António Costa irrita Seguro e entusiasma críticos
Por Luís Claro, publicado em 19 Jan 2013 in (jornal) i online
Autarca de Lisboa volta a agitar PS com críticas à liderança. Críticos de Seguro convencidos que pode avançar
António José Seguro já fala em eleições e em fim de ciclo deste governo, mas no PS os conflitos internos vieram outra vez ao de cima com as críticas de António Costa, que questionou a capacidade do actual líder para ser uma alternativa “sustentada”. A declaração de Costa irritou os “seguristas”, mas entusiasmou os seus apoiantes, que nas críticas vêem sinais de disponibilidade para se candidatar à liderança.
A discussão, no programa “Quadratura do Círculo”, era sobre os 4 mil milhões de euros que o governo tenciona cortar nas funções do Estado e António Costa disparou contra a direcção do PS: “Quando o PS parte incomodado com o seu próprio passado para este debate, parte diminuído, parte sem autenticidade, parte sem convicção, parte sem capacidade de confrontação, parte sem capacidade de formulação de uma alternativa sustentada”, disse o presidente da Câmara de Lisboa.
A frase caiu mal na direcção do PS, numa altura em que António José Seguro procura afirmar-se como alternativa a Passos, e há quem não disfarce o incómodo. “Do que o PS menos precisa é que existam socialistas a criticar socialistas”, diz ao i o vice-presidente da bancada do PS Fernando Jesus. A direcção socialista desta vez não ficou em silêncio sobre as críticas de Costa e Miguel Laranjeiro apelou a que “todos os socialistas” se concentrem nas críticas ao governo.
A irritação de alguns foi a alegria de outros. Os críticos de Seguro pensam que Costa está a dar sinais de que pode vir a candidatar-se nas próximas eleições directas, que, se o calendário for cumprido, se realizarão no início do Verão. “Há essa hipótese”, diz ao i um deputado socialista e apoiante de Costa.
Mais que o calendário escolhido por Seguro para realizar o congresso, os mais próximos do autarca de Lisboa acreditam que a decisão está dependente da “avaliação que for feita do desempenho desta direcção”.
A convicção entre os mais próximos é que Costa ainda não decidiu, mas também não exclui a possibilidade de vir a enfrentar António José Seguro em eleições internas. A novela já dura há algum tempo e o deputado socialista Fernando Jesus, apoiante de Seguro, assume que “a dúvida há-de continuar até que ele próprio a esclareça”. “Mas não o quero pressionar. Fará a avaliação dele a seu tempo”, acrescenta.
Sempre que se aproxima um congresso do PS, Costa é um dos nomes em cima da mesa, e há quase dois anos, quando Seguro ganhou o partido contra Francisco Assis, não foi diferente. O autarca de Lisboa fez mesmo uma declaração a justificar o facto de não avançar, com o argumento de a Câmara de Lisboa precisar de um presidente a tempo inteiro.
Se o argumento continuar válido, Costa, que vai recandidatar-se nas autárquicas deste ano, não avançará, mas o ex- -ministro da Justiça também tem feito questão de não afastar esse cenário. “Acho que tenho algumas qualidades que poderia mobilizar a favor dessa função”, disse o autarca em entrevista à agência Lusa, no final de Julho, quando lhe perguntaram se ponderava candidatar-se à liderança.
A vida de Seguro não tem sido fácil no PS, mas, desde que deu sinais de se afastar do governo, os ânimos acalmaram. O suficiente para que o líder do PS esteja a ser acusado, pelo PSD e pelo CDS, de querer antecipar as eleições por razões internas. Seguro, questionado ontem pelos jornalistas, negou estar a ceder a pressões internas e criticou os que estão “apenas concentrados na trica e na intriga”. “Uma velha política que rejeito”, disse o líder do PS. A resposta surgiu perante as acusações da oposição, mas também poderia ser para António Costa.
2 comentários:
Como já acabou com o estado desleixado e desmazelado e encardido de Lisboa, e com o estacionamento selvagem (esquecia-me), o Costa já pode pensar em voos mais altos.
a agenda de Antonio Costa não é Lisboa mas sim a sustentação do sobrevivente socratico. Na CML tem permitido a perseguição dos funcionarios menos côr de rosa e incómodos. Assistem a uma luta fraticida entre Sá Fernandes, Nunes da Silva, Roseta, e Manuel Salgado.
Este ultimo controlador e autoritário, com agenda propria é o perfeito tranpolim de antonio Costa.
Uma gestão autarquica vergonhosa e oportunista longe dos lisboetas.
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