In Diário de Notícias (6/7/2007)
«Na notícia em apreço vêm referidas sob o título "Receios infundados" as críticas apontadas por organizações ambientalistas e de cidadãos sobre o impacte na cidade de Lisboa da construção no Cais do Sodré das sedes da Agência Europeia de Segurança Marítima, do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência e ainda do Centro de Informação Europeia Jacques Delors.
Queríamos, antes do mais, dizer que as posições tomadas pelas organizações ambientalistas e pelos cidadãos não são irreflectidas, antes resultado de muitos anos de vivência na cidade e de estudos levados a efeito no local, pelo que deveriam ter sido tomadas em linha de conta.
Quem vive a ama a cidade tem uma posição de defesa de valores que não podem ter aqueles que encaram as situações de uma perspectiva meramente economicista e de oportunidade para negócios. São aqueles que vivem na cidade que sofrem os erros que vêm sendo cometidos em Lisboa.
Pensamos que já vai sendo tempo, ao fim de trinta e três anos, de ouvir a opinião dos cidadãos e de quem vive e realmente se interessa pela cidade de Lisboa. Tal opinião não foi ouvida neste caso concreto. Mais uma vez estamos perante um facto de défice democrático grave.
De todo o modo queremos aqui reafirmar inequivocamente a nossa posição contrária às obras no Cais do Sodré da responsabilidade da Administração do Porto de Lisboa pelas razões a seguir apontadas:
- O local para a realização das obras foi mal escolhido como dá a entender o próprio arquitecto responsável da obra, Manuel Taínha, quando diz que "não foi ele a escolher o sítio para aquelas estruturas" (Jornal de Notícias de 11 de Maio de 2007). De facto, a volumetria excessiva dos edifícios vai comprometer de forma muito significativa o equilíbrio ambiental e construído de uma das zonas mais nobres da cidade de Lisboa, pese embora o facto de parte das construções novas ser perpendicular ao rio;
- Para a realização de tais obras foram sacrificadas várias dezenas de árvores de uma vasta área com zonas densamente arborizadas. Garante a APL que as árvores removidas serão replantadas, a glicínia centenária preservada e o relógio da hora legal recolocado e a funcionar. Estas são boas notícias, gostaríamos, contudo, de saber qual o número e espécie das árvores abatidas, garantindo desde já que iremos seguir atentamente a evolução da obra e certificar se as promessas agora anunciadas irão sendo cumpridas.
- O Empreendimento agora em fase avançada de construção irá criar um forte impacte visual e um corte de ligação com o rio que se pretendia de usufruto para a população em toda a extensão da zona ribeirinha, como era também vontade da Câmara Municipal de Lisboa várias vezes expressa. Não podemos assim, de forma alguma, estar de acordo com o Sr. Daniel Esaguy da APL quando prevê um passeio pedonal junto á água de, imagine-se, apenas cinco metros de largura.
Por tudo o exposto se verifica que não são infundados os nossos receios, conforme afirma no referido artigo o Sr. Daniel Esaguy. |
Associações ambientalistas e moradores de Lisboa »
Ou seja, Associação Lisboa Verde, Quercus e Fórum Cidadania Lx.
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