In Público (10/1/2008)
Ana Henriques
«É verdade que já lá vão muitos anos desde que deixou o vício, mas o olhar crítico ainda é o de um ex-fumador. O vereador social-democrata Fernando Negrão propôs ontem que a Câmara de Lisboa lance uma campanha para que os fumadores deixem de conspurcar as entradas dos edifícios com beatas, agora que se tornou quase impossível puxar de um cigarro nos locais de trabalho.
A utilização de papeleiras, muitas das quais têm um espaço próprio para apagar cigarros, e a colocação de cinzeiros no exterior dos edifícios foram as sugestões do autarca, acolhidas com entusiasmo por outro ex-fumador, o presidente da autarquia António Costa. "A nova norma higiénica não se pode transformar numa norma de conspurcação do espaço público, como está a acontecer", declarou. O efeito da nova lei era visível a poucos metros dali, com a calçada que ladeia o edifício camarário da Rua do Ouro pintalgada de inúmeras piriscas, umas consumidas até ao âmago, a maioria largada ao seu destino com menos sofreguidão.
"Esta lei é positiva do ponto de vista da saúde pública, mas cria problemas de higiene urbana", disse António Costa. "Já fui fumador de charutos quando ganhava para isso", contou o vereador das Finanças, que deixou um cargo bem remunerado na banca para exercer funções na autarquia. Da sua observação do comportamento dos clientes extraiu uma conclusão: "Quando a mesma unidade [leia-se caixote] é cinzeiro e papeleira ao mesmo tempo, as pessoas não fazem distinção" entre uma e outra função.
Já o vereador comunista e fumador Ruben de Carvalho teme que incentivar todos os que compartilham o vício a usar os cinzeiros instalados nos caixotes de rua possa atear indesejáveis fogueiras um pouco por todo o lado, até porque parte destes objectos de mobiliário urbano são em plástico. Seja como for, o assunto está a ser analisado pelos serviços camarários, devendo ser votado pelos vereadores dentro de dias. Pelo menos até lá, as calçadas vão continuar repletas dos pequenos cadáveres acastanhados e da respectiva cinza, numa cidade que, como diz Fernando Negrão, já não prima pela limpeza das suas ruas.»
Perfeitamente de acordo. O povo português é porco, e daí não sai.
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14 comentários:
A calcada portuguesa tem todo o tipo de desvantagens:
- acumula lixo nos interstícios (ex: beatas)
- altos custos de manutenção
- é cara
- inestética
- difícil de transitar para as mulheres de salto
- piso irregular
- desfaz-se com facilidade e torna-se uma poça de lama quando chove
Tiques de terceiro-mundismo dos quais temos dificuldade de nos livrar enquanto não mudarem as mentalidades. Os velhos do restelo acham que aquilo é que é. Onde está a brigada do "se fosses ver a Paris e a Londres" quando precisamos deles.
Em RIGA (letónia) onde é proibido fumar em qualquer espaço fechado (sem excepções) existem papeleiras com cinzeiros de poucos em poucos metros.
Por isso, ou por educação dos habitantes, as ruas, avenidas, estradas e auto-erstradas estão impecavelmente limpas.
Já se esperava que a proibição de fumar provocasse este aumento de beatas no chão. É uma questão de a administração acompanhar.
Agora aproveitar o lixo para criticar a calçada portuguesa...
Os problemas que a calçada portuguesa tem deve-se sobretudo á falta de manutenção. Estando mantida, não tem qualquer problema.
Não vejo qualquer tique terceiro-mundista em manter a calçada. Seguir outros países e colocar simplesmente cimento ou alcatrão, além de desvirtuar um dos principais prontos de diferenciação de lisboa e cartaz turístico, é que seria um tique terceiro-mundista.
Caro Sr. Filipe Sousa
Ainda não percebi bem a sua atitude.
Ora a estética é uma argumento que não interessa,ora é argumento que se utiliza.
Ora o que é de fora é bom, ora o que é nacional é bom.
Bem, mudar de opinião não é mau. Mau é naõ ter quaisquer critérios e armar-se em Vasco Pulido Valente e disprar em todas as situações.
Mau é disfarçar boçalidade e arrogância com frontalidade.
As suas intervenções têm sido, sempre, sem excepção, poluidoras da saudável intervenção neste BLog e são as suas intervenções que despoletam tudo o que de mau não deveria haver neste blog.
Sabe, ser louco, génio ou arrogante, ser Dali, Vasco Pulindo Valente ou Mourinho não é para quem quer é para quem pode.
"Lisboa aparece em terceiro lugar no "top ten" mundial dos locais a visitar em 2008. O conselho é dado pela ShermansTravel, editora norte-americana de publicações de viagem, em parceria com o Yahoo! Travel. Os primeiros lugares da tabela são ocupados pelo Butão e pela Gronelândia.
E porquê Lisboa? Pela sua acessibilidade em termos económicos. "É a capital mais barata da Europa Ocidental", refere a editora norte-americana. A publicação salienta também, as sete colinas da cidade, A CALÇADA PORTUGUESA e a sua cozinha inovadora."
SUBLINHADO MEU
«"Lisboa aparece em terceiro lugar no "top ten" mundial dos locais a visitar em 2008.»
«A publicação salienta também (...) A CALÇADA PORTUGUESA (...)."»
Pois, uma coisa é VISITAR, outra é viver... A calçada (excepto a de algumas ruas da Baixa) é muito típica e gira para os turistas, mas não tem muita piada para quem com ela convive todos os dias em todo o lado...
"Ora a estética é uma argumento que não interessa,ora é argumento que se utiliza."
O menino é de compreensão lenta. Quando se trata da casa dos OUTROS, não há o que dizer em termos de estética. Quando se fala em desperdiçar verbas públicas em passeios inestéticos na via PÚBLICA já cada um tem algo a dizer certo?
;)
É mesmo à tuga.
Tal como os restaurantes que tiveram quase um ano para decidir o que fazer à vida e só decidiram nos últimos dias (em muitos casos por moeda ao ar e logo se vê), também a edilidade só agora se lembrou(!) que as entradas dos edifícios virariam lixeiras?
Melhor, vão ainda criar uma comissão para estudar a solução mais eficaz...!
Não é preciso!
Coloquem vasos com areia. Anula-se o risco de o pessoal pegar fogo aos caixotes do lixo e quando os fumadores forem eliminados do planeta (no meu caso já estou a tratar de adquirir um terreno na lua) podem aproveitar os canteiros para florir as entradas dos edifícios
A brigada está aqui !!!!!
http://cidadanialx.blogspot.com/2007/02/ainda-sobre-bela-calada-de-lisboa.html
Caro Sr. Filipe Melo Sousa.
Confirma-se a sua extrema falta de educação.
Esta história de ser a favor ou contra as calçadas é uma autêntica patetice.
A calçada portuguesa faz parte da História de Lisboa e deverá existir, com manutenção, nas zonas históricas como a Baixa e o Chiado.
O que não se compreende e que não aprovo é quea actualmente se continuem a construir autênticas cidades na Alta de Lisboa, Benfica e Parque das Nações e se utilize o mesmo sistema. Isto é que é não evoluir.
Não digo que se utilize betão em vez da calçada nestas zonas, mas há soluções bem mais baratas.
É só dar um pulo a Madrid e ver.
Concordo.
Já nas envolventes do Parque das Nações foram feitas grande extensões de pavimento a imitar calçada portuguesa.
A calçada portuguesa em muitas zonas só serve para gastar dinheiro...e andarmos em buracos. Mas...vamos estar muito atentos ao que possa substitui-la, porque betão e alcatrão.....NÃO !
JA
mas... preocupados com as beatas no chão? mas já viram o estado em que estão 80% dos passeios em Lisboa? a fantástica quantidade de lixo, de poias de cão, de entulho, de todo o tipo de desordenamento no mobiliário urbano... isto não é um ofensivo folclore? beatas? por favor parem de falar em brincadeiras e exijam respeito dos nossos políticos.
gostei particularmente do entulho no pátio interior do mosteiro de são vicente de fora. também deve ser culpa dos fumadores, e não da câmara que lá o vazou
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