09/07/2009

O novo Museu dos coches finalmente no bom caminho


Ao tomar conhecimento das deliberações da vereação da Câmara Municipal de Lisboa relativamente ao projecto do novo Museu Nacional dos Coches, a Direcção da Comissão Nacional Portuguesa do ICOM (Conselho Internacional dos Museus), ou ICOM Portugal, regista com agrado a recusa de emissão de parecer favorável, mesmo condicionado, e saúda especialmente a recomendação ao Governo para que “pondere as objecções levantadas por técnicos, especialistas e responsáveis de museus, quanto ao destino dos investimentos programados para as diversas unidades museológicas envolvidas”, assim como a decisão de “promover iniciativas públicas de debate em torno das intervenções anunciadas na rede pública de museus implantada na cidade de Lisboa, convidando os seus protagonistas e agentes interessados, de forma a permitir o esclarecimento e participação dos cidadãos”.
Como temos expressado nos últimos meses, é nossa firme convicção que o projecto de um Novo Museu Nacional dos Coches não constitui prioridade museológica nacional, podendo pelo contrário representar uma oportunidade perdida e um autêntico “tiro no pé” para o próprio Museu que assim se pretendia beneficiar, o qual precisa de investimentos urgentes em restauro de colecções, incluindo as mais emblemáticas, e justificaria uma ampliação de instalações, mas nunca a sua transferência para outro local.
Fica, pois, aberta a via para que no próximo ciclo legislativo, depois do aprofundamento desta questão com o debate público e a audição dos organismos da sociedade civil e do próprio Estado que cumpre consultar (a começar pela Secção de Museus e Conservação do Conselho Nacional de Cultura), se reconsidere toda a problemática da construção de um novo Museu Nacional, ou a reinstalação de um já existente, aproveitando para o efeito as verbas compensatórias do Casino de Lisboa.
A área de Belém afigura-se constituir um excelente local para o efeito. Mas, tal como resulta da mesa-redonda “Museus de Belém – Perspectivas de Futuro”, que organizámos em 19 de Maio passado, contando com a presença de todos os directores dos museus da zona, trata-se de um território muito sensível, que deve ser objecto de um plano integrado e alargado às zonas adjacentes da Ajuda e Alcântara.

A oportunidade que parecia perdida, renasce agora. Saibamos aproveitá-la, fazendo dela um caso exemplar onde se recomenda que se ensaie finalmente uma reflexão conjunta entre os poderes e interesses locais e nacionais, assim como entre o Estado e a sociedade civil, conducente ao estabelecimento de um contrato social de novo tipo, mais adulto e com maior visão de futuro.
O ICOM Portugal está disponível para assumir as suas responsabilidades no contexto de um tal quadro contratual.

Lisboa, em 8 de Julho de 2009

A Direcção do ICOM Portugal

7 comentários:

Arq. Luís Marques da silva disse...

Estamos todos de parabéns e temos que nos congratular com esta tomada de posição que, apesar de ambígua, traduz uma nítida falta de convicção e de vontade das forças políticas concordarem com este projecto.
Lisboa e o país agradece.

Diner disse...

Paulo Mendes da Rocha = Frank Gehry = dinheiro dos contribuintes deitado ao lixo.

Ora toma lá que já almoçaste, disse...

E a desOrdem dos Arquitectos, caladinha que nem um rato?
E os "mestres" que andaram com Mendes da Rocha ao colo pelo país?
E a estudantada obrigada, não vai para a rua gritar "insana"?
Arq Toussaint, veja se consegue dar uma esfregadela lá na casa!

Arq. Luís Marques da silva disse...

Aplicar o dinheiro na recuperação dos coches, que estão todos a precisar de restauro e a desfazerem-se com o bicho!
Recuperação do Picadeiro , do Palácio Nacional da Ajuda, dos museus e património espalhado por Lisboa e pelo país.
Isso sim, é verdadeiramente necessário e urgente!

Lesma Morta disse...

Grande e acertada decisão. Estamos todos de pas pelo esforço que conjuntamente fizemos para alertar contra esta obra insana.

Anónimo disse...

Voilà! Foi preciso que um arquitecto viesse dizer que mais importante que a construção do novo museu é a conservação e o restauro de parte muito significativa da colecção que necessita de intervenções urgentes. Ou vai-se colocar num museu branquinho e acabadinho de fazer um conjunto de peças a cair da tripeça!

Anónimo disse...

Valeu a pena LUTAR pelo Museu dos Coches e por Lisboa.
A Petição, e também ter participado na Concentração.

Mas, (para quem não gosta que se fale em política e de partidos neste blogue ), os resultados das eleições europeias também foram um factor.