Quando a Câmara Municipal de Lisboa lançou o Plano de Acessibilidade Pedonal, foi transmitido à população que o mesmo se baseava em diversas premissas, como sejam, manter a calçada artística existente, sobretudo nas zonas históricas, criando, onde se justificasse, sobretudo em zonas inclinadas, soluções de melhoria do conforto dos peões na calçada branca, também ela Calçada Portuguesa, por definição (ver Manual da Calçada Portuguesa, 2009, da DG Energia: http://www.peprobe.com/wp-content/uploads/2014/05/Portuguese-cobblestone-pavement.pdf).
Em vários locais assistiu-se à renovação da calçada, sem buracos mas também à introdução de cubos de basalto para melhorar a aderência. No entanto, em zonas históricas assistimos à total substituição da calçada (Rua da Vitória, Praça do Comércio, Miradouro do Adamastor, etc., etc. E mesmo em outras zonas da cidade, estamos a assistir à total substituição da calçada portuguesa (branca) por cimento, mesmo quando se propagou que apenas seriam criadas faixas confortáveis em outros materiais. As faixas rapidamente se transformaram em toda a largura do passeio. É o caso da Avenida da República (foto).
Não se pode usar o argumento de que a calçada, em alguns casos, pode provocar quedas a pessoas de mobilidade reduzida, quando o problema não é a calçada em si, mas a forma como foi colocada ou é mantida. A resolução dos problemas das pessoas de mobilidade reduzida, bem como das restantes, passa pela adaptação e correcção da calçada existente nos pontos considerados problemáticos (designadamente misturada com cubos basálticos para maior aderência) e não pela substituição generalizada, por toda a cidade, de outros pisos.
Lisboa é um sucesso turístico internacional porque é uma cidade diferente, com características diferentes, sendo a calçada portuguesa apontada como elemento diferenciador e de atracção mundial.
A calçada portuguesa (branca ou artística) é um património único e que merece ser classificada como património mundial dada a sua clara singularidade a nível mundial.
Vamos eliminar um dos poucos elementos distintivos e diferenciadores que nos posiciona no mundo como mais nenhuma cidade (e país)?
É nosso dever defendermos o património que outras gerações nos legaram, pois somos apenas fiéis depositários e devemos transmiti-lo para o futuro. É nosso dever defendermos a cidade de Lisboa e contribuirmos para o seu sucesso no mundo, beneficiando-nos a todos.
A petição lançada, com estes argumentos, já ultrapassou as 4.000 assinaturas e pretende-se levá-la à Assembleia da República, porque a calçada é um património nacional e mundial e que não pode estar na livre disponibilidade da autarquia de Lisboa
7 comentários:
Não é preciso a calçada estar danificada para constituir uma dificuldade acrescida para cidadãos com mobilidade reduzida. Não é por acaso que se opta por superfícies lisas e aderentes em qualquer projecto preocupado em garantir a acessibilidade universal.
A manutenção que a calçada exige — se bem entendi o texto, aquele que vocês consideram ser o ponto essencial neste debate — é comparável à de outras soluções? Isso também deve ser tido em consideração. Desconheço por completo os gastos de instalação e manutenção por m2 de cada alternativa.
Reconheço que é difícil encontrar um equilíbrio entre a acessibilidade e a preservação do património. As fotografias que vocês apresentam bem o demonstram. Mas, a meu ver, o mais importante nos espaços públicos de uma cidade é o uso que os cidadãos deles fazem. Todos os cidadãos.
Deverão fotografar a avenida qdo estiverem concluídas as obras. Nesse espaço entre o novo pavimento e a faixa de todagem está previsto o uso de calçada portuguesa
Calçada portuguesa larga e espaçosa ao lado de uma ciclovia estreita. Adivinhem onde é que os peões vão meter os pés. Vejam o rico exemplo da Duque de Ávila. É preciso começar a perceber quais as implicações de se quererem agarrar à tradição.
E este novo e moderno piso em pouco tempo fica com um aspecto sujo que dá um ar conspurcado à cidade .
A CML já esclareceu, essas fotos estão 'fora de contexto', não reproduzem a realidade. O plano previsto a zona de calcada até aumenta na praça do Saldanha.
Para mim, zonas habitacionais nao fazem sentido terem calcada, como onde vivo em Benfica... uma rua de calcada, a descer, sempre com buracos... péssimo!
Este post é impreciso, ingénuo, precipitado e irresponsável. Vejo agora que também caíram na esparrela do fulano que publicou estas imagens, acompanhadas de uma legenda absoultamente falsa, e esperava sinceramente mais desta página, que já sigo há anos. Demonstraram não estar muito acima dum vulgar comentador de Facebook e se não clarificarem o vosso artigo com uma actualização, tal como o indivíduo em causa hipocritamente não fez (mesmo após redireccionar as pessoas para o meu post de resposta para se defender), vou considerar seriamente apagá-lo dos meus feeds RSS e deixar de o seguir.
Não tenho grande vontade de me repetir, já disse o que tinha a dizer sobre o assunto e sou também, aliás, um acérrimo defensor da calçada, por isso deixo aqui a ligação para o tal post a que me referia:
https://www.facebook.com/joaofrgomes/posts/10210442798087723
İm writing a thesis on this subject and totally i agree about that. Could anyone help me to find academic writings or articles on calçada? My email: yalcinazat@yahoo.com
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