14/07/2014

Na nova Ribeira das Naus, Lisboa reencontra a sua história e o Tejo

Manuel Salgado diz que "não é preciso ser-se bruxo para adivinhar que esta intervenção será muito premiada", enquanto António Costa frisa que há um prémio já conquistado: haver centenas de pessoas a apropriar-se deste novo espaço público em Lisboa.

Por Inês Boaventura, Público de 14 Julho 2014 | Fotos de Miguel Manso



Depois de removida “a camada de esquecimento e de destruição” que a cobria há várias décadas, a Ribeira das Naus, em Lisboa, quer afirmar-se como um espaço de reencontro, não só com o Tejo, mas também com a história da cidade. A Doca Seca está agora a descoberto, a Doca da Caldeirinha foi retomada e permite, através de um passadiço em madeira, a ligação ao Terreiro do Paço, e os relvados que evocam as rampas outrora usadas pelas embarcações atraem já centenas de pessoas.
A conclusão da segunda fase da obra de requalificação da Ribeira das Naus foi assinalada ontem, numa visita ao local, com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e de vários dos seus vereadores. Além das dezenas de convidados que marcaram presença nesta iniciativa, muitas outras pessoas houve que ali se deslocaram, não para assistir aos discursos de ocasião, mas para usufruir de tudo aquilo que este novo espaço público tem para oferecer.
Deitados na rampa em pedra que vai descendo para o Tejo, ou até com os pés dentro de água, a fazer a pé ou de bicicleta o percurso entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, sentados ou mesmo deitados em fato de banho nos relvados existentes, centenas de portugueses e estrangeiros lá estiveram, demonstrando que agora este espaço à beira rio plantado é também seu.

Dizendo-se “orgulhoso” do resultado final desta obra, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, destacou a qualidade do projecto, da autoria dos arquitectos paisagistas João Nunes e João Gomes da Silva, dizendo que “não é preciso ser-se bruxo para adivinhar que esta intervenção será muito premiada”. O presidente do município foi igualmente elogioso, afirmando que há um prémio com o qual os autores deste “notável projecto” podem desde já contar: ver que há “centenas de pessoas” a apropriar-se daquilo que criaram.



Elogios à parte, Manuel Salgado admitiu que esta foi uma obra “bem mais longa do que se esperava” e agradeceu a “compreensão” da Marinha Portuguesa e dos cidadãos que se viram “prejudicados” por ela. No seu discurso, o autarca sublinhou “o quão difícil é mexer no chão de Lisboa” e a dificuldade que representa compatibilizar empreitadas como esta “com calendários, orçamentos e exigências do QREN [Quadro de Referência Estratégica Nacional]”.

“A relação com a Direcção-Geral do Património Cultural nem sempre foi fácil. Houve muitas paragens, avanços e recuos”, admitiu ainda Manuel Salgado. “No final, esta é uma obra que nos orgulha a todos”, concluiu.

Também um dos autores do projecto agora concretizado, e cuja primeira fase tinha sido inaugurada em Março de 2013, reconheceu que este foi “um demorado processo”, uma “odisseia”. Para João Nunes, a requalificação da Ribeira das Naus permitiu “remover uma camada de esquecimento e de destruição” que desde meados do século passado cobria esta zona ribeirinha.

O arquitecto paisagista sublinhou que esta obra permitiu “retomar um contacto muito directo entre os cidadãos e o rio”, mas também “retomar as geometrias e os espaços que antes existiam”. São disso exemplo a Doca Seca, onde desde o século XVII eram recuperadas embarcações e que está agora visível, e a Doca da Caldeirinha, uma estrutura que remonta a 1500 e que está hoje coberta de água, podendo ser atravessada através de um passadiço em madeira. A juntar a isso, em frente aos edifícios da Marinha, há dois novos prismas relvados, que evocam as rampas varadouro de outros tempos.  
Já o Chefe do Estado-Maior da Armada congratulou-se com o facto de ter sido possível chegar a um projecto que garantisse “a salvaguarda da segurança física e funcional da infra-estrutura de natureza militar”, sem comprometer a solução arquitectónica. Do presidente da Câmara de Lisboa, o vice-almirante Luís Macieira Fragoso ouviu ontem a garantia de que podia contar com o seu apoio para a criação, junto à Doca Seca, de um pólo museológico do Museu da Marinha dedicado aos Descobrimentos.
António Costa frisou, por sua vez, que “esta obra não é desligada de um todo”, devendo ser vista como “mais um contributo para a revitalização da Baixa”. Entre os trabalhos já concluídos nesse mesmo sentido, o autarca mencionou a requalificação do Terreiro do Paço, a nova sede do Banco de Portugal (na Rua do Comércio) e a “rede de elevadores” que ligam a Rua dos Fanqueiros à Costa do Castelo.
A visita à Ribeira das Naus contou ainda com uma cerimónia de entrega de medalhas de mérito municipal a quatro personalidades que, segundo António Costa, “deram um contributo excepcional para podermos ter uma nova relação da cidade com o rio”. Uma delas foi Natércia Cabral, ex-presidente da Administração do Porto de Lisboa, a quem o autarca agradeceu por ter posto fim a “longas décadas” em que entre as duas entidades tudo o que houve foi “contencioso e mau viver”.



32 comentários:

Anónimo disse...

Solução com acabamentos tipo expo! E continuam a insistir nas colunas de iluminação palito! Arre que não aprendem!

Anónimo disse...

Mas aquilo é uma zona de lazer, ou uma praia? Já vejo gente em bikini a "banhar-se" no rio?! Já gora, topless e nudismo, porque não? Não tardará muito para transformarem o sítio numa lixeira a céu aberto, como de costume.

Anónimo disse...

Mais uma intervenção sem qualquer respeito nem relação com a história e a alma do lugar.
Transformaram o Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus numa zona de turismo de massas que tanto podia ser em Lisboa como em Tóquio ou Sidney. Segue-se o Campo das Cebolas...

Marco Rodrigues

Anónimo disse...

Nova Expo, agora no Cais do Sodré... Prás turistas de bikini...

Anónimo disse...

Como fazer de Lisboa uma Costa da Caparica!
Parabéns senhor Salgado!

Anónimo disse...

E só críticas ,críticas e se possível para deitar abaixo!!!!!
Se não fazem é porque não fizeram e se fazem, está mal feito!!

Anónimo disse...

Para o anónimo das 11.46:

Para fazer mal feito, é preferível não fazer nada!

Marco Rodrigues

Anónimo disse...

Mais uma vez se prova que certos comentadores e escribas deste estaminé preferem a Lisboa tacanha, encasacada e fétida de outrora. Provavelmente têm saudades dos mendigos a dormir nas arcadas do terreiro do paço e dos tempos em que passar na ribeira das naus à noite era pedir para ser assaltado.

Anónimo disse...

E será que não são críticas no intuito de se querem fazer ao menos que façam bem, respeitando a zona histórica e abrindo um espaço digno para os habitantes de Lisboa e turistas?!! Agora uma zona "balnear"????

Anónimo disse...

Então e quanto a derrapagens monstruosas nos custos dessa palermice, na qual se gastou como se Lisboa estivesse toda lindérrima e não se deparasse a cada passo com desleixo e badalhoquice, derrapagens essas que já há bastante tempo foram ventilados, inclusivé aqui no CidadaniaLx?

Anónimo disse...

Mas que coisa mais mal amanhada! O rés-do-chão do edifício do ministério fica tapada por aquela ridícula colina de relva! Imagino o que aconteceria se alguém fizesse algo do género em Paris ou em Londres! Mas aqui não se pode criticar nada, ou está a cair de podre ou está em modo "Expo", não há meio termo...

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

Estou satisfeito com a Ribeira das Naus. Pior acho as discotecas dentro do Terreiro do Paco.

Esta vereacao tomou Lisboa de assalto. Ninguém quer a Lisboa enroupada e cinzentona de há anos. Mas tb ninguém quer uma Lisboa presa da vertigem da rebilitacao fácil, vulgo destruicao, do desmazelo em relacao ao seu centro histórico, do lixo por toda a parte, da impunidade na noite, da falta de ordenamento urbano. O executivo camarario em vez de rejeitar liminarmente a pretensao de um dos lobbies da cidade, aceita que se reapresente a insanidade de se construir um parque subterraneo no PR. Se a este triste exemplo do desnorte da CML, juntarmos as feiras no Terreiro do Paco, as empresas que ocupam espacos históricos em Lisboa para se autopromoverem, uma autêntica falta de accao para salvar o património, teremos a receita para uma cidade banal, muito low-cost, sem nenhum do tal charme que o Sr. Costa queria ver a crescer nos hoteis. Ribeira das Naus como está sim, mas nao me tapem o sol com uma peneira...

Anónimo disse...

Fazer praia ali quando a dois passos se podem apanhar comboios para a verdadeira praia, ou, com um pouco mais de "trabalho", o autocarro (ou o barco e o autocarro) para a Caparica, não me parece lá muito sensato, mas há gente para tudo.

Nada que uma irritação na pele ou uma queda no rio não cure.

Anónimo disse...

fazer é fácil, o mais difícil será manter e a julgar por outros tantos exemplos na cidade o futuro desta "renovação" não augura muito. por isso seria desejável que qualquer prémio a atribuir o seja daqui a um ano....

jac disse...

Tantos anos a criticarem que Lisboa estava de costas voltadas para o Tejo.
Agora criticam porque já olha de frente para ele. Espero e rezo para que nunca limpem o rio e apareçam golfinhos porque se já lhe chamam de praia então passariam a chamar lhe oceanário, o que seria muito mau certo!?
Absolutamente Ridículo!
Nem tudo foi bem feito, em tudo existe sempre falhas, agora criticar o que foi feito...

Anónimo disse...

"Para João Nunes, a requalificação da Ribeira das Naus permitiu “remover uma camada de esquecimento e de destruição”

Inserindo duas rampas de betão que ocultam por completo o piso térreo da fachada sul do complexo da marinha.

Sim sim, conta-me mais estórias.


Anónimo disse...


Tirando alguns pormenores na doca da caldeirinha, os tais candeeiros palitos, e as tais colinas de relva - que mais parecem um solário a céu aberto- de uma maneira geral gostei.

-Bem podiam ter plantado mais árvores, como os choupos que plantaram no topo da escadaria, assim como os plátanos em redor do edifício das agências e os pinheiros na doca da caldeirinha.

Durante estes meses de verão aquela área das rampas vai estar exposta a um calor infernal.
Situação que já se verifica desde Junho.

Também gostava de saber quem irá usufruir das rampas durante os meses mais gélidos, ventosos, e chuvosos do Inverno?


Paulo Ferrero disse...

A memória é curta e convém sermos justos: com esta obra (re)ganhou-se um espaço de usufruto público inestimável e isso é inegável, tal como é inegável que esta intervenção é/foi um "tour de force" da iniciativa de ACosta. Ganhou-se uma larga esplanada junto ao rio; os carros diminuíram abruptamente; requalificou-se um espaço que estava deplorável, sob todos os pontos de vista; a ideia da encenação da doca sêca, a abertura do lago e do passadiço, a colocação das novas árvores (duvido que sejam as ideais, mas tudo bem, demos tempo ao tempo...), o salvamento da fileira de plátanos transplantados (obrigado, Alexandre Vasconcellos e Sá!) , o quiosque junto ao olho de Almada (embora faça barulho a mais...)- tudo isso é de aplaudir, pelo menos eu aplaudo! Mas há mtos. defeitos, como é natural, numa obra desta envergadura e deste custo. Desde logo, a estética predominante - pessoalmente, acho-a excessivamente "polis", e, sobretudo, ficamos com a ideia de que este resultado final tanto podia ser na Trafaria ou em Matosinhos como na Baixa. Depois, a altura das 2 rampas e a sua colocação - não se chega a perceber o porquê de tamanha inclinação (e ela chegou a ser diminuída...) e por que se tapa a visão do pórtico principal do Alfeite (só mesmo em frente deste o avistamos, nos demais ângulos não o vemos...). Depois, ainda, a reconfiguração das célebres namoradeiras que vêm do TPaço... reduzidas a banquinhos para crianças. Finalmente, os candeeiros... são maus demais, essa é que é essa - mas isso é reversível, claro, haja vontade e verba para corrigir isso oportunamente... De evitar, é a actual proliferação de pilaretes e múpis, por favor, tirem lá isso!!!

Anónimo disse...

"Também gostava de saber quem irá usufruir das rampas durante os meses mais gélidos, ventosos, e chuvosos do Inverno?"

Também gostava de saber quem é que usufrui de piscinas, praias, parques de merendas, jardins, praias fluviais e etc. durante os meses mais gélidos, ventosos e chuvosos do Inverno?

Para criticar vale tudo, mas sobretudo vale muita desonestidade intelectual. Mas há esperança, pelas respostas ponderadas do Sr. Ferrero e Sr. Velloso que também consideram o que de bom é feito. Haja noção da realidade!

Anónimo disse...

Criticar é sempre importante, é participar.
Todas as obras emblemáticas na cidade de Lisboa e através dos tempos, foram sujeitas a críticas, umas a favor outras contra.
Umas obras permanecem, outras o tempo se encarregou de as eliminar.
Penso que sempre assim será.

Pinto Soares

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Senhores,
critica-se hoje aquilo que se criticou quando apareceu o projeto e pela repetição dos erros do Terreiro do Paço, ou seja, uma estética autista, demasiado de autor e pouco de rigorosa em termos de preservação e interpretação do património - e estamos a falar da área mais sensível de Lisboa, o ponto quente da nossa epopeia internacioanal. Continuo a sustentar que qualquer obra em área histórica deveria ser assinada por arquitetos e engenheiros com especialização, comprovada e académica, na área patrimonial, e nunca por um arquiteto corrente porque os cursos são deficientíssimos em disciplinas de preservação e história de arte.
Este projeto é inegávelmente o resgatar de um espaço outrora miserável mas uma oportunidade perdida de fazer bem. A estética geral é marcadamente modista, pobre e não dialoga em nada com o que se sabe representa aquela parte da cidade. Os candeeiros são pavorosos, a escolha do empedrado não tem qualquer aderência com qualquer referência pré-existente, os acabamentos e a qualidade dos materiais vai, muito rápido, revelar a deficiência da construção e pobre resistência ao uso e à exposição aos elementos. Perto das agência há uma confusão visual com excesso de elementos publicitários e técnicos. Uma bagunça!
Se pode ser revertido e ajustado? Sim, pode, mas quem é que o fará?

Anónimo disse...

"Continuo a sustentar que qualquer obra em área histórica deveria ser assinada por arquitectos e engenheiros com especialização, comprovada e académica, na área patrimonial, e nunca por um arquitecto corrente porque os cursos são deficientíssimos em disciplinas de preservação e história de arte."

Não posso estar mais de acordo, assino por baixo!

Marco Rodrigues

Filipe Melo Sousa disse...

Cortaram um eixo de circulação essencial para quem morava e trabalhava. Para mandar as pessoas para a praia em vez de trabalhar.

A zona a leste da praça de comércio está abandonada e inacessível.

Depois admirem-se que o país esteja falido.

aquimoragente disse...

É indiscutível que esta obra constitui uma melhoria numa zona degradada e abandonada.Mas uma vez mais, coloca-se a questão da falta de regras e fiscalização na gestão dos espaços públicos...o Rio já está transformado num urinol colectivo, a malta toda a beber álcool durante a noite e daqui a pouco todo este esforço e custo de requalificaçâo terá sido em vão, quando vandalizarem os equipamentos, como resultado desta política de "animação" de "Parque Temático" em que Lisboa se tornou. A CML deixou de assegurar as tarefas básicas que lhe competem, em termos de Salubridade e Higiene Pública, Ruido e Ambiente para passar a agir como um agente de espectáculos.

J disse...

Aquele render inicial referente a este projecto que andou por aí é um tanto enganoso. Se olharmos com atenção veremos que os acesso, os paredões que ladeiam a escadaria, assim como as estruturas laterais das duas rampas do varadouro, estão revestidas com um outro tipo de pedra mais nobre, e não com a que lá foi inserida - tipo "polis"- como algumas pessoas já tiveram a oportunidade de referir.

Continuo sem entender porque é que continuam a insistir na colocação dos candeeiros periscópicos.
Quanto aos revestimentos/acabamentos que foram executados na doca da calderiinha: "Idem, idem, aspas, aspas."


Ficou melhor?
Como estava, era difícil não ficar.

Vai ganhar prémios?
Bem, se o júri for constituído quase exclusivamente por pessoas vindas de sectores que não o do património ou o da REABILITAÇÃO(o mesmo tipo de júri que premiou a intervenção que foi feita nas Cardosas) então não duvido!
Até vai ganhar vários!

J A disse...

Bem....quem gostava mais o que lá estava antes que levante o dedo.

Anónimo disse...

Frente rio Sul do Tamisa, onde em 2002 foi construído o City Hall of London.

Reparem na iluminação pública que foi inserida:

http://thumbs.dreamstime.com/z/city-hall-snow-london-uk-23783311.jpg

Alface Ciclista disse...

Julio Amorim, não é preciso recorrer a demagogia como que a chamar o estado anterior para promover um debate e salvar os promotores de quem fez esta nova Ribeira das Naus.
O que havia antes não servia, todos sabemos. Contudo, é totalmente contrário a um debate saudável que se queira diabolizar e exacerbar esse estado sem referir que desde 1993 que a Avenida virou estaleiro permanente com o início da construção das linhas para o Cais do Sodré e Santa Apolónia, da renovação da estação fluvial e ferroviária do Cais do Sodré.
Desde 1993 que a Avenida se encontrava num estado cuja única solução seria reabilitá-la de cabo a rabo.

Ponto 1 - Necessidade de acabar com a Baixa enquanto ponto de atravessamento Norte-Ocidente e Norte-Oriente. Existem vias melhores para fazer essa circulação, nomeadamente Av. Afonso III, Av. Infante Santo e ainda as novas vias rápidas interiores de Lisboa.

Ponto 2 - Necessidade de reduzir ao indispensável o tráfego automóvel Oriente-Ocidente. Ao longo do eixo marginal, estas avenidas constituem um importante conjunto viário urbano que deve ser mantido, mas não violentado como muitas críticas e a própria CML querem fazer.
É que no meio disto tudo já reparou como fica o acesso à estação de Santa Apolónia desde a Baixa e da zona ocidental da cidade, que são o mercado-alvo deste terminal!?

Ponto 3 - Necessidade de proteção da circulação de transportes públicos.
Qualquer viagem que se faça entre Rossio/Praça da Figueira e Cais do Sodré/Santa Apolónia e entre estas duas estações é um martírio de tempo. Viagens que se atrasam, autocarros que não chegam a horas de fazer a virada contrária, caos e mais caos nas ruas do eixo interior, falta de ligação ao terminal fluvial do Sul e Sueste.

Ponto 4 - Aumento do espaço de fruição do elemento água.
Ironicamente, com o desvio do traçado da estrada, hoje o espaço de fruição do rio é menor que antes! Dá a ideia que o objetivo foi construir uma estrada "cénica" onde os automobilistas podem ir vendo o cenário, enquanto os traseuntes tem de se contentar com umas rampas agrestes para ver o rio...e a estrada com os automóveis. Quero recordar que dantes a estrada passava junta aos edifícios da marinha e todo o restante espaço era para fruição das pessoas. Mais tarde esse espaço foi ocupado pelos já referidos estaleiros que proporcionaram aquele abandono já relatado.

Ponto 5 - Transportes públicos
O tempo que se demorava de Alcântara a Xabregas no 28 é hoje o tempo que se demora do Cais do Sodré ao Campo das Cebolas: 15 minutos.

Eu junto-me às criticas negativas da obra. Para o tempo que foi, para o dinheiro que foi gasto exigia-se:
a. uma maior área de fruição do elemento água
b. que as rampas servissem, antes de tudo, para separar o transito automóvel da área pedonal, ou seja, que o traçado viário não sofresse alteração
c. que o trânsito fosse diminuido, mas não estrangulado e enviado para outras zonas de menor capacidade (S.Paulo, Arsenal, Alfândega)
d. que se protegesse o transporte público
e. que fosse acessível

Anónimo disse...

Bem, quem gostava que as coisas fossem diferentes, o património histórico fosse perservado de modo civilizado e morderno, como acontece nas grandes capitais dos países europeus civilizados, levante o dedo.

J A disse...

Continuo a ver nas imagens gente descontraída a usufruir de um espaço aberto (e arranjado) à beira rio !?

Claro que tudo se pode fazer diferente e melhor....mas o que lá está hoje ficou bem melhor (não me estou a referir a estaleiros) do anterior de algumas décadas.

Alface Ciclista disse...

Julio Amorim, quer fazer da cidade um conjunto de imagens de gente descontraída, ou um sítio universal, acessível e funcional?
Se for o primeiro, calo-me.
Se for o segundo, o que lá está não é melhor que aquilo que foi. Volto a frisar: com esta alteração deu-se ao automóvel aquilo que os peões tinham: usufruto da frente-rio.