04/06/2009

Caíram calçadas


Hoje de manhã falei para uma plateia de pouco mais de uma centena de idosos (arredondemos para 100).

O tema era a acessibilidade.

Perguntei quem é que já tinha sentido que os semáforos não lhe davam tempo suficiente para atravessar a rua, e quase toda a sala levantou o braço.

Perguntei depois quem é que já tinha sentido desconforto ou receio de cair ao andar na calçada. E quase toda a sala levantou, novamente, o braço.

Houve então uma senhora que, sentada na primeira fila, protestou comigo: "devia era perguntar quem é que já caiu!"

E perguntei.

Para verificar que 38 pessoas já tinham sofrido quedas devido à calçada: partiram ou torceram mãos, pulsos, pés, pernas. Vários tiveram de ser hospitalizados.

Na realidade, não podemos ficar surpreendidos: os estudos revelam que mais de um quarto dos acidentes domésticos e de lazer sofridos pelos idosos são provocados por pavimentos e equipamentos de rua (cf. resultados do Projecto Adelia, publicados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge).

E ainda há quem diga que a calçada é que é boa, é que é típica, é que é bonita?

Para aqueles idosos não é boa de certeza.

20 comentários:

Anónimo disse...

Olá.

Então este blogue anda a penar a dizer mal do projecto para o Terreiro do Paço (perante o qual também tenho imensas reservas), que aqui d'El-Rey que não se pode estragar o património e o diabo a sete, mas já manda estas piadolas à calçada portuguesa?

Ouvi dizer que nos Estados Unidos, onde os passeios são todos de cimento tosco, os velhos não caiem.

Apontem defeitos à forma como a calçada é aplicada e depois (não) mantida, não é a calçada portuguesa em si que tem culpa.
Nem o chão português que pisam merecem!


Cumprimentos.

P.s.: Está terminada a assinatura desta blogue!

Anónimo disse...

O problema não é a calçada mas a falta de manutenção. A CML deveria de receber centenas de queixas e ser demandada por todas as pessoas que caem na calçada degradada, que esbarram com mobiliário urbano com implantação irregular, por obrigar os peões a andar nas ruas e estradas porque os passeios estão cheios de carros, Infelizmente as pessoas não tomam essa iniciativa porque sabem que processos nos tribunais são penosamente morosos e caros.

Anónimo disse...

o problema não é a calçada. é a falta de manutenção.

além disso, nas zonas ingremes, tem sido posta calçada aspera, que impede que se escorregue.

seja qual for o tipo de pavimento, podem abrir-se buracos, existir obstaculos etc etc etc

não percebo este ódio pela calçada.

este argumento é de bradar aos céus.

Anónimo disse...

Não acredito nisto.

Pois deve ser na sequência da notícia de que no resto do mundo os velhotes não caiem na rua....

Por amor de Deus..

Anónimo disse...

Também me parece que o problema maior está na buracada e péssimo calcetamento, feito às três pancadas, da calçada.

Mas não me parecia mal que, exactamente devido à dificuldade, que se compreende, de aparecer quem queira dedicar-se a ser calceteiro, o que se agravará, a calçada à portuguesa fosse guardada para a zona histórica da cidade.

Isto para não falar doutros problemas que a calçada acarreta.

Pedro Homem de Gouveia disse...

Em todo o lado há peões que caem na rua. Isso não é novidade.

O caso muda de figura quando verificamos que há um tipo de pavimento que provoca quedas. Muitas quedas. Algumas graves.

Assobiamos para o lado?

Em teoria, a calçada bem feita e bem mantida não levantaria estes problemas.

Mas na PRÁTICA o que sabemos é que hoje em dia a calçada é mal feita e a manutenção consegue ser pior.

Ficamo-nos pela teoria, ou procuramos soluções para os problemas que existem na prática?

Rodrigo disse...

A calçada é bonita, torna a cidade mais luminosa, tem a vantagem de permitir a infiltração da água nos solos, a impermeabilização das cidades é um tema muito sério mas raramente discutido, mas a sua falta de manutenção é um perigo. Eu não sou velho, tenho 32 anos, ando imenso a pé e escorrego todos os dias. Ora são os buracos, ora são os desníveis provocados pelo abatimento natural dos solos. Se calhar era bom pensar numa solução mista. Parte em calçada, perto das montras, e outra parte com pedaços de pedras maiores para facilitar o andar.

Anónimo disse...

Pensamentos práticos desses já estragaram muita rua de Lisboa, enchendo-as de mamarrachos que mais parecem pombais, e encheram a cidade de carros.

Deve-me ter escapado alguma coisa... A calçada portuguesa tem, de implantação mais ou menos geral, umas décadas valentes e causa assim um "holocausto" de velhos no chão que só agora é que veio à baila?

Há aí um problema qualquer mal resolvido da parte do autor do blogue com a calçada portuguesa e, com abordagens do género, devia mudar o nome do blogue para Mesquinhez LX, que Cidadania na minha terra não é isto, é uma coisa séria e com arcaboiço cultural.

Cumprimentos.

P.s.: Quem está mal tem o resto do mundo-não-português para viver e deslizar em belos passeios de... cimento!

Rodrigo (assinado) disse...

Não é uma questão de estar mal, é uma questão de, por vezes, querer melhor o que existe. E a isso chama-se cidadania, querer participar, discutir ideias, apresentar hipóteses, etc.

Anónimo disse...

Os assassinos só levam 25 anos de prisão

na pratica voltam a matar

é melhor matá-los

Anónimo disse...

Falam falam, mas só dizem merda!

Antonio B disse...

O problema não é a calçada em si! O problema que estamos a esquecer é que a pedra é um material nobre e cuja exploração pode ser vista como pouco sustentável. Além disso, e é verdade que a questão da manutenção não é muito praticada, será que a pavimentação com calçada tem que ser feita em todo o lado? Não poderemos dar à calçada portuguesa um lugar destacado, nas principais vias das cidades, e escolher outro tipo de materiais, eventualmente mais plásticos, para as vias secundárias?
A utilização de meios alternativos de locomoção em Lisboa e na maior parte das nossas cidades é pouco praticável devido à irregularidade da calçada. Veja-se a proliferação de meios de locomoção alternativos em Paris... nos passeios! Para não falar do esbanjamento de recursos num país que não é rico - a manutenção de passeios em calçada é cara e demorada, exigindo inclusivamente qualificação profissional de quem a faz. A existência de trabalhos feitos por "curiosos" é uma das causas de degradação de troços de passeios.

Anónimo disse...

Para quem fervorosamente defende a calçada Portuguesa tem de me explicar quantas vezes já empurrou um carrinho de bébé nestas. E mais, quantas vezes já se "colocou" no lugar da criança, com os consequente balanços vibrações, buracos e afins.
Mudar pode significar melhorar, e neste caso as vantagens são imensas em todos os quadrantes. Não é só a terceira idade, mas toda a população que sai beneficiada por utilizar alternativas à tradicional calçada. É preciso olhar mais do que o próprio umbigo, ser humano e socialmente responsável!

Anónimo disse...

Eu empuro um "carrinho de bébé", todos os dias. E embora não me possa colocar no mesmo e ser empurrado, a petiz não parece se queixar. Pelo contrário, acho que os tremeliques ajudam a embalar. Devem ser uma espécia de massagens...

O problema não está no material de pavimento, seja ele calçada ou outro. O problema está na falta de largura dos passeios, nos obstáculos, na falta de manutenção, nos automóveis, e claro, a topografia, nalguns casos com declives acentuados. Ou seja tudo "problemas" resoluveis, excepto, claro está, a topografia.

Recentemente foi reabailitada a calçada na Calçada da Patriarcal. Trabalho relativamente bem executado, e demonstrativo que a calçada é um material de pavimento perfeitamente adequado.

Bic Laranja disse...

Eu punha passadeiras rolantes. Como o passadiço de Alcântara. Ficaria uma beleza e não carece de manutenção. Exactamente como os passeios de cimento, não é verdade?!...
Parabéns ao autor pelo sofisma.

Xico205 disse...

Que eu saiba todos nós andámos de carrinho na calçada portuguesa. Eu não me lembro desse tempo mas os meus pais nunca me disseram que eu me queixava.

Maria disse...

Eu gosto de ver calçada portuguesa nos nossos passeios. Todavia e tirando o aspecto da falta de manutenção,etc., já muitas vezes escorreguei e quase caí em sítios em que o declive é grande e o chão extremamente escorregadio. E não ia de saltos altos.

Não sou idosa e a sensação de escorreganço quando não se espera, não é nada agradável. Nunca vos aconteceu ? Compreendo perfeitamente os idosos.

Não percebo nada do assunto mas penso que deveriam utilizar um tipo de material (continuando a fazer-se calçada) que evitasse quedas às pessoas.

Xico205 disse...

Bastava substituir a pedra calcária por uma fanerítica.

Anónimo disse...

Também já escorreguei algumas vezes.
Com chuva, há passeios que ficam autenticos escorregas.
No entanto, se tivessem boa manutenção e estivessem livres de carros, talvez a calçada não fosse tão "inimiga" das pessoas.
Há zonas de grande declive em que se utiliza, como boa alternativa, o pavimento em escada e às vezes reforçado com um corrimão. Era uma questão das JFs fazerem um levantamento e actuarem.
Luís Alexandre

Arq. Luís Marques da silva disse...

Pedro, quando fala sobre estas coisas da mobilidade, geralmente percebo o interesse, cuidado e conhecimento, que põe na defesa das suas ideias.
Neste caso concreto da calçada, não concordo em absoluto, com as criticas que lhe faz.
Para mim, o problema põe-se tão sómente ao nível da qualidade da execução e não na escolha do material de que é feito ou, simplesmente, no facto de ser calçada.
Muitas cidades utilizam esta mesma calçada - estou a lembrar-me de Praga, por exemplo - e não se vêm dificuldades maiores nos percursos pedonais e na mobilidade dos transeuntes, sejam eles, com ou sem, mobilidade reduzida.
Por cá, também temos cidades onde os passeios são em cimento e o nivel de mobilidade é, por vezes, péssimo:
Basta calcorrear algumas ruas de cidades do Norte, Porto inclusivé, onde os passeios degradados e esburacados, tornam a mobilidade "traumática".
Assim, antes de se ser contra a calçada, deverá ser-se contra a forma como ela é colocada e mantida.
Não se reduzam drásticamente o nº de bons e conhecedores calceteiros; saiba-se fazer caldeiras para as árvores, com boas condições constructivas, mantendo os espaçamentos das árvores convenientemente; saiba-se fazer a sua manutenção, não se permitindo o estacionamento de automóveis, nos passeios e a calçada saberá manter-se digna dos mais actuais parâmetros legais e necessários da acessibilidade.
cump