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«Ex.mos. Srs.
Peço por favor que publiquem esta minha revolta e indignação.
Faço parte da administração de um condomínio na rua Fernando Maurício em Lisboa, que tem a seu cargo um amplo e vasto jardim, que é propriedade privada de domínio público (como várias arcadas nos antigos prédios de Lisboa). Ou seja, não é nenhum condomínio privado e acho muito bem que assim o seja, pois não me custa, enquanto proprietário daquele espaço, partilhá-lo com todos.
A minha revolta prende-se que o condomínio em apreço, ou seja, eu e todos os meus vizinhos, pagamos em média 300€ por mês na preservação daquele espaço que é para o usufruto de todos, onde se inclui a manutenção através de uma empresa de jardinagem e água para rega. E tal também não me importuna, pois não me importo de pagar, para que todos usufruam daquele espaço.
O revoltante e gritante, é que todos os moradores do bairro, fazem apenas deste espaço, a casa-de-banho dos seus cães. Estão-se marimbando para as crianças e para as pessoas, pois sabem que alguém há de apanhar a bosta que lá deixarem, e esse alguém somos nós, através do condomínio. Grande parte das pessoas em Lisboa, proprietárias de cães, são totalmente desrespeitosas perante o espaço público.
O mais revoltante ainda, é que coloquei ontem uma placa a apelar para que as pessoas não façam deste jardim o WC dos seus animais, e qual presente, hoje deparo-me com um monte de bosta mesmo junto à dita placa. (vede fotos em anexo)
Tem havido forte contestação interna no condomínio, pois parece a muitos (e começo a concordar) que não podemos pagar 300€/mês apenas para que os habitantes do bairro façam daquele espaço casa de banho dos seus animais. Os filhos dos meus vizinhos (que pagam do seu bolso a manutenção do jardim) não brincam naquele espaço por questões óbvias de higiene. Tenho-me debatido fortemente contra a restrição daquele espaço, pois acho que o espaço público deve ser para usufruto de todos. Têm havido várias sugestões para se colocar um muro, ou simplesmente para colocar cimento e deitar as árvores abaixo, pois já que não usufruímos do espaço, pelo menos não o pagamos.
Eu todavia, quero que aquele espaço continue a ser um jardim público, para o usufruto de todos e não me importo, enquanto membro da administração de pagar os 300€/mês para todos, só peço a todos os lisboneses com cães, que tenham vergonha e tenham respeito pelos outros, pois se querem pôr os bichinhos a fazer cocó no chão, que o façam em sua casa, não nos jardins dos outros.
Este exemplo, deve também servir, para que os autarcas comecem a ponderar fortemente, em baixar as taxas munipais (como IMI por exemplo), para quem já paga do seu bolso a preservação do espaço público, que diga-se em boa verdade, deveria ser da responsabilidade da autarquia.
Atentamente
João Pimentel Ferreira»
14 comentários:
http://cidadanialx.blogspot.se/2012/10/menos-informacaoe-mais-repressao.html
Indignação já não chega: Existem ruas em Benfica onde é impossível andar pelos passeios sem manter constantemente os olhos nos mesmos.
É que a diferença entre os dois extremos da trela....já é pouca e, para esta cambada já não devia haver pachorra !
Todos os lisbonenses com cães devem ter vergonha? Imagine que tem um cão e apanha sempre os dejetos dele. Imagine a indignação que provoca ver os outros donos não fazerem o mesmo. E imagine a indignação que provoca ler este texto que nem sequer faz uma distinção entre ser dono de um cão e apanhar os dejetos e ser dono de um cão e não apanhar os dejetos.
Francamente, dá vontade de levar o meu cão ao seu jardim e também não apanhar o que ele lá fizer!
Obviamente que não quis censurar todos os donos de cães, o que há sim, é um desrespeito generalisado pelo espaço público, que se estende a outras áreaa como lixo no chão, carros em cimda dos passeios, etc...
Caro anónimo das 2:06 PM
Repare que apanhar os dejectos dos cães NÃO é o mesmo que higienizar a relva. Por muito boa vontade que se tenha não me parece correcto levar os cães a passear a um jardim onde podem brincar crianças.
Estou certo que pode haver um compromisso entre as duas posições.
gostam muito de colocar as crianças nestas discuções mas a verdade é que elas, hoje em dia só querem jogar videojogos e estar no telemovel
Ficam em casa nos videojogos e nos telemóveis, e é verdade, e segundo dados, em Lx metade estão obesas, e é verdade, porque o espaço público tornou-se pouco acolhedor. No meu tempo já haviam PC e videojogos, spectruns e nintendos e comodora amigas com fartura, só que havia também parques infantis, campos de futebol, jadrins, pracetas livres de carros, etc.
"Pracetas livres de carros"
http://i164.photobucket.com/albums/u17/banithor/Portugal/Pracas%20de%20Portugal/Terreiro%20do%20Paco/ImageMaximized22.jpg~
Fui morador 20 anos na Estrada da Luz, dos 5 aos 25. Brinquei muito nas pracetas da Rua Cidade de Cádis, e não fantasio liricamente sobre o que era a zona na altura: onde hoje há relva havia descampados cheios de lixo, e os carros faziam uma fila de estacionamento a meio da rua. Aliás, quando havia jogo do Benfica, havia estacionamento em todo o comprimento da estrada da Luz. Perto havia um bairro degradado de ciganos (onde hoje estão as torres de lisboa), e a primeira vez que sofri um assalto foi à porta de casa com 12 anos. Hoje nada disso se passa, e ainda bem.
Não confundam revolta do presente com fantasias do passado.
Pois meu caro, mas rua que me viu nascer (Vale Formoso de Cima), haviam pracetas livres de carros e o trânsito era moderado e os passeios eram largos. Mas como entre 1990 e 2004 o parque automóvel de PT cresceu 140% (se num bairro haviam 100 carros passaram a haver 240 carros), o que sucedeu é que os passeios foram reduzidos ao mínimo, as pracetas foram ocupadas e o local onde eu jogava à bola e brincava com os amigos, é hoje um parque de estacionamento. Por isso SIM, sei que a minha infância foi bem mais activa, do que a infância dos putos de hoje, e a culpa é da carrocracia que grassa em PT.
Saudações
Compreendo, mas a culpa não é só dos carros, é da mudança dos hábitos, dos 150 canais de tv, da internet, do computador e também da fobia contemporânea em deixar os miúdos à solta. E da falta de natalidade.
Abraço
E o Vale Formoso de Cima tem lá o Júlio dos Caracóis, não admira que esteja sempre a abarrotar :D
E apareceram nas traseiras tres ruas novas cheias de moradores: Rua Armandinho, Rua Fernando Farinha e Rua Fernando Mauricio. A Varanda do Valeformoso tambem está sempre cheia. Em compensação todas as casas da parte de baixo da Rua do Valeformoso estão agora desocupadas.
O comentario do João fez-me lembrar a musica do Rui Unas e Diana Piedade chamada "Margem Sul" que pode ser ouvida no youtube.
O que sugere V.Exa. a quem recolhe sempre os dejectos dos seus cães? A ideia proposta de "fazer em casa e não nos jardins dos outros" parece falaciosa. Em primeiro lugar, porque há tanta dificuldade em sentar um cão na retrete como haveria ridículo em impor-lhe uma fralda. Em segundo lugar, não serão coerentes as ideias de "os jardins dos outros" e de, filantropicamente, abrir um jardim de 300€/mês ao domínio público. Mesmo os municípios reconhecem que os cães têm que defecar na rua, quando, para tanto, fornecem sacos de plástico para recolha, em alguns - infelizmente, poucos - locais. Sugiro, para uma indignação útil, que proponha alterações legislativas à C.M. Lisboa, no sentido de penalizar as pessoas que fazem do domínio público e da propriedade alheia o local de depósito do que não querem em casa. Se o problema de V.Exa. é exclusivamente privado, então vede a propriedade.
Deixaria o seu filho brincar num relvado onde urinam e defecam todos os cães do bairro, mesmo que em teoria, os respetivos proprietários recolhessem todas esses dejetos fecais? Um relvado não deveria ser nem um mictório nem um defecatório canídeo. O espaço é privado, mas de utilização pública, e ainda bem que assim o é, pois por princípio abomino condomínios fechados, são reflexos urbanos de terceiro mundo.
E por acaso estes animais têm seguro, chip e licença na junta?
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