Críticas levam Carris a repor durante todo o dia a carreira que serve Alfragide Norte

Depois de muitas reclamações de utilizadores da carreira 799, a única que serve Alfragide Norte, a Carris recuou e os autocarros que fazem a ligação entre aquela zona da Amadora e o Colégio Militar voltaram a circular fora das horas de ponta.

No sábado, a transportadora extinguiu seis carreiras de autocarros e introduziu alterações nos horários e percursos de outras oito, com o objectivo de "ajustar a oferta à procura". Uma das carreiras modificadas foi a 799, que deixou de funcionar entre as 10h e as 16h30, no período que a Carris designa por "corpo do dia".

Mas ontem, como confirmou ao PÚBLICO o secretário-geral da empresa, a circulação naquela carreira foi retomada "mas com uma frequência adaptada à procura em presença". Segundo Luís Vale isso aconteceu porque "a Carris foi sensível às posições manifestadas pelas câmaras municipais de Lisboa e Amadora".

Para este recuo terão também contribuído as muitas reclamações feitas por utilizadores da carreira 799, através do provedor do Cliente e da página da Carris na rede social Facebook. Em Alfragide estava também a circular um abaixo-assinado contra as alterações. O PÚBLICO perguntou ao secretário-geral da empresa quantas foram as queixas recebidas nos últimos dias, mas não obteve resposta.

Ontem o Bloco de Esquerda na Assembleia da República criticou o facto de a Carris ter introduzido alterações na sua rede sem ouvir as 20 freguesias afectadas e a Câmara da Amadora, bem como o facto de ter dado à Câmara de Lisboa apenas duas semanas para se pronunciar sobre o assunto. O partido diz ainda que várias das alternativas apresentadas pela transportadora para os percursos suprimidos "correspondem a um aumento significativo no número de transbordos ou ao recurso ao Metropolitano de Lisboa"

In público

Para além dos alterações mais significativas (que foram comunicadas com menos de 3 dias de antecedência) o CARRIS fez uma quantidade de reduções nos horários de várias carreiras que nem sequer teve a decência de comunicar aos clientes! Depois de investir em melhoria da sua imagem, depois de investir na comunicação do novo posicionamento a CARRIS decide deitar por terra todo o trabalho? Com estas alterações às escondidas a CARRIS destrói o posicionamento percebido que tinha conseguido conquistar para voltar a ser a empresa pouco transparente em quem os lisboetas não podem confiar. Os responsáveis pela politica de comunicação da empresa acham mesmo que é melhor ter clientes às 4 da manhã à espera de um 750 que não vai chegar do que avisar os clientes que foi suprimido antes das 5h30? Ou ter clientes a apressarem-se para chegar ao terminal do cais do sodré para apanhar uma qualquer carreira da rede da madrugada só para descobri que afinal vão ter que ficar mais meia hora ao frio? Estes senhores têm a noção do word-of-mouth negativo que este tipo de brincadeiras geram? Um pouco de responsabilidade na gestão da comunicação da CARRIS não se perdia nada.