12/11/2008

IMPLOSÃO DO LARGO DO RATO

IMPLOSÃO DO LARGO DO RATO

Não se trata da demolição da sede do partido socialista, no largo do rato.
Trata-se de estourar com a escala de um largo que já foi uma grande praça de Lisboa, onde se tem vindo a retirar a utilização e a escala humanas, em favor da circulação automóvel.
Para além disso, querem agora proceder nesta praça, à edificação de um grande edifício, na entrada que dá acesso ao Bairro Alto.
Depois deste, já não será impedida a demolição de todos os restantes edifícios do Largo do Rato e quem sabe, um dia destes, algum presidente do PS, menos conhecedor destas andanças, terá a ideia de passar a sede do PS a “cinco caves, rés do chão mais sete”.
E depois de um PRÉDIO NOVO com a envergadura do que estava a ser aprovado na entrada para o Bairro Alto, que é como quem diz, para o coração da Lisboa Pombalina, a INVASÃO irá proliferar com novas demolições por aí dentro, acabando com a baixa pombalina nos moldes em que se deu cabo da Av. da Liberdade.
Bendita seja a decisão da CÂMARA MUNICIPAL ao dar o murro na mesa em reunião de câmara, indeferindo tal aberração.
É pena a Ordem dos Arquitectos publicar agora no jornal da Ordem um parecer em que refere ser constitutiva de direitos a aprovação inicial do projecto de arquitectura do dito prédio, quando tem que ser do conhecimento dos “especialistas” que elaboraram esse parecer, e mesmo dos próprios membros da direcção, que são arquitectos como nós e conhecem a versão actual do Dec. Lei 555/99, que disciplina esta matéria, que só a decisão final de licenciamento é constitutiva de direitos de licenciamento.
Para ultrapassar isso, apenas é vinculativa uma informação prévia aprovada, que tenha sido integralmente respeitada e dentro do respectivo prazo de validade: - como todos sabem, isso não aconteceu -.
Sr. PRESIDENTE ANTÓNIO COSTA: não se deixe influenciar por atitudes oportunistas e interesses camuflados, que com este primeiro “furo no ovo”, abrem a brecha para uma verdadeira IMPLOSÃO DO LARGO DO RATO e por consequência, da baixa pombalina.
O que custa à água é abrir o canal que depois já ninguém a para: é o que pretendem com este projecto - CRIAR UMA METODOLOGIA DE IMPLOSÃO DO NOSSO VELHO BURGO.
Isto é o oposto do que fazem todos os núcleos urbanos europeus, que já se deixaram destas aberrações há meio século: REABILITAM O ESPAÇO URBANO mantendo a sua escala, valorizando a utilização humana.
FJFerreira(arq.)
Publicado por Luis Marques da silva

Sem comentários: