In Público (12 de Setembro de 2006)
Inês Boaventura
"No primeiro dia útil após a mudança de 40 por cento das carreiras, as reacções foram de repúdio e dúvida
A Junta de Freguesia da Lapa entregou na sexta-feira uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa com o objectivo de travar a renovação da rede da Carris iniciada no dia 9, por considerar que esta prejudica a população e foi feita sem ouvir os autarcas.
O vogal da junta de freguesia responsável pela área dos transportes explicou ao PÚBLICO que a iniciativa pretende "impedir a entrada em vigor das alterações" na rede da Carris, por se ter verificado que estas tiveram "um feedback extremamente negativo da população". "O que está em causa é o interesse público", diz Luís Newton, defendendo que as modificações introduzidas no sábado "não servem a população" da freguesia, 45 por cento da qual tem mais de 55 anos e "especificidades em termos de mobilidade". O vogal da Lapa queixa-se ainda da "total indisponibilidade da Carris para conversar" e garante que a transportadora se limitou a "informar" a junta das alterações previstas, não tendo aceite qualquer diálogo. "Temos o direito e a obrigação de defender os interesses da população que nos elegeu", concluiu.
Questionado pelo PÚBLICO, o presidente do conselho de administração da Carris recusou fazer qualquer comentário sobre esta providência cautelar, alegando não ter conhecimento da matéria.
Naquele que foi o primeiro dia útil após a modificação de 40 por cento da rede da empresa, foram mais de repúdio do que de satisfação as primeiras reacções dos passageiros. Apesar de toda a informação fornecida pela transportadora, para muitos foi difícil compreender as mudanças, que incluíram a supressão de oito carreiras.
"Vou escrever-lhes. É uma estupidez: colocaram um 7 à frente dos números antigos. Para que é que isto serve?" interrogava ontem uma mulher de 59 anos que seguia no 60, Ana Correia.
No Campo Grande, a passageira Luísa Simões lamentava a extinção da carreira 105, que servia os moradores da Rua Vale Formoso de Cima, em Marvila: "Há pessoas muito idosas que gostavam de ir à Baixa e já não podem." A utente queixava-se de que perde mais tempo com os novos percursos, porque tem de apanhar mais autocarros. Era essa também a reclamação de outro passageiro, que se mostrava insatisfeito com a extinção do 33. Outros dizem ter de facto beneficiado com as mudanças. Paulo Mendonça mora em Campo de Ourique e tinha de apanhar dois autocarros para chegar ao trabalho, na Charneca. "Tinha de ir apanhar o autocarro número 1 ao Marquês de Pombal ou a Entrecampos. Agora apanho o 701 na Rua Maria Pia e vou directo para o trabalho ", contava. "Se calhar a volta é maior, mas ao menos não tenho de trocar de autocarro", observava, satisfeito. com P.C.S. e Lusa
Empresa prevê estancar perda de clientes em 2007
O presidente do conselho de administração da Carris anunciou ontem que o objectivo da transportadora, que tem vindo a perder cinco a sete por cento de clientes por ano, é estabilizar o número de passageiros a partir de 2007, para no ano seguinte iniciar a recuperação dos utentes perdidos para o transporte individual. Um dos trunfos da empresa para conquistar novos passageiros é a renovação da sua rede, um processo que se deverá estender até 2009/2010 e cuja primeira fase entrou em vigor no sábado. Ontem, em conferência de imprensa, o presidente do conselho de administração da Carris fez um balanço positivo dos primeiros dias de funcionamento da Rede 7, garantindo que os passageiros "reagiram bem às mudanças" e com "tranquilidade", mas admitindo que "é natural que surjam algumas dúvidas". Silva Rodrigues explicou que o processo está a ser monitorizado "carreira a carreira" e garantiu que "se vier a revelar-se necessário" a Carris procederá a ajustamentos na oferta. Quanto ao facto de terem sido extintas oito carreiras e criadas apenas duas, o responsável considerou que "isso não permite concluir que o serviço prestado é melhor nem que é pior" e lembrou que o número de veículos em circulação e de motoristas não se alterou, tendo existido "uma reorientação dos meios". "Temos a certeza de que estamos a oferecer hoje um serviço melhor do que aquele que oferecíamos ontem", resumiu Silva Rodrigues, explicando que existem "mais" carreiras com serviço nocturno e ao fim-de-semana e que zonas como a Alta de Lisboa, a Quinta dos Barros e o Parque das Nações passaram a ter uma melhor cobertura. Até à manhã de ontem, o número 808201777, criado pela Carris para prestar informações sobre a Rede 7, recebeu 1900 chamadas, maioritariamente pedidos de esclarecimentos, mas também 25 reclamações. I.B."
Comentários:
Acerca da "Linha 7", propalada iniciativa da Carris, como sendo a solução para o decréscimo de passageiros dos últimos anos, e a ineficiência absoluta da rede de carreiras, achamos que tal iniciativa mais não é do que iludir-se as pessoas para tudo quanto verdadeiramente interessa fique na mesma.
Neste reino da parvónia, em vez de se mudarem as coisas, mudam-se os nomes. Salvo aguns casos pontuais de carreiras que foram extintas (porque ninguém as usava ... tal como quase ninguém anda de autocarro, ou, melhor dito, são sempre as mesmas pessoas que andam de autocarro em Lisboa), o que a "Linha 7" fez foi com que em vez de se apanhar o 46 se passe a apanhar o 746 ... dá a ilusão que se apanha o avião.
Esta campanha é puro desperdício de dinheiro. Vai tudo ficar na mesma. Para ficar a saber o que defendemos para as carreiras da Carris, é favor "clickar" AQUI.
PF
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