruído ensurdecedor nas poucas alturas em que os túneis não estão completamente engarrafados. Afinal o problema que queriam resolver , foi agravado, cada vez mais carros no centro da cidade.
Para que esta linda obra fosse feita, foram arrasados quarteirões inteiros, modificaram-se frentes de rua, alterou-se para sempre o perfil da cidade e a forma como as pessoas a vivem. E pior, nas palavras da responsável pela mobilidade, metade do orçamento à sua disposição vai inteirinho para a manutenção de uma das maiores redes de túneis rodoviários da Europa.
Numa altura em que se discute uma das melhores ideias que a CML teve nos últimos tempos, o reordenamento do eixo-central das Avenidas, com mais árvores, mais espaço para os peões, mais vida para uma zona a precisar urgentemente de uma redignificação, vem alguns, moradores incluídos, resgatar a sinistra ideia de Santana Lopes que defendia a construção de mais um túnel, desta feita sob o Saldanha.
Não falando sequer dos custos para uma obra faraónica e inútil, um túnel acabaria por completo com o que resta do carácter fim-de-século e patrimonial das Avenidas Novas. E isso não deveremos permitir. |
5 comentários:
Como seria se não se tivessem feito esses túneis em Bruxelas? E não venha com mais transportes públicos porque, se há tantos engarrafamentos, já deviam ter posto a funcionar. Ou já existem.
E em Lisboa, não há mais túneis? Campo Grande, João XXI, Av. da República, só embelezam e são úteis porque foram feitos pela "esquerda"?
Reagindo a Hugo Correia a qeum agradeço o comentário
De qq forma não o percebo muito bvem. Transportes colectivos, claro. A mesma Bruxelas dos túneis, invistiu, recentemente, milhões de euros em linhas de comboio de proximidade, na renovação e extensão das linhas de eléctrico, etc.
Os túneis, não foram a solução para "desengarrafar" a cidade. Utrecht no seu centro histórico livre de carros, é uma zona pedonal vivida e procurada. O mesmo é váido, em grande medida, para Gand e Antuérpia,as quais felizmente não copiaram o modeloi de Bruxelas.
Sim mais transportes de proximidade, mais alteração de hábitos se quisermos cidades mais ecológicas .
Não em Lisboa, não há mais túneis do que em Bruxelas. Foram construiídos numa altura em que o urbanismo os defendia. Visão já ultrapassada em muitas cidades do mundo ocidental. Infelizmente há agora quem os queira resgatar para Lisboa.
A sua alusão à esquerda???? Não concordo com túneis em áreas históricas e consolidadas dos centros das cidades. Dois dos que menciona, foram construídos quando Sampaio era presidente da CML. da esquerda, portanto.
http://videos.sapo.pt/0zPuMlufz2nlYRkmozvW (Desnivelamento da Praça Duque de Saldanha)
http://videos.sapo.pt/wiFDLzUzaCMEjEWeijgY (Desnivelamento do Campo Grande)
Não consigo ver o que há de "sinistro" ou de "inútil" nestas propostas apresentadas aos lisboetas na campanha de 2009 e que agora voltam a dar que falar. Quase aposto que se fosse o atual executivo PS a "chegar primeiro" e a propor uma solução semelhante a esta, com este nível de apresentação, estética e funcionalidade, estaríamos também a falar de uma das "melhores ideias que a CML teve nos últimos tempos". São opções que se tomam. Mas há soluções melhores? Venham elas! Mas confesso o meu ceticismo quanto à atual proposta da CML. Parece ter tudo para ficar bonito, mas será eficaz?
Vejo que não compreendeu bem o sentido do comentário anterior. Perguntei se não há mais túneis em Lisboa para além dos intitulados de "faraónicos e inúteis". Qual foi o nível de contestação desses túneis feitos pela "esquerda"? Numa altura em que, parece, o "urbanismo os defendia", imagino que muito reduzido.
Caro Hugo Correia,
Peço desculpa por só agora reagir ao seu comentário.
O planeamento urbano nas décadas de '7', '80 e '90 do século passado defendia a existência de túneis no centro das cidades. Nessa altura, como bem sabe, a contestação da cidadania era incipiente, por isso reduzido terá sido o nível de contestação.
O eixo central não deve ser visto como distribuidor de tráfego, isso compete aos vários eixos periféricos.
Adianto que não acredito em cores políticas melhores ou piores para governar uma cidade. Se fosse um PS a apresentar os desnivelamento (vulgo túnel) teria exactamente a mesma opinião.
Em relação à manutenção, gastos e outras opções, sugiro que leia L'Echo de há três semanas (jornal económico de Bruxelas-Capital) onde se lança o debate sobre os túneis na cidade, indo tão longe, como a defesa da sua supressão.
Há erros de outras cidades que nos devem levar a reflectir com cuidado propostas como as do CDS para o eixo central.
O tunel em Boston resultou e na superfície fizeram um jardim.
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