In Público (16/12/2009)
Por Ana Rita Faria
«A nova marca Castilho Fashion Street pode alargar-se no próximo ano à Avenida da Liberdade, criando um fashion district semelhante ao que existe em outras capitais mundiais
Aposta no design
Nova Iorque tem a sua Quinta Avenida e Paris os Campos Elísios, só para enumerar os locais mais famosos onde se podem encontrar as marcas e lojas mais conceituadas do mundo. Em Lisboa, a Avenida da Liberdade tem vindo a conquistar esse papel, mas a Rua Castilho autoproclamou-se agora uma "rua da moda". Separadas por escassos metros, a solução poderá passar pela união das duas artérias, criando o fashion district (bairro da moda) de Lisboa. Um projecto que pode ganhar forma já no próximo ano.
"A Avenida da Liberdade tem um ADN semelhante ao da Rua Castilho, pelo que faria sentido juntar as duas num Lisbon Fashion District, à semelhança do que já existe em Santos ao nível do design [ver caixa]", adiantou ao PÚBLICO Rui Ventura, da agência de comunicação GCI, contratada pelos lojistas da Rua Castilho para criar a marca Castilho Fashion Street.
Segundo Rui Ventura, este projecto de unir as duas artérias comerciais mais caras da cidade "ainda está numa fase de intenções", embora a agência esteja já em contactos com eventuais patrocinadores, nomeadamente da área do grande consumo. A partir de Janeiro, a ideia é abordar os comerciantes da Avenida da Liberdade e também a Câmara Municipal de Lisboa que, juntamente com a União de Associações do Comércio e Serviços (UACS), apoiaram o projecto inicial na Rua Castilho.
Para Vasco Mello, presidente da UACS, aqueles dois arruamentos são "espaços complementares por causa da sua oferta de marcas de prestígio". E a definição de um projecto de promoção conjunta poderia "aumentar a afluência de consumidores".
A ideia parece também agradar aos comerciantes da Avenida da Liberdade. "Acho que faz sentido a criação de um bairro da moda, pois a Rua Castilho e a Avenida da Liberdade assemelham-se", diz Delfina Sousa, gerente da loja multimarca Fashion Concept, salientando que é em épocas de crise que faz mais sentido investir em promoção. "Apesar de tudo, o negócio do luxo é dos que vão resistindo melhor [à recessão]", frisa.
Também José de Castro, gerente da Rosa & Teixeira, diz existir disponibilidade para um projecto conjunto com a Rua Castilho ou qualquer outro que traga "mais valor acrescentado à Avenida da Liberdade". O gerente de uma das primeiras lojas a instalar-se naquela artéria lisboeta diz que a avenida tem vindo a ganhar por si própria o estatuto de rua da moda e que o crescimento só não é maior por causa de um problema: a falta de lojas. "As grandes marcas mundiais querem instalar-se aqui, mas já não há espaços para arrendar", revela.
Vinte marcas, uma rua
Lançada oficialmente no último fim-de-semana, a marca Castilho Fashion Street envolveu a realização de concertos, exposições, cocktails nas lojas e sessões de maquilhagem. Para o próximo ano já estão previstas novas acções de promoção, quer no Natal, quer no Dia dos Namorados e também na época de apresentação das novas colecções de moda.
Resultando da associação de 20 marcas, como a Escada Sport, a Maxmara e a Stivali, o projecto significou um investimento avultado. Segundo Manuela Saldanha, gerente da Loja das Meias (a primeira a instalar-se na Rua Castilho, em 1971), os comerciantes gastaram 20 mil euros só com o lançamento da marca e o programa natalício, mas as despesas que cada loja teve com as acções de promoção individuais duplicaram a factura.
"A ideia de fazer a Castilho Fashion Street inspirou-se nas festas das lojas da moda que decorreram em Setembro noutras capitais mundiais, como Madrid, Londres, Paris ou Nova Iorque", explica Manuela Saldanha.
Para Luísa Cunha, uma das sócias da Acerto (que gere as lojas Gerard Darel e Weill), o conceito de fashion street, que se está a tentar implantar em Lisboa,permite aos lojistas ter um produto para promover a própria rua, à semelhança do que fazem os centros comerciais. Esta aproximação entre os "modelos de negócio" destes dois formatos tem sido, aliás, um dos pontos apontados por especialistas para reforçar a competitividade do comércio tradicional.
No último estudo, de Novembro, sobre o retalho de luxo em Portugal, a consultora Cushman & Wakefield referia que o sucesso do comércio de rua em cidades como Londres e Barcelona resulta da adopção das estratégias seguidas por centros comerciais (marketing concertado entre marcas, animações e horários alargados).
Além disso, e já que a rua é o destino preferencial das marcas de luxo, a consultora defendia a aposta na reabilitação do património. Um ponto que o presidente da UACS considera fundamental. "A cidade tem de viver durante o dia, mas, para isso, há que atrair habitantes e empresas", defende Vasco Mello.»
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6 comentários:
A Av. da Liberdade não é aquela via onde se circula a mais de 100km/h?
Não tenho dúvida alguma que ainda nos vamos todos rir muito à custa deste projecto. Alguém sabe o que aconteceu ao «A Avenida de Roma é Chique»?!
gostava que isto tivesse algum sucesso, mas a nao ser que façam mudanças na Liberdade aquilo nao vai mudar.
quem é que gosta de passar numa avenida escura, com carros por todo o lado, onde os passeios junto às lojas sao pequenos e com a maior concentração de co2 da europa?
ideias interesantes destinadas ao insucesso já que as vias em causa são inóspitas
Mais interessante era fazer o que foi feito em França à décadas atrás com bastante sucesso, que foi a criação de um comité (Comité Colbert)de apoio e controlo das marcas de qualidade produzidas em Portugal. Permitiu que as marcas se reforçassem em tempos de crise e pudessem crescer em tempos de expansão. Hoje, LVMH, Hermés, entre outras são empresas ou grupos de empresas que dominam e criam emprego no seu mercado.
já agora, ponham lá centenas de bares para putos como em santos para ver se aquilo tambºem fica design district
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