27/11/2008

Terceira Travessia do Tejo devia ser em túnel e sem carros


Comunicado:

Na sequência dos recentes desenvolvimentos relativos ao projecto da Terceira Travessia do Tejo (TTT) e da política do 'faz-de-conta' da CML, ao abdicar de exigir do Governo uma efectiva política de transportes condizente com o séc. XXI e com as necessidades de Lisboa em termos de qualidade de vida, saturada que está de automóveis; antes preferiu refugiar-se em possíveis compensações financeiras para a cidade em troca da construção de mais vias rápidas dentro da cidade, prosseguindo assim teimosamente no mau planeamento urbanístico e na sobrecarga das gerações futuras, que tem sido seu apanágio ao longo das últimas décadas; somos a apresentar o nosso protesto veemente quanto ao seguinte:

1. O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) recentemente em consulta pública enferma de uma série de lacunas graves, a saber:
- A única sessão pública de apresentação do estudo foi feita em Alfragide, porque a CML não disponibilizou qualquer local para que a mesma fosse feita em Lisboa;
- O EIA não apresenta em nenhum lado a hipótese de não construção da opção rodoviária, sendo, portanto e 'a priori', um estudo enviesado (por isso mesmo, terá já sido apresentado pela Quercus uma queixa a Bruxelas);
- CML, IGESPAR, etc., nenhum organismo chegou a fornecer qualquer dos dados pretendidos por quem elaborou o EIA, pelo que se nos afigura, mais uma vez, como um estudo totalmente … parcial.

2. Por todas as razões e mais alguma, a TTT devia ser única e exclusivamente destinada ao transporte ferroviário. Nunca ao automóvel, até porque a Ponte Vasco da Gama - dizem os especialistas - tem capacidade até 2030. Não há 'compensação financeira' que compense Lisboa por mais esse erro estratégico de quem nos governa, que se traduzirá a prazo no aumento exponencial da entrada de automóveis em Lisboa, no congestionamento das principais vias de distribuição de trânsito automóvel a nascente e com todos os impactes ambientais inerentes.

3. Por evidentes razões de ordem estética (uma nova ponte no troço Chelas-Barreiro acarretará um importante impacte visual nas vistas da cidade, desde a margem sul, e de quem olha o rio dos diversos mirantes de Lisboa – Santa Clara, Castelo, São Pedro de Alcântara, Santa Catarina, Largo da Academia das Belas Artes, Santa Justa), patrimonial (não houve nenhum levantamento dos impactos da nova ponte no património arquitectónico naquela zona da cidade) e até económica, e em prol de uma candidatura verdadeiramente ganhadora da Baixa Pombalina à UNESCO, a TTT devia ser feita em túnel. É a mais simples e barata solução. Inovar é usar um túnel para atravessar o Tejo.

Não compreendemos como é que continua a transparecer para a opinião pública tudo menos o que importa:

1. O EIA é um estudo parcial e enviesado.
2. A TTT devia ser exclusivamente ferroviária.
3. A TTT devia ser feita em túnel.


Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Miguel Carvalho, João Chambers, Alexandra Maia Mendonça, Luís Serpa, Gulherme Alves Coelho, João Mineiro e Jorge Santos Silva

1 comentário:

joao pedro barreto disse...

Porque não lançar uma petição nos moldes deste vosso manifesto? Tenho a certeza que haveria muitos assinantes.