Dr. Fernando Medina
Exma. Senhora Ministra da Cultura
Dra. Graça Fonseca
CC. Embaixada do Japão, AML, Vereadores da Cultura e do Urbanismo e media
Escusado será lembrar a V. Exas. que Wenceslau de Morais é uma figura incomum na cultura portuguesa e uma personalidade única na relação de Portugal com o Oriente, em especial, com o Japão. O respeito e consideração por esta figura deveria reflectir-se também na preservação da sua casa, a única em que viveu em Lisboa enquanto aqui permaneceu, do nascimento até à sua partida definitiva, que é situada no nº 4 da Travessa da Cruz do Torel.
O prédio apresenta-se hoje com adaptações típicas dos anos 50, mesclado com alterações espúrias recentes, encontrando-se em manifesto mau estado geral, como se pode perceber nas fotografias, nomeadamente com manchas de humidade em diversos pontos, profusão de caixas de estores e de cabos de telecomunicações, portas metálicas de três tipos diferentes, cantarias pintadas.
Porta metálica de entrada e painel de azulejos
Portas e janelas metálicas recentes, destoando do conjunto, com cantarias pintadas
O único marco que assinala que ali viveu o escritor e militar Wenceslau de Morais é um curioso painel de azulejos da responsabilidade do Rotary Clube com inscrições nas línguas portuguesa e japonesa. O local é visitado por grupos de turistas japoneses que em geral parecem mostrar-se decepcionados com a sua pobreza e indignidade, que não se resume ao prédio mas a toda a envolvente – paredes grafitadas, fachadas em mau estado de conservação, estacionamento automóvel selvagem, asfalto e passeios em péssimo estado deplorável. Esta é uma situação que se arrasta há demasiado tempo, o que nos leva a crer que o respeito e a consideração dos poderes culturais da cidade por esta figura se resume a discursos de ocasião.
Para que se contrarie essa ideia já generalizada, cremos que seja de todo indispensável que a CML e o Ministério da Cultura façam algo de facto para que todos passemos a pensar de outra forma sobre o que a cidade e o país entendem por respeito e consideração por uma das figuras cimeiras da nossa Cultura.
Deste modo, sugerimos a V. Exas. que, considerem:
1. A posse do prédio, como vista à sua reabilitação cuidada e à sua transformação em casa-museu e local de homenagem permanente e palpável a Wenceslau de Morais.
2. A reabilitação da zona que, de resto, não exige nenhum esforço especial, podendo resumir-se ao calcetamento integral da Travessa e à interdição de estacionamento, excepto a moradores, com demarcação a tinta ou pedra.
3. A melhoria da iluminação pública.
4. A arborização do passeio em frente da casa de Wenceslau de Moraes com a plantação de 3 árvores, da espécie Ginkgo biloba, árvore do Japão e da China, em caldeiras, e a colocação de 2 bancos de jardim.
Na expectativa, apresentamos os nossos melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Nuno Caiado, Bernardo Ferreira de Carvalho, Irene Santos, Jorge Pinto, Paulo Trancoso, João Pinto Soares, Fernando Jorge, Ana Alves de Sousa, Pedro Jordão, Maria do Rosário Reiche, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Pedro de Sousa, Inês Beleza Barreiros, Gustavo Cunha, Rui Pedro Martins, António Araújo, Júlio Amorim, Nuno Vasco Franco
3 comentários:
Seria interessante que a Cml, em parceria com o Museu do Oriente, organizasse uma exposição sobre a vida e a obra de Wenceslau de Morais.
Pinto Soares
Com tantos problemas de habitação em Lisboa, não seria estranho a CML desocupar um edifício porque se lembraram de ali fazer um museu? Haja bom senso.
Com o mau gosto que domina na CML não sei se não será mais prudente deixar a coisa como está. Se a edilidade pega no prédio e na ruazinha que lhe dá serventia, temos logo uma fachada envidraçada, um telhado cinzento com águas furtadas quadradonas e o os lugares de estacionamento desaparecem, para dar lugar a um rampa cimentada, com pista para bicicletas. Como morador desse bairro, tremo com as intervenções da CML.
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