04/08/2012

Loja do Cidadão dos Restauradores reabre encolhida no Terreiro do Paço.



Loja do Cidadão dos Restauradores reabre encolhida no Terreiro do Paço
Por Ana Henriques in Público.
Loja de Marvila compensa transferência para espaço quase dez vezes menor, alega Agência Para a Modernização Administrativa. Loja de 150 metros quadrados também servirá Almada, ainda sem serviço

A Loja do Cidadão dos Restauradores, uma das mais concorridas do país, com 1400 metros quadrados, vai fechar no final do ano. Os seus serviços, ou parte deles, passarão a funcionar no novo edifício do terminal fluvial do Terreiro do Paço, numa loja de centena e meia de metros quadrados, ou seja, quase dez vezes mais pequena.
Na origem da transferência estão razões de ordem financeira. O secretário de Estado adjunto do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte, anunciou em Fevereiro o encerramento dos balcões dos Restauradores por as instalações, localizadas no antigo Cinema Eden, terem "uma renda excessivamente alta: mais de 600 mil euros por ano". O facto de esta ser a loja "que tem mais queixas dos cidadãos quanto à aferição dos serviços prestados" também pesou na decisão, explicou. Nos meses seguintes, o secretário de Estado acrescentou que as poupanças decorrentes da decisão iriam permitir "abrir duas lojas de segunda geração" na cidade, uma das quais provavelmente no Saldanha.
Contudo, esta última hipótese não se concretizou. No passado dia 11 de Junho, entrou em funcionamento um novo estabelecimento mas em Marvila, no Pingo Doce, junto à estação de metro da Bela Vista. É com ele que o organismo governamental responsável pelas Lojas do Cidadão, a Agência Para a Modernização Administrativa, conta para "libertar a loja das Laranjeiras e a nova loja no terminal fluvial do Terreiro do Paço dos níveis de afluência que teriam se continuasse a haver apenas duas lojas".
Os dados que a agência tem online sobre a afluência às lojas não estão actualizados, mas, segundo Feliciano Barreiras Duarte, nos Restauradores são feitos "mais de cinco mil atendimentos por dia". Há dias em que o pandemónio é generalizado, tantas as pessoas à espera de atendimento. Tanto aqui como nas Laranjeiras, a loja mais procurada do país, há balcões que chegam a cancelar a distribuição de senhas de vez por haver gente a mais na loja.
"O Terreiro do Paço será uma loja de segunda geração, com uma maior capacidade de concentração de serviços, não necessitando de uma área tão grande como a dos Restauradores, que é de primeira geração", refere um dos porta-vozes da agência, António Cruz. O que quer isto dizer? "Terá um balcão multiusos", no qual os cidadãos poderão tratar de assuntos variados. O mesmo acontece já nas Laranjeiras, em Marvila e na própria loja dos Restauradores. Ainda segundo a agência, estas alterações "foram delineadas ao abrigo de um plano de racionalização de custos definido pela tutela, tendo em consideração a relação custo-benefício", e "trarão claras vantagens, quer pela distribuição geográfica quer pelos serviços prestados".
A nova loja de 150 metros quadrados servirá também as gentes do lado de lá do rio: Almada ainda não tem nenhum equipamento deste tipo. Ainda assim, Feliciano Barreiras Duarte afirmou, numa entrevista ao portal do Governo (iGOV) quando Marvila ainda não tinha aberto: "Posso garantir, em nome do Governo, que a qualidade do serviço vai melhorar significativamente e a opção que vai ser tomada em termos da nova geografia na cidade de Lisboa vai continuar a permitir grande mobilidade". A transição para as novas instalações "será pacífica", declarou noutra ocasião.
O novo terminal fluvial do Terreiro do Paço tem uma área disponível de 3500 metros quadrados. Os 150 metros quadrados cedidos à Agência Para a Modernização Administrativa "destinam-se a prestar alguns dos serviços que hoje são prestados nas Lojas do Cidadão", refere a Transtejo. Quais, a agência diz que não sabe ainda em concreto.

Governo queixa-se da renda há cinco anos
Foi gasto mais de um milhão a adaptar o edifício
Há pelo menos cinco anos que os governantes portugueses com a tutela das Lojas do Cidadão se queixam do valor da renda dos Restauradores. "Tem alguns problemas de instalação e renda", dizia, em 2007, a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que na altura equacionava uma mudança, nunca efectuada, para o Terreiro do Paço. Quando a loja dos Restauradores abriu, no final de 2002, o Estado já pagava 40 mil euros mensais pelos seus três pisos à família Aly, proprietária da cadeia de hotéis VIP. A esta soma há ainda a juntar o custo das obras de remodelação desta parte do antigo Cinema Eden, também a cargo do erário público, no valor de mais de um milhão de euros.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem não tem dinheiro, ou quem está numa situação de pré-bancarota, não tem luxos.

Antigamente, quando precisávamos de BI, Passaporte, etc, sabiamos onde nos dirigir.
Depois, demagogicamente, multiplicaram os serviços, E AS DESPESAS COM PESSOAL; RENDAS ETC com estas Lojas do Cidadão, que eu, por experiência própria, ainda demoram mais tempo (sistema informático em baixa, confusão, etc)
Portanto, penso que essas Lojas deviam até ACABAR. Elasnão existem na maioria dos países "ricos" e pouparíamos muito dinheiro, mais bem aplicado Nos Museus e Hospitais, que estão sem pessoal.