Na foto, escadaria agora descoberta junto ao torreão poente. Pela imagem tudo leva a crer que identica escadaria se encontrará junto ao torreão nascente.
Esta semana depois de ter tido conhecimento do achado arqueológico, Elísio Summavielle responsável pelo IGESPAR desceu até à margem do Tejo acompanhado por arqueólogos, para perceber até que ponto a pressa da empreitada que está a fazer as obras de saneamento não tinha danificado irreversivelmente vestígios ali encontrados.
"Suspirámos de alívio", descreve o responsável pela arqueologia náutica e subaquática do instituto, Francisco Alves. "Apesar de terem avançado com as máquinas sobre os vestígios sem autorização da tutela, estes já haviam sido registados [por desenho e fotografia] pelos arqueólogos que acompanham a obra". Além disso, continuava de pé uma escadaria em pedra, velha de vários séculos, que apareceu defronte do torreão poente da Praça do Comércio. Um poderoso anel metálico cravado a meio dos degraus atesta uma das suas funções - a amarração de barcos.
A escadaria estava enterrada e ninguém sabia da sua existência até as obras em curso a resgatarem ao passado. Irá agora ser desmontada para abrir caminho à passagem da conduta do esgoto, mas mais tarde ficará à vista de toda a gente, já que será remontada no lugar onde apareceu. À primeira vista parece fazer parte da amurada do Cais das Colunas. Os arqueólogos garantem que não, que poderá ser da época dos Descobrimentos.Vandalismo ou não?
Quanto aos achados destruídos pelo empreiteiro sem autorização do Igespar - restos de um cais de pedra prolongado por pontões de madeira assentes em estacaria -, o especialista em arqueologia náutica e subaquática fala da sua raridade, embora admita que a sua preservação seria impossível, uma vez que inviabilizaria a obra em curso. "Se estivesse numa conversa de café, diria que aquilo que se passou foi vandalismo", observa.
Depois de verem afluir ao local de cada vez mais arqueólogos entusiasmados, com máquinas fotográficas, os operários agiram: na quinta-feira cerca das 21h00 arrasaram tudo, ainda sem terem licença do Igespar para o fazer. Contido nas palavras, Elísio Summavielle fala em "precipitação" do empreiteiro. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar a empresa em causa, a Teixeira Duarte."Antes de haver autorização do instituto, não pode haver desmontagem e já chamei a atenção para esse facto, Felizmente não houve danos para o património", refere o mesmo responsável. Os arqueólogos chamam desmontagem à destruição de um vestígio quando ela é precedida do seu registo fotográfico ou desenhado. Summavielle e a sua equipa estiveram com o dono da obra, a empresa intermunicipal Simtejo, para que episódios como este, puníveis por lei, não se repitam. Para terça-feira está agendada uma reunião entre responsáveis da autarquia, do Igespar e das empresas envolvidas nas obras em curso na zona. Em cima da mesa estarão não só as questões relacionadas com a arqueologia como as dos prazos: o presidente da câmara, António Costa, prometeu que os transtornos que os trabalhos estão a criar aos automobilistas durariam quatro meses, mas a necessidade de alterar alguns projectos para preservar os vestígios arqueológicos pode fazer com que as obras se prolonguem para lá de Junho. "Por vezes a pressa é inimiga do património", constata Elísio Summavielle.Um dos projectos que será preciso alterar será o da EPAL. A empresa aproveitou as obras de saneamento para substituir um troço de 640 metros de uma conduta de água entre o Terreiro do Paço e a Ribeira das Naus. Acontece que também aqui os arqueólogos depararam com vestígios que, embora menos espectaculares do que a escadaria, entendem ser igualmente de preservar. Trata-se de um antigo muro de contenção da margem do rio, que se prolonga por cerca de 20 metros. Irá permanecer enterrado, tendo o Igespar dito à EPAL que desviasse a conduta pelo menos 20 centímetros do vestígio arqueológico.
No caminho da conduta...
Ainda na zona da Ribeira das Naus foi encontrado uma segunda estrutura de pedra, perpendicular ao rio e provavelmente da época anterior ao terramoto de 1755. O Igespar admite que possa vir a ter de ser atravessada pela conduta da água.Muita da excitação dos arqueólogos com tudo o que estão a descobrir enterrado à beira-rio tem que ver com o facto de várias destas estruturas portuárias estarem representadas em antigos mapas e gravuras da cidade de Lisboa (ver imagem). Seriam imagens fiéis da metrópole portuária do século XVII? Ninguém sabia. Até hoje.
Com as devidas adaptações, baseado em texto de o Público.
Jorge Santos Silva
PS. Descobri posteriormente à colocação deste post, esta antiga imagem onde as escadarias laterias, lado poente e nascente estão bem visiveis.
22 comentários:
Tudo se encaminha para que este "pequeno deslize" do empreiteiro e da SIMTEJO seja "desculpavel"...
Havia de ser uma obra do Zé (o povinho, não o outro) e eu queria ver o tom das afirmações e da intervenção dos distintos senhores do IGESPAR....
Luís Rêgo
Apenas um reparo: a imagem histórica usada nunca chegou a sair do papel, é um esboço do Carlos Mardel, depois do terramoto de 1755, que nunca chegou a ser construído, como se vê pelos torreões e pelo arco triunfal, que tinha torre do relógio com mostrador para o lado do rio. Assim, não será por aí que se pode infirmar da existência de escadarias ou a sua localização.
O dito esboço, tal como o nome indica seria a intenção, uma composição urbana.
O mérito desta proposta com 250 anos é que foi construída ao longo de várias gerações, e portanto assimilado por todas as gentes, constituindo aos poucos a memória colectiva.
Tal como o arco da Rua Augusta construído posteriormente, ou mesmo o edificio do ministerio das finanças.
Vale a pena, lembrar que a componente tempo é muito dificil de expressar, Antoni Gaudi quando construiu a Sagrada Familia toda a genta chamou-lhe megalomano! Ele respondeu que a ideia é que "todos" possam participar/contribuir na construção da catedral da cidade de Barcelona, ao longo de gerações sempre foi assim.
Em Lisboa, ninguem tem a coragem de propor a construção das coberturas dos torreões, nem tão pouco reconstruir a frente da praça com as escadarias.
Ainda e só mais uma achega, sem querer entrar na discussão sobre o que ficaria melhor no Terreiro do Paço (desde que não seja o estaleiro de obras que há décadas é, desde que não seja o parque de estacionamento xunga que já foi, desde que não seja a palhaçada dos fins de semana que é actualmente,desde que não façam dele um gigantesco anúncio periódico, tipo cristo rei com saia da samsung... como se vê vou mais pela negativa - não sei por onde vou, só sei que não vou por aí), mas a torre desenhada pelo mardel terá sido inspirada na célebre Torre do Relógio do arquitecto italiano Canevari, que foi encomendada por D. João V, que estava junto ao Paço, na Patriarcal, e que teve uns escassos 20 anos de vida, pois ruiu em 1755. de notar ainda que o Terreiro do Paço só foi reconstruído mais de um século depois do terramoto, por falta de dinheiro e bem ao estilo lusitano de reconstrução em câmera lenta.
e ainda niguém se chateou pelo facto das escadas laterais do cais das colun as estarem enterradas, sendo que a parte do muro e do cais, junto ao terminal fluvial ter sido aterrado com pedra e cimento.
e isso estava a descoberto há 10 anos, antes das obras.
ninguém reparou?
http://2.bp.blogspot.com/_VUAdNv02oQI/SdVE7HpGpSI/AAAAAAAAB-4/M_D0slW6VPA/s1600-h/Terreiro-do-Pa%C3%A7o.JPG
Vale a pena ver esta antiga imagem
Imaginem só o escarcéu que o Zé já teria feito se isto acontecia noutra conjuntura.
Já tinha ido ao Crespo denunciar, de volumosos dossiê à mão, todas as poucas-vergonhas e a irremediável destruição que os malandros tinham provocado.
Agora, ninguém o vê.
Que personagem repelente...
essas escadarias foram tapadas quando foi feita a avenida infante d. henrique e a av. ribeira das naus.
a ultima imagem retrata uma época ainda que não havia marginal.
portanto, não sei que treta de historiador diz que não se sabia destas escadarias desde os descobrimentos.
aliás, o muro de suporte que foi encontrado na av ribeira das naus é que é o antigo muro de suporte e que afundou na areia com o terramoto.
um muro igual foi descoberto nas obras do metro do terreiro do paço, do lado oposto, junto ao terminal fluvial e ficou enterrado, junto da passagem subterrânea que liga a estação de metro à praça.
Na altura, estiveram lá arqueólogos.
Mas ao iniciar-se este tipo de obras, não deveriam os organismos competentes e intervenientes procurar saber o que poderá estar subterrado nesses locais?
É que no caso em discussão o Sr.Lesma Morta :) conseguiu encontrar uma fotografia relativamente recente com as ditas das escadarias bem visiseis! Então mas a CML não sabe nada e os arqueólogos idem ?
Será parvoíce minha? Talvez!
O comentário das 7:24 PM foi bastante elucidativo e só depois de publicar o meu é que o vi.
um muro igual foi descoberto nas obras do metro do terreiro do paço, do lado oposto, junto ao terminal fluvial e ficou enterrado, junto da passagem subterrânea que liga a estação de metro à praça.
Na altura, estiveram lá arqueólogos.
Pois estiveram e a ideia era deixar esse muro à vista na estação do metropolitano, uma vez que está mesmo ao lado da gare.
Mas para variar a vontade do arquitecto falou mais forte, uma vez, que do seu ponto de vista estragaria a estética da estação.
AD
Obrigado, Anónimo das 7.24 pela preciosa informação. Que na verdade deveria ser divulgasda pelo IGESPAR (se não tivesse sido quase "esvaziado" por este governo).
Daí também o notável serviço deste Blogue em prol da cultura.
Poderia esse anónimo facultar-nos as as fontes fontes onde se baseou.
Aquela dos "operários" removeram os vestígios é do melhor ... Então uma obra destas não tem engenheiros no local, e a "culta" EPAL não tem uma empresa de fiscalização? Vou consultar documentos, o nome desses senhores ficará REGISTADO na HISTÓRIA DO VANDALISMO EM LISBOA, em preparação.
"Irá agora ser desmontada para abrir caminho à passagem da conduta do esgoto, mas mais tarde ficará à vista de toda a gente, já que será remontada no lugar onde apareceu."
Para as escadas ficarem no mesmo lugar, quer dizer que a conduta vai ficar por de baixo...ou passar ao lado?
Então desmontar as escadas para quê ?
Em relação ao muro, o tal que queriam deixar a descoberto no Metro, mas que a voz do arquitecto falou mais alto, também aqui ja se decidiu e vai acontecer o mesmo.
eu sou o anónimo das 7:24
as fontes sou eu.
eu estive dentro da estação, quando estava em obras.
e vi o muro e vários artefactos (loiças) e os arqueólogos a trabalharem e a catalogarem.
Na altura falou-se numa solução tipo parque de estacionamento do largo do camões.
Mas parece que se optou por deixar enterrada.
De qualquer forma, o muro está imediatamente atrás da parede da galeria que liga a estação ao terreiro do paço. Está mesmo por baixo da avenida infante d. Henrique.
Talvez não seja tão dificil destapar, mas obrigaria a fechar a avenida.
Aliás, na altura das escavações dessa galeria, bastava passar no terreiro do paço e ver as máquinas a destrir as famosas estacas de madeira, que ficaram empilhadas mesmo junto ao torreão do ministério das finanças.
e se lá forem agora é fácil ver que a secção do cais das colunas, entre o cais propriamente dito e o torreão, que há 10 anos, antes das obras estava a descoberto, neste momento está debaixo do aterro, de pedra e cimento, naquela "linda" praça de cimento feita em frente à estação fluvial.
ou seja, a reinauguração do cais é treta. ele ficou ainda mais tapado do que estava.
e o muro do antigo cais, anterior ao terramoto, ficou sobre o alcatrão da avenida. nem dentro de uma vitrenezita ficou....
Belissimo contributo para esta troca de ideias caro anónimo das 7.24
Isso só mostra o nivel das nossas escolas de arqueologia e historia, uma VERGONHA.
as escolas não não dão chá, apenas conhecimentos básicos e não pagam os ordenados dos historiadores ou arquólogos.
por isso, antes de condenarem o s senhores, poham-se no lugar deles.
é que quem decide, não são eles. eles apenas informar.
Sim, mas informão mal, porque pelos vistos ninguém sabia que aquelas escadas existiam, mesmo com fotos e arquivos que diziam o contrario. Isto mostra o nível das nossas escolas, como disse o anónimo das 5:13PM.
"não pagam os ordenados dos historiadores ou arquólogos."
Ai não, existem poucos hisotriadores e arqueologos nas camaras e instituto do estado que nao fazem nada, parasitas da nação,
corrupto, muitos apenas entraram por conhecimentos ou falcatrua, sao uns incapazes.
Portugal é só merda, vê-se dia para dia.
Não lhes apgam? E aqueles coitados que têm que sobreviver com 200 euros porque estão desempregados?
Estado português= MErda.
Tanto instituto em Portugal, nao fazem nadaaaaaaaaa DE JEITO!|!!!!!
SÓ PARASITAS DUMA NAÇÃO.
NAO SERVEM A NAÇAO NEM O POVO.
Enviar um comentário