29/12/2009

Metropolitano vai chegar ao aeroporto e à Reboleira mas a Alcântara ainda não se sabe

In Público (29/12/2009)
Por Ana Henriques

«Em meio século de serviço na capital, a rede do metro aumentou seis vezes e o número de passageiros multiplicou-se por 11

Estaleiros vão manter-se na Alameda e Duque d"Ávila

O Metropolitano de Lisboa vai chegar ao aeroporto e à Reboleira em 2011, diz o presidente da empresa, que comemora hoje 50 anos de existência. Mas o responsável pela transportadora não se compromete com a já anunciada extensão da linha vermelha até Alcântara, passando por Campolide e por Campo de Ourique: "Não estou a dizer que não se vai fazer, mas o Metropolitano terá de demonstrar a viabilidade desse alargamento".

Em cinco décadas de existência, a transportadora ganhou 11 vezes mais passageiros, mas em contrapartida a extensão da rede apenas cresceu seis vezes, de 6,5 para 40 quilómetros. "Gostaríamos que tivesse crescido mais", admite Joaquim Reis. "Mas isso depende da capacidade de financiamento da empresa". Deficitário como grande parte dos seus congéneres mundo fora, o Metropolitano confronta-se com uma dívida da ordem dos 3,5 mil milhões de euros. E as obras em curso, como a extensão até ao aeroporto ou o alargamento da estação do Terreiro do Paço - que deve ficar pronto dentro de um ano - até ao terminal fluvial obrigaram ao endividamento.

"Estamos neste momento a planear as obras prioritárias e os meios de as levar a cabo - se será recorrendo a mais endividamento, se a parcerias público-privadas ou aos meios financeiros do Estado", descreve Reis. Em termos de expansão da rede, a prioridade é, segundo este responsável, "o miolo de Lisboa", porque "é aqui que a urgência é maior". A excepção é a chegada à Reboleira, "para colmatar um claro défice de projecto" da transportadora: "Quando se fez a expansão à Amadora Este ficou-se a 600 metros de um interface importante com a linha de Sintra da CP, aquela estação".

O projecto Alfândega

Ainda em termos de rede, também não está garantida a abertura de uma nova estação entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, até pela natureza dos terrenos da beira-rio. Nome, já tem: os mapas de expansão futura da rede baptizaram-na como Alfândega. "Quando se começa uma obra destas não há certezas", sublinha o presidente do metro. "Já este ano, em Colónia, a escavação de uma nova linha fez ruir uma biblioteca que estava por cima, e perderam-se documentos com mais de 800 anos, Apenas se sabe que houve uma infiltração de uma linha de água".

Neste cinquentenário há novidades boas - o aumento da frequência dos comboios na linha vermelha, que tem muitos mais passageiros desde que se passou a cruzar com a azul em S. Sebastião e com a amarela no Saldanha - e outras não tão boas: não está nos planos da empresa alargar o horário de funcionamento nocturno, e mesmo na noite de final de ano não irá circular para além das 2h30. Os comboios para Cascais, por exemplo, funcionarão toda a noite. "Os acordos de empresa também não permitiriam ter trabalhadores suficientes para outra opção, mas esta oferta é suficiente", defende.

Já nos dias normais, "a partir das 22h30, há linhas e estações que não chegam a ter 20 ou 30 pessoas". Um número que, no caso de estações muito menos frequentadas do que se esperava, como é o caso da do Terreiro do Paço, é ainda mais baixo. "Esperávamos ter quatro a quatro milhões e meio de passageiros induzidos por esta estação e temos apenas um", refere Joaquim Reis.

Fosse a transportadora mais endinheirada, como acontece com a sua congénere no Dubai ou mesmo numa das mais recentes linhas de Barcelona, e já estaria a usar um sistema que permite aumentar ou reduzir a dimensão dos comboios em função da procura.

No actual cenário fazem-se as contas também ao material circulante existente, que ainda chega para ir até ao aeroporto e à Reboleira, mas não é suficiente para percursos mais longínquos. "Às segundas, as pessoas preocupam-se com qualidade do serviço, às terças com o seu preço e às quartas com os graves prejuízos de empresas públicas como esta. Esquecem-se de que tudo isto está interligado", observa o presidente do metro. "Não podem exigir do Metropolitano mundos e fundos e depois virem acusá-lo de ter uma dívida enorme". Mesmo assim, as tarifas cobrem já 50 a 55 por cento do custo real das viagens, revela Joaquim Reis, contra os 30 por cento de 2006.

No cômputo geral, o metro perdeu meio por cento de passageiros em 2009, um facto que a administração atribui à crise - ou não tivessem aumentado no mesmo período as deslocações em hora de ponta. As suas principais razões de queixa? "O fecho da rede e as máquinas de venda automática", responde Joaquim Reis. "Mas o sistema já foi mudado". Quanto ao desaparecimento das laranjeiras na Praça de Alvalade, nas recentes obras de remodelação da respectiva estação? O presidente da transportadora ignora-o. Diz que nunca ouviu falar em tal coisa.»

6 comentários:

Anónimo disse...

Ganhei o higiénico hábito de não acreditar em tudo (ou mesmo em nada) do que é todos os dias anunciado com pompa.

Xico205 disse...

É muito mais facil fazer chegar o metro ao Aeroporto e à Reboleira do que a Alcantara, pq o subsolo de Alcantara é só água, e os outros locais são secos. Alem disso causa muito mais impacto no Aeroporto e na Reboleira do que em Alcantara.

Anónimo disse...

esta entrevista tem respostas ignorantes.

então fazem expansoes para descampados sem nada, mas a expansão para o Amoreiras ou para Alcantra poderá nao ser rentavel?
Então porque as deram como certas para as eleicoes?

e quer comprar novos comboios quando ha imensas carruagens paradas no PMO devido ao areeiro e arroios nao suportarem 6 carruagens?

E o projecto da Alfandega a ir para a frente vai ser mais um buraco financeiro. Esperemos que nao passe do papel

Xico205 disse...

O Anónimo, acredita mesmo no Pai Natal?! Já os antigos diziam: Quando a esmola é demais até o pobre desconfia!

Ainda há gente que acredita nas promessas dos politicos, e daí a politica portuguesa ser o que é!!!

Anónimo disse...

"o alargamento da estação do Terreiro do Paço"

Não me recordo de ter visto uma estação no terreiro do paço para 4 ou 2 carruagens mas as vezes podia estar escondida no meio das obras.

Em que medida é que uma estação nas Amoreiras não era rentável quando se está a fazer uma estação na Reboleira numa linha que já tem 2 interfaces com a linha de Sintra?

Foi pena não ter havido perguntas sobre outras expansões importantes como a da linha Verde à Pontinha (ou outra estação na linha azul) e sobre a questão dos cais que continuam a suportar somente 4 carruagens

Xico205 disse...

Os cais para 4 carruagens vão ter obras de alargamento. Estão a começar no Areeiro e a seguir vai ser em Arroios (como esta estação tem atrios nas duas pontas, um vai ser desactivado nas obras e está-se mesmo a ver que vai ser o atrio sul a fechar). Antes da Linha Verde para a Pontinha ainda vai a Amarela para Loures.