12/09/2012

Nova atracção do Terreiro do Paço conta história de Lisboa em seis actos.



Património
Nova atracção do Terreiro do Paço conta história de Lisboa em seis actos
Por Marisa Soares in Público
No Lisboa Story Centre é possível conhecer os acontecimentos mais marcantes da capital, desde a sua fundação. Projecto custou três milhões de euros e são esperados 300 mil visitantes por ano
A viagem demora 60 minutos, mas atravessa séculos de história. Começa nos mitos da fundação da cidade por Ulisses, vai à boleia das caravelas que partiram do Tejo para o mundo, culmina no terramoto de 1755, renasce nos planos do Marquês de Pombal para a Baixa destruída, passa pelo Terreiro do Paço renovado, para acabar numa Lisboa interactiva. Desde ontem, as memórias da capital estão concentradas no Terreiro do Paço, onde foi inaugurado o centro de interpretação Lisboa Story Centre.
Instalado no torreão nascente da praça, este espaço será a "âncora" para atrair turistas àquela zona. Esse é, pelo menos, o desejo do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que ontem se congratulou por ter realizado "um sonho de gerações", devolvendo à cidade o espaço até então reservado aos ministérios.
Além de funcionar como um pólo turístico "estruturante", o equipamento destina-se sobretudo às crianças em idade escolar. "Será um contributo decisivo para a formação, funcionando como um importante centro educativo", sublinhou o autarca. O projecto, apresentado como inédito no país, representa um investimento de três milhões de euros, dos quais 975 mil euros foram financiados pelo Turismo de Portugal e o restante pela Associação de Turismo de Lisboa (ATL), que vai explorar o espaço, aberto todos os dias das 10h às 20h. São esperados 300 mil visitantes por ano.
Os visitantes pagam um bilhete de nove euros - ao contrário do que acontece, por exemplo, no Castelo de S. Jorge, os lisboetas têm de pagar, mas há descontos para crianças, seniores e grupos - e recebem um audioguia disponível em dez línguas e numa versão infantil, que funciona como um mapa da viagem. Nos dois pisos distribuídos por 2200 metros quadrados, sucedem-se salas com ambientes, decorações e até cheiros diferentes, a marcar a passagem de um capítulo para o outro.
Ao discurso informal dos narradores juntam-se elementos visuais que transportam os visitantes para cada um dos períodos retratados. No primeiro piso, os ambientes foram desenhados a pensar em todos os sentidos, até no olfacto e no tacto.
Na sala forrada a madeira e sacos de serapilheira, o cheiro a especiarias lembra os Descobrimentos. Mais à frente, está a réplica de uma caravela e da passarola de Bartolomeu de Gusmão. O terramoto de 1755 é revivido numa sala escura, com bancos de madeira e um candelabro no tecto, que estremecem no momento do abalo recriado também em vídeo. O Marquês de Pombal surge logo depois num holograma, carregado de mapas com os quais planeou a reconstrução da Baixa. E o Terreiro do Paço aparece depois renovado.
No segundo piso, funciona a exposição Lisboa Virtual. Em vários ecrãs interactivos é possível seleccionar acontecimentos marcantes da cidade, como a revolução do 25 de Abril ou a implantação da República, e conhecê-los melhor através de imagens, desenhos ou fotografias, e até de uma maqueta da cidade pré-pombalina.
O conceito do projecto e a execução estiveram a cargo de um consórcio que envolveu várias empresas, entre elas a YDreams, responsável pelas aplicações interactivas, e o olissipógrafo José Sarmento de Matos, consultor histórico que definiu e garantiu o rigor dos conteúdos.
O centro abriu ontem mas ainda há arestas para limar. "Precisa de umas afinações", admitiu o presidente da ATL, Vítor Costa, durante a visita guiada ao lado do presidente da câmara. Este confirmou falhas na sincronização da narração com as imagens. Mesmo assim, não desarma: "É um equipamento muito importante, porque conta a nossa história. É isso que nos diferencia das outras cidades", disse António Costa à saída.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Ainda não vi a dita exposição, mas espero que nos relate a conquista da cidade, ao cerco castelhano durante a Crise de 1383-85, o 1º de Dezembro de 1640, a invasão francesa, o Regicídio... Duvido muito. Por aquilo que a notícia diz, a coisa está nos moldes da nomenklatura chupista. os de sempre.

Anónimo disse...

"com bancos de madeira e um candelabro no tecto, que estremecem no momento do abalo" é brincadeira de crianças.

Bom mesmo era a valer, com tudo a desabar e assistentes a terem de fugir a sete pés, outros feridos, alguns soterrados...