18/07/2008

Fundação Saramago


Triste destino o da Casa dos Bicos que, mandada erigir por Brás de Albuquerque, filho do conquistador de Ormuz e Vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque em 1523, apresenta ser um exemplar único da arquitectura renascentista de inspiração italiana em Lisboa.

Triste sorte acabar cedida a interesses cuja história em que se viu envolvida sempre desdenhou! José Saramago, prémio Nobel da Literatura de 1998 e agora senhor da Casa dos Bicos, numa entrevista publicada no "Diário de Notícias" defendia, que Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria para não ofender "os brios" dos portugueses. E mais: o escritor, que reside há anos na ilha espanhola de Lanzarote, considera que Portugal, "com dez milhões de habitantes", teria "tudo a ganhar em desenvolvimento" se houvesse uma "integração territorial, administrativa e estrutural" com Espanha. Portugal tornar-se ia assim, sugere Saramago, mais uma província de Espanha: "Já temos (já temos é expressão do autor) a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla La Mancha e tínhamos agora Portugal".

A esta afronta se a resposta à data por parte do governo português foi frouxa e tardia, Saramago foi grosseiro e mal agradecido, exibindo um livre pensamento carregado de ressentimentos. Se Saramago tivesse atacado a independência de Espanha, se acaso Espanha fosse a sua pátria, qual pensam que teria sido a resposta da sociedade espanhola e do seu governo central?
Jorge Santos Silva

12 comentários:

Anónimo disse...

Não esqueçer que Saramago vem de uma outra INTERNACIONAL .... A doutrina marxista com projecto de dominio internacionalista .... Não esqueçer também o seu comportamento durante o PREC e a sua atitude perante os colegas do Diário de Notícias ... Além disso mostrou-se à altura das tendências naturais de muitos portugueses .... fugir, e não só dizer mal, mas desenvolver um PROJECTO DA MAIS ALTA TRAIÇÂO À PÀTRIA que o viu nascer...

Paulo Ferrero disse...

Caro Jorge,

Nacionalismos à parte, o que me preocupa é mais as ruínas e o facto de ser uma cedência de um MN a um privado.
Sobre o último ponto, acho que já não há 'timing' para qualquer 'brainstorming'.
Sobre o primeiro, acabo de vir da Casa dos Bicos onde me foi garantido que o protocolo será objecto de adenda com vista à preservação e conservação das ruínas (tanques de salga, restos de cerca moura e muralha fernandina, e mosaicos), para futuro uso da fundação e visita do público, pelo que...

Anónimo disse...

Durante anos e anos a Casa dos Bicos esteve literalmente abandonada. Depois veio, nos anos 80, aquela história dos Descobrimentos fizeram o que fizeram na Casa dos Bicos. Acabou a XVII (acho que era assim que se chamava) e a Casa dos Bicos passou a casa de escritórios. Nunca ninguém se manifestou. Agora que provavelmente irá ter uma actividade cultural que pode dignificar-nos, a nós portugueses e à cidade de Lisboa, aqui-del-rei que foi entregue a cobarde antipatriota que fugiu de Portugal.
É precise que nos lembremos que ele se viu forçado a deixar a sua pátria pelas questiúnculas sem conta nem medida que o seu governo da altura (era secretário de estado da cultura o senhor Lopes e tinha outro secretário de apelido Lara)lhe moveu.
Defender a Ibéria em vez de Portugal e Espanha não vejo que seja antipatriotismo. Grandes portugueses o têm defendido.
Eu não tenho uma admiração cega por José Saramago mas estou muito contente por poder ser dada utilidade à Casa dos Bicos. Ainda bem!

Lesma Morta disse...

Naturalmente que não está em causa a recuperação da Casa dos Bicos e a sua abertura ao público que urge. O que aqui se levanta é a oportunidade do destino que se lhe reserva que particularmente acho nada ter a ver com o espaço. Em outra intervenção sublinhou-se a existência de um espolio interesante de Damiao de Gois, as ligações de D.Joao II com os Medici, Francisco de Holanda, tratados de arquitectura, etc. que fariam a ligação da familia que habitou a Casa com a arquitectura da mesma, edificando-se assim um museu do renascimento e maneirismo em Lisboa. Não basta recuperar. É necessário integrar com a lógica do local.

Jorge Santos Silva

Anónimo disse...

A Casa dos Bicos só "podia" ter um destino museológico ligado aos Descobrimentos e ao Renascimento,integrado na lógica do sítio ou "locus" histórico,como diz e bem J S Silva,aqui neste comentário anterior.Porém é o mesmo J S S,autor do "post" que induz e muito mal,a apelidar Saramago de "traidor",sabendo-se que o Iberismo remonta ao séc.XVII.
Se como dizia Pessoa a língua é a pátria,Saramago é o maior patriota vivo,Nobel por mérito,emigrado por maus-tratos(V.Marques,relembra-o atrás).
Merecia a casa do "Nobel" da Arquitectura,o Pavilhão de Portugal de Siza.Também abandonados e maltratados(Siza e o Pavilhão).Portugal não honra os seus Grandes!!(talvez a "Ibéria" o fizesse!).Por estas e outras há tantos portugueses que não gostam de Portugal,como diz José Gil...

18-7-08 Lobo Villa

Anónimo disse...

Ao menos dá-se uso ao edificio que, desde a XVIIª Exposição, não tem uso merecido. Não sei se este será o que mais se adequa mas... ok. Em relação à mesnsagem anterior, concordo. Esta CML está-nos a sair pior que a encomenda. A cidade está literalmente abandonada?

Jorge Santos Silva

coment de "lesma morta", o mesmo Jorge S Silva que fez este post, no post de João Oliveira Leonardo em 11:05:00.
Ah meu ganda maluco, andas ta ganzar, não?

Lesma Morta disse...

E sem querer entrar em diálogo também disse de seguida que "não sei se será o que mais se adequa". Evidentemente que faça-se o que se fizer, tudo é melhor do que estar no actual estado mas a minha opinião em relação ao que melhor se adequaria mantem-se. E já agora seria interessante assinar o comentário.

daniel costa-lourenço disse...

Prefiro a Casa dos Bicos entregue a Saramago do que entregue à CML e ao abandono....

Arq. Luís Marques da silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arq. Luís Marques da silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Arq. Luís Marques da silva disse...

Vi, ouvi e pensei sobre este tema de entregar a Casa dos Bicos á fundação José Saramago; não me afligirá tanto assim o facto de ser para quem é com as suas tiradas antipatrióticas quase a chegar ao "refogado".
O que para mim está de facto em causa, é a possibilidade de ser destruído um valioso património, nomeadamente o existente ao nível das fundações, porque ainda não se sabe nada do projecto definitivo e em que moldes, serão executadas as obras daí advenientes. Preocupa-me também a forma gratuíta como hoje em dia, são atribuídos os estatutos de fundação e o facilitismo com que se doa ou empresta o património nacional, atribuindo edifícios para para as mesmas .
Uma fundação, presume uma mais valia para o estado, contribuindo com o fomento de áreas que sejam de grande interesse nacional. Uma fundação presume uma fonte de rendimento suficiente para se auto sustentar; uma fundação presume possuir um edifício, onde possa ficar sediada (exemplos da Gulbenkian, Espirito Santo, Cupertino de Miranda, Serralves,e por aí fora).
Quando se invertem os papéis e se começa a permitir a criação de fundações a todos os que assim o desejem, por mais ilustres que sejam e ainda por cima é o próprio estado que fornece os meios de subsistência para a sua existência, pergunta-se onde fica o interesse de instituir uma fundação?

Anónimo disse...

Depois de ver o caminho que este 'post' está a levar...não consegui de maneira alguma deixar de comentar. Desde opiniões pouco precisas que até mais tarde são corrigidas, até opiniões que não são formuladas e fogem á questão principal, BEM ou MAL!!! Vejamos, estamos a falar da Casa dos Bicos, em Lisboa, que foi construida a 1523 a mandato de D.Brás de Albuquerque, com o fim de ser sua habitação, com o terramoto de 1955 ficou sem os últimos dois andares, sendo assim vendida e tornando-se um armazém e sede do comercio de bacalhau. E só em 1983 devido á XVII Exposição Europeia de Artes, Ciência e Cultura, foi reconstruida tal como era em 1925, ficando até aos nossos dias com esta magnifica fachada. É simplesmente um prédio sem igual, que foi habitação do filho natural legitimo Conquistador de Ormuz, tornou-se mais tarde num armazém e muitos anos depois foi reconstruido, (sabemos todos nós a razão). Até há pouco tempo atrás, de portas fechadas ao serviço da Camara Municipal de Lisboa.
José Saramago,nasceu em Azinhaga a 16 de Nov. 1922, é um escritor roteirista como jornalista e singular poeta PORTUGUÊS, em 1998 é consagrado como NOBEL DA LITERATURA, recebeu o PRÉMIO CAMÕES (mais importante da língua portuguesa), foi director do Diario de Noticias e fundador da FNDC; Frente Nacional para a Defesa da Cultura, neste momento vive nas Ilhas Canarias, Lanzarote.
Será que a ida de José Saramago para as ilhas canárias não terá sido grande parte por Portugal não dar o valor a um PRÉMIO NOBEL??? (claro que tem grande peso sua esposa Pilar del Rio, ser Espanhola) Por favor, não discutam se foi bem sucedida esta decisão... porque FOI... José Saramago é Português e têmos que 'abraça-lo' com todo o carinho e estima. Será que por não ter sentido este patriotismo saiu de Portugal? Não concordam que reunir o maximo de patrimonio no mesmo lugar foi boa ideia? ou era preferivel construir outra infraestrutura? (como o museu dos coches) Será o renascer de duas coisas que têmos que ter orgulho, e juntas, terá um grande valor. Vamos nos reunir e dar a boas-vindas a estas iniciativas, e não reprová-las só porque achamos que tudo está a ser mal feito... Imaginem a casa dos bicos com uma linda iluminação e lá dentro o espólio todo de um PRÉMIO NOBEL PORTUGUÊS, JOSÉ SARAMAGO... tenho certeza que o orgulho português nos vai vir ao de cima.... Seja muito benvinda a Fundação José Saramago.
Aproveito para dar os meus sinceros parabéns ao blogue Cidadania Lx, pois trata de assuntos verdadeiramente importantes para a vida de Lisboa, deixo também a sugestão de alargarem os vossos comentários para o resto do país, pois têm conhecimentos para tal.
Só posso terminar com uma pergunta que me fiz quando vi a ausência pesoal de José Saramago em Portugal... Estará Jose Saramago contente com Portugal? de certeza que me sabem responder pois o vosso blogue relata falhas muito grandes a todos os níveis... concerteza José Saramago concorda com grande parte... se calhar por isso fez o que nós dizemos tantas vezes... quem me dera que 'isto' estivesse melhor (ERRATA- que se leia; quem me dera não morar em Portugal)
Melhores cumprimentos
César Patrício