06/12/2011

Esteve para ser classificado, mas protecção foi arquivada

Projecto com novos usos gera críticas

A transformação do cinema Odeon num espaço comercial é tudo menos consensual e diversas vozes começam a juntar-se nas críticas ao projecto. É "mais uma machadada nos velhos cinemas lisboetas", lamenta o produtor Paulo Trancoso, que considera uma "pena tremenda" que em Portugal não "se preste atenção" à herança cultural.
"Parece que as pessoas já só podem ver cinema nos centros comerciais e que não há uma alternativa", prossegue. "Em vez de centro comercial poderia ser um centro cultural onde houvesse cinema."
"Chocante é sempre", reage o arquitecto José Manuel Fernandes, autor do livro Cinemas de Portugal, que considera "insuficiente" manter apenas a fachada e alguns elementos do interior. "Sabemos que os cinemas deixaram de ter a sua função, a sua dimensão, temos é de os saber renovar", diz. "Aquilo pode ser o que quiserem, até podem fazer ali apartamentos, desde que seja com um bom projecto." Uma boa solução para o espaço poderia passar por "um belíssimo centro gastronómico".
Vasco Morgado, presidente da Junta de Freguesia de São José, compara o Odeon ao Parque Mayer, defendendo que se deve "manter o que lá está", ainda que "com novos moldes". Reconhece, por outro lado, que a transformação proposta é preferível a outras soluções como "deitar tudo abaixo para construir um prédio novo". Ainda em Agosto passado, o grupo municipal de Os Verdes tinha questionado a câmara sobre o estado de degradação do edifício. O Odeon, na zona especial de protecção conjunta aos imóveis classificados da Av. da Liberdade, chegou a estar em vias de classificação, mas foi arquivado sem protecção legal. Cláudia Sobral in Público

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