In Público (18/10/2006)
"Na sequência da carta publicada pelo leitor Pedro Salgado, venho por esta via corroborar inteiramente as suas palavras no que diz respeito ao assustador aumento dos graffiti em Lisboa.
Como é sabido por quem vive no centro de Lisboa ou lá passa diariamente, um pouco por toda a Baixa (numas áreas mais do que noutras, é certo) e, sobretudo, no Bairro Alto, o estado de degradação patrimonial devido à contaminação pelos graffiti salta à vista de todos.
É triste constatar o estado a que chegou sobretudo o Bairro Alto nesta área. Praticamente não há um prédio que não esteja coberto (e muitos estão pesadamente cobertos) de graffiti. É uma autêntica vergonha. Em algumas ruas da Baixa (nomeadamente na zona junto ao elevador de Santa Justa/Rua do Carmo e em algumas outras), os prédios também se encontram bastante danificados.
Em contactos efectuados com a Câmara Municipal de Lisboa e, nomeadamente, com o Departamento de Limpeza Urbana, há cerca de dois meses, foi-me dito que está planeada uma "acção concertada de limpeza" no Bairro Alto e arredores, mas não sabem dizer para quando, pois naquela altura debatiam-se com falta de verbas.
A Polícia Municipal deveria estar mais atenta a esta situação e policiar de uma maneira mais incisiva, de forma a prevenir o alastramento desta forma de arte vândala (não o graffiti em si mas sim as tags, os rabiscos e similares), mas, devido à falta de meios humanos, pouco tem feito.
O centro histórico de Lisboa, sendo uma zona tão típica e tão frequentada por turistas, não pode continuar no estado em que está. Medidas urgentes exigem-se, acompanhadas de suficiente determinação em não deixar que as coisas voltem ao estado em que neste momento se encontram.
Moisés Alves
Lisboa"
18/10/2006
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5 comentários:
O bom graffiti é uma expressão de arte dos nossos dias. Infelizmente tem uma cauda de autênticos nabos/vândalos que se dedicam somente a poluição visual (tags, etc.). Nas cidades suecas existem firmas contratadas só para limpeza contínua desta "sujidade", paralelamente com polícia que se dedica exclusivamente à documentação/investigação da mesma.
Medidas essas que combatem o problema, mas não o resolvem. Mölndal nos subúrbios de Göteborg tomou uma medida que foi polémica e criticada por muitos, mas que tem dado bons efeitos. Para os graffiti foi cedida uma parede com alguns 30 metros onde todos se podem exprimir, sem necessidade de se esconderem. Hoje o resto de Mölndal raramente é atacado por este problema, embora muitos continuem com severa crítica, afirmando que é uma "plantação/escola", que faz alastrar o problema para outro local.
JA
Espero que também haja acções de remoção de toda a "papelada" que é impunemente colada em todas as superfícies - desde postes de iluminação a caixas de electricidade, TV cabo, etc.
E, claro, que haja uma limpeza profunda de passeios, sobretudo os negros e imundos cantos.
Como exemplo, basta descer a Rua da Misericórdia e olhar para o cenário junto ao restaurante Tavares, andar até ao Largo de Camões e percorrer o caminho até ao miradouro de Santa Catarina - olhando com olhos de ver, já não digo nariz de cheirar.
A intervenção de rua seja graffiti, cartazes ou mesmo dejectos humanos é ilegal, porem inevitável em certos sítios, seja na Suécia ou em Portugal, (com as devidas diferenças criadas pelo laxismo meridional) passa por quem desenha e habita saber-se defender convenientemente visto que as estruturas democráticas top-down não conseguem. Existem soluções muito interessantes nesse domínio, as quais podem contemplar inclusive o envolvimento Municipal.
o graffiti tem vários pontos, como já foram descritos vários, um dos mais prolifricos será a ideia de conciliar esta invasão de espaço, q este toma, e os cuidados q se tomam resultantes desta invasao... o meu conselho será não manter um jogo do rato-gato com tais representantes mas sim haver oportunidades pra q esta forma de arte continue livre como esta se apresenta. Ideias é o que não falta, a acçao é que demora o seu tempo... e uma coisa é certa esta invasao faz denotar problemas de maior preocupaçao q o proprio problema em si... no fundo não será uma descarga de desagrado populacional??? Naõ vivemos nós num meio em q a informaçao/comunicaçao é hoje em dia uma arma???? Há muito que ser notado e revisto pra q se sinta o sentido de justiça....
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