30/03/2011
Apresentados os projectos de requalificação do Jardim do Campo Grande e do edifício Caleidoscópio
In Site da CML
«No dia 24 de Março, Dia do Estudante, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e o reitor da Universidade de Lisboa, António Sampaio da Nóvoa, apresentaram os projectos de qualificação do Jardim do Campo Grande (zona norte) e do edifício Caleidoscópio, onde ficará sedeado o novo Centro Académico.
O edifício Caleidoscópio, que foi cedido pela Câmara à Universidade de Lisboa para instalação de um Centro Académico mediante um protocolo assinado pelas duas instituições, vai ser alvo de remodelação integral do seu interior, a cargo da Universidade. Como explicou Pedro Oliveira, arquitecto responsável por este projecto, o que se pretende é fazer deste edifício mais uma "porta de entrada" para o Jardim do Campo Grande em ligação com o campus universitário e um "ponto de encontro" das diversas instituições universitárias adjacentes. Assim, em parceria com a CML, a zona do envolvente do edifício será alvo de arranjo específico, com a remoção dos espaços de estacionamento fronteiros ao edifício, entre este e zona universitária, e a criação de um pátio do lado do jardim e de uma esplanada sobre o lago.
Enquanto a fisionomia exterior do edifício se mantém inalterada (apenas serão removidos os elementos que foram acrescentados, restituindo a originalidade do edifício, e acoplada uma pala luminosa), o interior será objecto de profunda remodelação para instalação de salas para as associações académicas e associações ambientalistas, galeria, auditório, um grande salão, áreas de estudo, cafetaria e restaurante.
Paralelamente, conforme os termos do protocolo assinado entre as duas instituições, o Jardim do Campo Grande (zona norte) também será objecto de uma intervenção qualificadora de monta, a cargo da Câmara Municipal. Conforme explicou o arquitecto João Castro, da Direcção Municipal de Ambiente Urbano, o projecto (da arquitecta Rosário Salema) visa criar melhor ambiente (isolando-o melhor do ruído e visão das faixas de rodagem que o cercam a poente e nascente) mas reduzindo a opacidade interna com a redução da densidade arbustiva (melhor transparência para melhores condições de segurança). Um aterro junto ao lago (que será totalmente renovado e habilitado a suportar ecossistemas aquáticos) permitirá criar uma área relvada entre o Caleidoscópio e o lago e, ali perto, surgirá um parque canino, com área sanitária para os cães, para recreação dos animais e seus donos (numa experiência que, revelando-se positiva, se poderá alargar a outros espaços verdes da cidade). Também será introduzido novo mobiliário urbano (com duas tipologias), refeito o sistema de circulação com novos percursos de pavimento permeável e criada uma área de jogos matemáticos.
Na ocasião da apresentação dos projectos - a que também assistiram a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Simonetta Luz Afonso, os vereadores José Sá Fernandes, responsável por esta intervenção, e Manuel Salgado, bem como o presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa - o presidente da Câmara e o reitor da Universidade elogiaram os projectos, que consideraram "muito importantes" para a revitalização de toda esta zona.
António Sampaio da Nóvoa, depois de agradecer o contributo dos serviços municipais que garantiram que se pudesse atempadamente fazer esta apresentação no Dia do Estudante, considerou que o renovado edifíco do Caleidoscópio vai permitir três coisas de que gosta: estudar, só ou em grupo, a participação na vida associativa e consequente animação estudantil (incluindo a recepção a estudantes estrangeiros) e a ligação da Universidade à cidade onde se insere, com a reanimação desta zona central da cidade.
António Costa, por seu lado, destacando a coincidência desta apresentação com duas efemérides (o Dia do Estudante e o ano do Centenário da Universidade de Lisboa), sublinhou a importância do papel das Universidades na vida da cidade, que considerou serem uma "mais valia", sobretudo quando têm a dimensão que adquirem em Lisboa (um dos maiores centros universitários em toda a Europa, malgrado a dispersão das suas instalações). Para o autarca, este projecto de um Centro Académico "é bom para a cidade", defendendo que a sua instalação neste edifício vem permitir, à partida, a sua reabilitação e assegurar a revitalização da zona, posto que "não basta fazer a obra de reabilitação do Jardim, é preciso também criar animação na área, e a instalação do Centro Académico no edifício Caleidoscópio é uma âncora nesse sentido".
Na ocasião, o presidente da Câmara assegurou ainda que, concluida esta reabilitação da zona norte do Jardim do Campo Grande (o que deverá acontecer até finais do primeiro semestre do próximo ano), se seguirá a reabilitação da metade sul do Jardim, na sequência do concurso que já atribuiu a concessão para a reabilitação e exploração das piscinas dessa zona.
Projecto de reabilitação do Jardim do Campo Grande - desenhos temáticos
Projecto de reabilitação do Jardim do Campo Grande - memória descritiva
Projecto Centro Académico no Edifício Caleidoscópio - apresentação
Projecto Centro Académico no Edifício Caleidoscópio - memória descritiva
Protocolo entre a CML e a UL sobre o edifício Caleidoscópio»
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O problema fulcral do Jardim do Campo Grande, quer a parte Norte quer a Sul é a segurança, ou a falta dela, e isso resolver-se-ia de uma penada com a colocação de gradeamento em volta de toda a sua extensão, deixando algumas portas, vigiadas. Mesmo que pareça mal fazê-lo num jardim dos séc. XX, sendo essa uma (boa) prática do século anterior...
Sobre este projecto, tem coisas boas, bastante boas, mas parece-me de saúde débil à partida, pela simples razão que a UL não tem dinheiro para nada, a começar pelo Jardim Botânico, como é sabido. Por outro lado, há coisas que pelos vistos não foram faladas, como seja a intervenção do ponto de vista rodoviário/pedonal no lado da Alameda da Universidade.
Vamos ver no que dá, mas não esperem muito, e tão cedo, s.f.f.
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11 comentários:
Caro Paulo Ferrero
Na qualidade de "nativo" desta Freguesia sempre me angustiei com o desprezo com que a CML trata uma das "pérolas" dos parques e jardins de Lisboa, demonstrando um total desconhecimento com aquilo que o seu criador, Arq.º Keil do Amaral, pretendia com este projecto. O Jardim do Campo Grande é hoje visto como um mero "separador ajardinado" entre duas vias rápidas, a necessitar de ser "animado" com a receita do costume, ou seja, mais betão, quando á época em que foi criado estava destinado a servir de zona de lazer verde para os Lisboetas, de acordo com os princípios da "higiene social" vigentes na altura (e tristemente esquecidos pelas actuais escolas de arquitectura dos "Sizas" e quejandos) aproveitando admiravelmente um espaço que tradicionalmente sempre esteve destinado ao remanso e repouso dos alfacinhas desde há pelo menos os últimos três séculos. Seria útil que os actuais decisores e projectistas se detivessem primeiro em reflectir nas formas de ampliar o Jardim do Campo Grande, em vez de entupi-lo com cimento, começando por abandonar a estupida intenção de aterrar parte do lago; uma ideia fixa na mente desta gente desde há uns anos, sem compreenderem que quanto maior for a área aquática, maior a monumentalidade do espaço em redor, e não o contrário, para não falar que as "zonas ribeirinhas" do Jardim do Campo Grande, por alguma razão são aquelas onde se concentram as pessoas, atraídas pela salubridade que as margens de um lago trazem (á imagem do que acontece nos jardins Japoneses, ou se quiserem ir mais perto, nos Londrinos), onde podem refrescar-se nos longos Verões de Lisboa (que duram mais ou menos 6 meses por ano...) e contemplar a fauna lacustre que aí procura refugio. É por isso que a melhor forma de combater as zonas mais sombrias e abandonadas deste parque, será através da ampliação dos dois lagos existentes, ocupando as zonas cimentadas limítrofes, e criando mais espelhos de água noutros locais do Jardim, como por exemplo, no próprio local da piscina, se não a quiserem aproveitar tal como está. Esta solução permitiria assim respeitar as intenções do projecto original dos anos trinta do século passado, e estou certo que iria devolver a antiga afluência de visitantes a esta "jóia da coroa" dos parques e jardins de Lisboa.
" a servir de zona de lazer verde para os Lisboetas, de acordo com os princípios da "higiene social" vigentes na altura (e tristemente esquecidos pelas actuais escolas de arquitectura dos "Sizas" e quejandos) aproveitando admiravelmente um espaço que tradicionalmente sempre esteve destinado ao remanso e repouso dos alfacinhas desde há pelo menos os últimos três séculos. ""
Concordo, mas acho que para la chegar, 1º é necessário alterar a densidade de utilização dos carros nessa zona, bem como hábitos de construção e utilização dos centros comercias periféricos, para os niveis existentes nessa altura.
Um gradeamento.... Se não visse isto escrito não acreditava.
o problema do jadrim é estar ladeado por duas vias rápidas. Ou se criam mais zonas de acesso ao jardim - tipo grandes ligações áreas entre os jardins da B. Nacional e o Jardim, Jardins da Fac Ciências ao Jardim - ou eliminam-se as vias rápidas.
Parece-me um pouco absurdo defender o gradeamento do parque como medida para incrementar a segurança. Não estou a ver como um sítio que passaria a ser fechado, com mais pontos ocultos e menos pontos de saída, faria as pessoas sentirem-se seguras. E o gradeamento é um obstáculo visual que ainda por cima contribuiria para que as vias rodovárias limítrofes passassem a ser ainda mais auto-estradas do que avenidas
Será tão absurdo quanto os parques em Londres ou Paris. Os portões seriam guardados, e o jardim fecharia ao fim da tarde, de Inverno, e mais tarde no Verão. Não vejo o problema... mas reconheço que seria um romper com os hábitos. Não sei, apenas uma ideia, na certeza de que caso contrário esse capítulo nunca será resolvido.
Mas qual é o problema do gradeamento? até parece que noutras capitais europeias os parques e jardins estão abertos para a via pública.
Gostam tanto de copiar os exemplos de fora e quanto eles são bons acham mal?
Devem preferir que as crianças a correr atrás de uma bola provoquem algum acidente nas avenidas que ladeiam o jardim...
Livrem-se de fazer como no parque central da Amadora, que sempre teve gradeamentos e guarda e de repente deixou de ter.
Segundo a placa afixada pela câmara municipal, o gradeamento foi retirado por motivos de segurança...
O que é certo é que o índice de assaltos aumentou brutalmente e só voltou a diminuir após obras de fundo que descaracterizaram totalmente o parque, transformando-o quase num parque temático. Até gaivotas puseram o lagoa...
Portugal, infelizmente, é assim...
De facto muitos parques "lá fora" têm gradeamento, mas são os parques do séc. XIX.
Não sei se já repararam, estamos no século XXI.
A teoria que revolucionou o mundo: Segurança? Meta um gradeamento!
O canteiro é inseguro? Gradeamento!
O jardim é inseguro? Gradeamento!
A rua é insegura? Gradeamento!
O Condomínio privado é inseguro? Gradeamento!
A vivenda é insegura? Gradeamento!
Chelas é insegura? Gradeamento!
O Colégio Militar é inseguro? Gradeamento!
A Amadora é insegura? Gradeamento!
A linha de Sintra é insegura? Gradeamento!
Lisboa é insegura? Gradeamento!
Portugal é inseguro? Gradeamento!
O parque do campo grande é inseguro? Gradeamento!
Lá fora conheço parque com gradeamento e sem gradeamento. Sinceramente não concordo nada com essa solução para o Jardim do Campo Grande, principalmente do ponto de vista estético.
Quase ninguém vai ao Jardim quanto a mim porque estar naquele jardim é completamente desagradável de um ponto de vista de ruído. O jardim é ladeado por duas "auto-estradas", e o barulho dos carros e dos aviões é constante. Havendo poucas pessoas a usar o jardim, parece-me lógico que a insegurança se tenha instalado.
Cumprimentos,
Hugo
Fui passear de patins para este jardim, mas fiquei bastante decepcionado devido ao piso aí colocado que é muito abrasivo. Além de estragar as rodas torna a patinagem pouco agradável.
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