«Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Foi com estupefação que tomámos conhecimento do abate de várias árvores com dezenas de anos, situadas na zona conhecida como Ribeira das Naus, em Lisboa. Tanto quanto é do conhecimento público, as árvores em causa não apresentavam qualquer problema fitossanitário, não representando, deste modo, qualquer perigo para as centenas de peões e automobilistas que diariamente cruzam o dito espaço.
E se incrédulos ficámos quando tomámos conhecimento desta situação, mais ficámos quando descobrimos que o motivo por detrás da destruição deste espaço verde da cidade de Lisboa é a intenção de construir… um novo espaço verde!
A associação Árvores de Portugal não quer discutir nomes mas, por norma, desconfiamos de paisagistas que destroem a paisagem. Parece-nos elementar que quando um arquiteto paisagista desenha um jardim deve partir do que lá existe, sobretudo quando o que lá existe são árvores com dezenas de anos, que têm valor enquanto seres vivos e enquanto paisagem que define o local e aqueles que o frequentam e se identificam com o mesmo.
A justificação para estas “requalificações”, perdoe-nos Sr. Presidente, já as conhecemos de cor e salteado: o objetivo é tornar a zona mais bonita! A desculpa é sempre a mesma…Destrói-se para ficar mais bonito, o que em si já é um paradoxo, até que daqui a 50 anos alguém se lembre de pegar no dinheiro dos contribuintes para “requalificar” de novo.
O arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles, que como poucos conhece os espaços verdes da capital, várias vezes tem alertado que, nas cidades, mais importante do que plantar novas árvores é preservar e saber cuidar das que foram plantadas pelos nossos antepassados. As árvores levam décadas a fazer-se adultas e, ao longo desse processo, vão construindo micro-habitats para várias outras espécies, vão retirando toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, bem como de vários gases poluentes, ao mesmo tempo que vão construindo a memória dos locais e das pessoas que os habitam.
A sombra de uma árvore esconde sempre muitas histórias e, por certo, que o Sr. Presidente também terá as suas e não gostaria de ver outros mandar cortar as árvores que povoam as memórias da sua vida.
Concluímos, desta forma, apelando a que intervenha diretamente neste processo, evitando o abate desnecessário de mais árvores.
Antecipadamente gratos pela atenção, com os melhores cumprimentos,
Pedro Nuno Teixeira Santos
2 comentários:
Ora, ora... qum percebe imenso de espaços verdes é o senhor arquiteto Salgado.
É muuito estranha a actuação de Antonio Costa!
Por detrás do constante sorriso de bonomia do Presidente da CML há algo de Maquiavelico , que ao mesmo tempo denota um enorme desdem pela cidade
e pelos seus habitantes
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