Caro(a) Amigo(a)
Tomámos conhecimento da recente demissão do director do Pavilhão de Segurança, Museu do Hospital Miguel Bombarda, Dr. Vítor Freire, decidida pelo Conselho de Administração de Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.
A demissão do director do Museu, a única pessoa que conhece profundamente o seu acervo, é naturalmente preocupante numa altura em que o Hospital Miguel Bombarda está prestes a encerrar, o seu espólio não está totalmente recolhido e inventariado, e quando não existe uma decisão da Senhora Ministra da Saúde e do Governo face à continuidade e ao necessário desenvolvimento do único Museu de Arte de Doentes / Outsider Art e de Neurociências da Península Ibérica.
Recordamos que a 23 de Dezembro foi apresentado um Apelo propondo o alargamento do Museu para a zona do edifício conventual contígua ao Balneário, dispondo de salas para exposições temporárias, atelier para doentes, sala de conferências no Salão Nobre com azulejaria barroca, além do imprescindível acondicionamento das colecções e do valiosíssimo Arquivo Histórico, de alto nível europeu, Apelo esse subscrito por grandes personalidades, como António Damásio e Paula Rego. (ver anexo).
Vítor Albuquerque Freire é economista, administrador hospitalar de carreira e com o antigo mestrado de história pela Faculdade de Letras, sendo figura bem conhecida no campo da administração hospitalar e da história dos hospitais. Exercendo funções no Hospital Miguel Bombarda desde 1999, a ele se deve:
- Elaboração do estudo e proposta ao IPPAR para classificação do Pavilhão de Segurança e do Balneário D. Maria II, aceite em 2001, colocando na agenda mediática estes notabilíssimos edifícios votados até então ao esquecimento, e que acabam de ser formalmente classificados como Conjunto de Interesse Público com ZEP em Dezembro passado;
- Direcção das meticulosas obras de restauro do Pavilhão de Segurança, durante três anos, com apoio do IPPAR e DGEMN;
- Autor do livro "Panóptico, Vanguardista e Ignorado", bastante elogiado pelos meios académicos e pela crítica, em resultado de profunda investigação em história da arte e da ciência sobre o Pavilhão de Segurança, um dos seis edifícios panópticos no mundo e antecessor do design e arquitectura modernista;
- Criação do Museu de Sítio, instalado no Pavilhão de Segurança, com visitas guiadas ao Balneário e Gabinete onde o Prof. Bombarda foi assassinado, e actividade cultural regular (é divulgado em vários Sites estrangeiros, como Go Lisbon, Turismo de Portugal nos EUA, Lonely Planet, além dos dedicados a Outsider Art);
- Progressiva recolha e salvaguarda das várias colecções que formam o acervo do Museu em grande parte inventariadas e também estudadas: de Arte de Doente, com perto de 5.000 exemplares (reconhecida internacionalmente como muito valiosa) , incluindo pintura e desenho, pequenas esculturas, poesia e prosa; de fotografia, com cerca de 4.500 exemplares; material clínico e mobiliário; manuscritos diversos, incluindo os Livros de Registo de todos os doentes de 1848 até 1942.
Em artigo publicado no jornal Público do dia 13 de Fevereiro, (em anexo), Vítor Freire defendeu a não dispersão das colecções e arquivos do Hospital, a sua classificação como património nacional, e a sua integração no futuro Museu de Arte de Doentes e de Neurociências, instituição moderna de nível europeu, uma mais valia para o país para a cidade e para a Cultura Portuguesa, instalado na zona de entrada do edifício do antigo convento, no Balneário D. Maria II e no Pavilhão de Segurança.
Daí a nossa estupefacção e o nosso protesto por esta demissão.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Carlos Moura e Fernando Jorge
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