29/07/2008

Utilitas, venustas, firmitas…



… Ou utilidade, beleza e solidez, segundo as categorias, felizmente intemporais, de Vitrúvio. Alvíssaras a quem as encontrar no mais grotesco projecto de que há memória viva na capital e que a CML se prepara para apreciar. Projecto grotesco que muito deve à deferência provinciana perante os ventos de ‘modernidade’ que tem sido apanágio de sucessivas vereações. Mas há uma réstia de esperança, mesmo que este edifício venha a ser erguido: herdeiras de uma cidade que não soubemos estimar, as gerações vindouras terão todo o gosto em implodi-lo, reduzindo-o, assim, à sua justa dimensão. Não apenas por uma questão prática, mas sobretudo por uma questão ética: em latim, firmitas era também sinónimo de consciência do lugar e sentido de eternidade, sem os quais, ontem como hoje, não há arquitectura digna desse nome – apenas um mercado de obras sem nexo, fruto da lamentável feira de vaidades em que a profissão se transformou.


Créditos de imagem: ‘Homem Vitruviano’, de Leonardo da Vinci, 1492. Gallerie dell'Accademia, Veneza, via Web Gallery of Art

2 comentários:

Anónimo disse...

Só não percebo é porque é que muita gente deste Blog ainda apoia os "Cidadãos por Lx" e a indescritível criatura que os comanda, que OBVIAMENTE apoia esta pouca vergonha... para não falar no Zé Safardana que talvez vote contra mas mantém-se mancomunado com a pouca vergonha desta Câmara!

Anónimo disse...

Já viram hoje o artigo de Ricardo Sá Fernandes no Público, intitulado "O desnorteamento do Bloco de Esquerda em Lisboa" ?