Dr. António Costa
Voltamos a V. Exa. e à Calçada da Glória porque os motivos que originaram o nosso alerta em Fevereiro deste ano(http://cidadanialx.blogspot.pt/2012/02/mau-estado-da-calcada-da-gloriaprotesto.html) se mantêm na íntegra. Como é possível?
É certo que logo após o alerta referido, a CML agiu, embora não tenha tido sequer a atenção de nos responder. Mas agiu precariamente e com pouca consequência:
* não recolheu os restos de entulho das obras de reconstrução da escada no topo, permanecendo aqueles há meses encostados ao chafariz .
* não pôs a funcionar o chafariz que se mantém seco servindo apenas como vazadouro de lixo.
* tapou uns buracos, mas esses ou outros são notórios sobretudo na parte superior da calçada.
* pintalgou umas paredes dissimulando grafitis, algumas das quais repintadas por grafiters alegadamente com autorização municipal (um deles sujava a parede tranquilamente numa manhã de Agosto); mas hoje já não se nota a maquilhagem e a calçada está totalmente recoberta de pinturas e gatafunhos, num enorme concurso de horrorosidades.
* manteve os placards de grafitis artísticos que mais não do um sinal de incentivo ao uso de grafitis que não artísticos.
* só muito recentemente limpou a sujidade de anos instalada debaixo das plataformas desses placards.
* limpa diariamente (espera-se) os detritos mas, ao que sabemos, não fiscaliza nem pune os prevaricadores, pelo que durante grande parte do dia e da noite, a sujidade é abundante (lixo variado, garrafas de vidro de cerveja, papéis, plásticos, cartões, urina, fezes, estas especialmente no Largo da Oliveirinha).
* não interveio no trágico Largo da Oliveirinha que se mantém um improvisado parque de estacionamento mais ou menos selvagem, sem a oliveira na origem do seu nome e literalmente coberto de medonhos grafitis e amontoado de ruínas.
* não recuperou, como se impunha, o muro e gradeamento da calçada junto ao Largo da Oliveirinha, que permanecem destruídos e com um aspecto infame.
A CML deve reconhecer que a gestão do espaço público não pode ser feita à base de acções avulsas, por impulso mas sem estratégia. Requer pensamento estratégico, instrumentos de fiscalização (que na área em causa devem ser permanentes, dada a sua sensibilidade, centralidade e simbolismo), acção, pedagogia e repressão.
Nada disto é visível, e os resultados estão à vista: tudo continua na mesma na Calçada da Glória, depois de a CML ter gasto dinheiro numa fugaz maquilhagem, hoje desfeita.
Reiteramos veementemente o nosso compromisso de cooperar com a CML nesta matéria, discutindo diagnósticos e acções correctivas. Assim haja disposição da CML e de V.Exa.
Melhores cumprimentos
Nuno Caiado, Fernando Jorge, João Filipe Guerreiro, Carlos Leite de Sousa, António Branco Almeida e Paulo Ferrero
CC. Vereadores do Urbanismo e Espaço Público, AML e Media
Exmo. Senhor Presidente da CML,
Dr. António Costa
Como é do conhecimento de V. Exa, a Calçada da Glória é um arruamento do centro de Lisboa cheio de personalidade, cumprindo funções essenciais como facilitar o acesso ao Bairro Alto desde a Avenida da Liberdade, e vice-versa. Nela corre o elevador da Glória, uma peça iconográfica da cidade. Elevador e toda a zona envolvente são Monumento Nacional.
No entanto, o estado em que a calçada e o elevador se encontram (igualmente lastimável é o estado do Largo da Oliveirinha), contrasta fortemente com a sua importância e a sua dignidade, esta última totalmente perdida desde há alguns anos.
Na verdade, a calçada apresenta um amplo conjunto de problemas, todos da responsabilidade directa ou indirecta da CML, já que decorrem da gestão do espaço público. A saber:
- As paredes do edificios estão cobertas de grafitis, tornando a calçada um "túnel surreal" dos Restauradores a S.Pedro de Alcântara;
- O Largo da Oliveirinha apresenta-se no mais baixo nível de desprezo, após incêndios, derrocadas e demolições, que até hoje nunca sofreram qualquer reparação;
- O chafariz no topo de calçada apresenta-se totalmente degradado e vandalizado;
- Painéis de grafitis escondem a degradação do muro de sustentação da Rua das Taipas, sendo eles próprios o maior contributo crítico para a degradação da imagem desejável do local;
- A entrada para a Travessa do Fala-Só, arruamento tão típico de Lisboa e que bem merecia o estatuto de Interesse Municipal, mostra-se igualmente num estado de degradação limite;
- O piso apresenta-se, na sua totalidade, em particular mau estado, desrespeitando e pondo em risco quem sobe e desce a calçada a pé;
- O nível de sujidade quase permanente é inadmíssivel;
- A maioria dos edificios está em mau estado, apenas se vendo edifícios abandonados e vandalizados;
- Os dois veículos elevadores apresentam-se sistematicamente vandalizados, o que sucede cada vez com maior frequência.
Por todas estas razões, a Calçada da Glória é hoje um local triste, vergonhoso e insalubre, em vez de cumprir a sua função com a dignidade que a cidade requer. Acresce que o elevador é utilizado maioritariamente por turistas, o que agrava ainda mais a situação.
Estes problemas podem e devem ser alvo das políticas públicas de regeneração urbana, devem ser corajosamente enfrentados, por via de acções de policiamento permanentes e de desencorajamento aos "grafiters" (ao invés do que sucede presentemente com os painéis!). A reabilitação dos edificios degradados e abandonados é igualmente urgente. Os elevadores devem ser protegidos durante a noite (porque não remontar a estrutura/garagem da primeira metade do séc. XX?).
O Fórum Cidadania Lx está disponivel para colaborar com a CML para se discutir a melhor forma para uma requalificação de facto do local, pelo que solicitamos a V. Exa., Senhor Presidente, a marcação de uma reunião para o efeito.
Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos
Nuno Caiado, João Filipe Guerreiro, Joaquim Torrinha, Fernando Jorge, João Oliveira Leonardo, Artur Lourenço, Jorge Pinto, Diogo Moura, Jorge Santos Silva
C.C. Vereadores Urbanismo, Espaço Público e Mobilidade. Carris. AML. 
8 comentários:
Não se iludam.
A resposta será obviamente «...o caso foi remetido para o vereador X pelo que futuramente poderá contactá-lo ...»
Numa parede onde os anarquistas escreveram que devem destruir o existente, acho que nunca vão conseguir ter isso arranjado, a menos que lhes arranquem os braços e as pernas, e mesmo assim vamos lá ver se eles não destroem as coisas à cabeçada.
Mais do que protesto este é um apelo que seria certamente subscrito por muitos mais munícipes. É difícil ver mais degradação do que esta numa via de poucas centenas de metros. Viajo algumas vezes no elevador da Glória, quase sempre com mais estrangeiros do que nacionais. Vejo que a cara deles não é de apreço pela "arte da rua" como nos querem fazer crer. Aquilo é 3º, mundo e do mais atrasado. Há que encontrar soluções!
José Honorato Ferreira
Apoiado, realmente é uma vergonha o que se sucede nessa zona.
Existe um Hostel na travessa do Fala-só onde os clientes dizem que a zona é perigosa e têm medo por causa dos graffittis que se vê na Rua.
A ideia dos cartazes para a "arte urbana" não resultram, pois os "artistas" vão com as latas na mão e é pintar tudo o que aparece à frente. Nem os pilaretes dos passeios escapam.
Se eles não sabem aproveitar o que a câmara tentou fazer, a criar os paineis para os graffitti, mande-se retirar.
E por Deus façam alguma coisa aqueles edificios abandonados e aquele terreno do largo da oliveirinha. Dêem a alguém se for preciso, mas como está não!
Cumprimentos,
Tomás
Se têm medo de riscos na parede imagino quando tiverem uma situação de real perigo!!! Devem ter um ataque cardiaco fulminante! Tambem há quem tenha medo dos trovões e de aranhas. Realmente há quem tenha medo de tudo e não tenha cão.
xico nalguns países os graffities simbolizam território de gangs, e os territórios de gangas costumam ter criminosos de menor escala que assaltam pessoas
" nalguns países os graffities simbolizam território de gangs"
Por aqui também: Gangs de pessoal sub-urbano sem educação e civismo.
Eu lembro-me de passar por esta zona de Lisboa em pleno mês de Agosto por volta das 3h00 da manhã, estava a subir a calçada da gloria e estavam vários carros parados ao pé do eléctrico, estranhei a situação e quando olhei para a direita vi 5 a 6 pessoas a grafitar estes muros com uma calma imensa e com o radio dos carros aos altos berros...aquilo era um cenário saído de um filme de gangs. Do outro lado ao pé do eléctrico estava um senhor de idade a observar aquilo com um ar de espanto, vi o carro da policia a passar duas vezes por aquela zona e não fizeram nada, presumi que tinham sido autorizados (o que acho muito estranho) sinceramente não percebi porque é que não abordaram os vândalos...
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