09/01/2019

"A qualidade da arquitectura deve ser discutida entre os pares", palavras sábias, as da arq. Lobo


In O Corvo (9.1.2019), por Sofia Cristino

«Lapa está “descaracterizada” e nela constroem-se empreendimentos de luxo “à toa”, criticam moradores

As transformações urbanísticas e arquitectónicas em curso na Lapa, na freguesia da Estrela, não agradam à maioria dos habitantes desta zona nobre da cidade. Muitos dizem que os novos prédios são “horríveis” e consideram “desajustados” os materiais utilizados face ao restante edificado do bairro. Aos imóveis antigos têm sido acrescentados andares, numa zona conhecida por casas com menos de três pisos, e abertas garagens, assim os desvirtuando. Há mesmo palacetes onde as intervenções incluem a utilização de inox e de zinco. O grupo cívico Fórum Cidadania Lx diz mesmo que estamos a assistir à “morte arquitectónica de um dos bairros mais carismáticos de Lisboa” e que “o coração da Lapa está completamente descaracterizado”. Há quem não veja, porém, nenhum problema nas alterações. “Não vamos mimetizar uma cidade de há 200 ou 300 anos”, diz o arquitecto Paulo Serôdio, que considera mesmo que o bairro da Lapa não tem valor patrimonial excepcional, à excepção de alguns palacetes. ...»

4 comentários:

Pedro Neves disse...

“Não vamos mimetizar uma cidade de há 200 ou 300 anos”

Pois não, vamos manter a que existe. No Parque das Nações ninguém mimetizou nada e ainda bem. Ou então, se se considera que a Lapa não tem valor patrimonial, porque não levar o raciocínio às últimas consequências e derrubar tudo à la Martim Moniz?

Quer-me parecer que esta gente precisava de ir à Europa ver umas coisas. Não é preciso ir longe, basta ir a Espanha aqui ao lado. Mas se calhar ainda achavam tudo serôdio...

Pedro Neves disse...

"entre os pares" diz ela: um mono para mim, um cabeçudo para o Valssassina, um palacete reabilitado-para-chinês-ver ali para os Manos Mateus, mas tudo "entre os pares", claro!

J A disse...

A Lapa é capaz de nao ter o tal "valor patrimonial excepcional....mas se tivesse, era tratada da mesma maneira. Uma pequena viagem neste blogue vai dar uma amostra de dezenas de exemplos.

Anónimo disse...

Um fundo devia dar a possibilidade ao Serôdio de alindar um desses palacetes em apartamentos engarajados para vermos o seu respeito pelo valor patrimonial ($$$) excepcional.
A beleza de um bairro vive mais do conjunto que de edificios isolados. De pouco vale uma obra-prima rodeada de abortandades pequenas, médias e grandes.
Confundir a conservação do edificado histórico de Lisboa, finito e mais escasso do que parece, com a apologia do pastiche é desconversar. O pastiche não absolve a selvajaria imobiliária: nem "arquitectura de autor" mais ou menos serôdio.