..um dos tristes resultados de um país "novo rico"....
Consumo com crédito fácil ofusca criação de riqueza
"Adesão à Comunidade Europeia abriu portas
aos grandes mercados de venda. Híper, supermercados e centros comerciais
surgiram como cogumelos. Generali-zou-se e facilitou-se o crédito. Portugal
aproximou-se do nível de vida europeu, mas nos últimos dois anos perdeu terreno.
A convergência com os padrões europeus foi me-nos acentuada na criação de
riqueza que sustenta o consumo. E são grandes as disparidades entre regiões e
cidadãos.
A pergunta que se impõe a Natália Nunes, coordenadora do gabinete, é:
"Vivemos acima das nossas possibilidades? "Não podemos concluir que os
portugueses viveram acima das possibilidades. O que verificamos é que em 1990 e
início de 2000 havia uma contratualização menos responsável por parte das
famílias, a quem estava fechado o mercado de crédito e que a ele passou a ter
acesso. Não tinham conhecimentos e não lhes foi dada informação sobre esta nova
realidade e deixaram-se seduzir. Contratualizaram produtos e serviços além das
suas capacidades de esforço", explica, confessando a irritação que lhe causa tal
afirmação. Além de que também atribui responsabilidades aos bancos. No entanto,
"o problema hoje não tem a ver com o facto de as famílias não respeitarem a taxa
de esforço, tem a ver com a redução de rendimentos", sublinha Natália Nunes.
Taxa de esforço é o dinheiro afetado aos créditos e que não devem exceder 40% do
rendimento mensal.
Consequências de uma "esperada melhoria do nível de vida e de novos meios e formatos de comercialização", refere o estudo "25 anos de Portugal europeu". Foi nas despesas de consumo que os portugueses mais rapidamente se aproximaram da UE, já que "na capacidade de criação de riqueza que o sustenta" a convergência foi bem inferior (gráfico Produção e Consumo). E isso é um problema, como a atualidade o demonstra. "Nos últimos 25 anos, o indicador de expectativa de compra de bens duradouros passou da "euforia" à "depressão", atingindo mínimos históricos."
Despesas potenciadas pelo crescimento exponencial das grandes superfícies, de supermercados e de centros comerciais. Estes alteraram "radicalmente os modelos de consumo das populações, contribuindo para uma maior associação entre as atividades de consumo e de lazer das famílias", diz a análise coordenada por Augusto Mateus. E as cadeias lançaram produtos, o que levou a um aumento de 5% para 28% da quota de mercado das marcas de distribuição. Os dados referem--se a 2009, quando os portugueses gastavam uma parte cada vez maior do ordenado em consumo, apenas ultrapassados pelos cipriotas e os gregos. Quatro anos depois, o panorama é bem diferente, basta ver as diversões que fecharam nesses espaços comerciais e a venda das marcas de distribuição estagnou devido às promoções das marcas do fabricante.
Os portugueses gastam mais do que a média dos europeus em saúde, transportes e hotéis e menos em lazer, recreação e cultura, vestuário e calçado. A alimentação, rubrica em que os nossos parceiros mais despendem, embora ainda domine nos orçamentos nacionais, perdeu importância para habitação, água, luz, gás e outros combustíveis.
O acesso ao crédito de consumo tinha por base uma melhoria dos rendimentos. Foi entre 1986 e 1992 que o nível de vida português mais subiu, de 65% para 79% do nível europeu, um ritmo que teria permitido ao País alcançar a média europeia em 2000. Isso não aconteceu e apenas atingiu os 81%. "Portugal foi incapaz de aproveitar as condições económicas favoráveis para relançar a competitividade", assinala o estudo. A crise financeira levou a uma diminuição de consumo, situando-nos agora nos 75% do nível de vida europeu. Portugal está na 18.ª posição (PIB per capita), aproximando-se mais dos países do alargamento (Chipre, Malta e Leste), incapaz de acompanhar o ritmo mais acelerado dos parceiros da coesão (Espanha, Grécia e Irlanda ).
Para o economista Eugénio Rosa, a melhoria de rendimentos não foi generalizada, existindo até "um agravamento das desigualdades e o acesso ao crédito camuflou essa realidade". E sublinha: "Não digo que uma parte da população não tivesse rendimento suficiente para o que consumia, mas o Estado em vez de ser um instrumento de diminuição de desigualdades, acabou por ser um motor de agravamento."
por Céu Neves in DN, 2013-07-15
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Pena que todos estes anos de consumo chorudo não nos levaram a consumir mais cultura e valores reais já existentes. Pelo contrário, fomos desprezando uma rica herança arquitectónica e aos poucos matando a galinha de ovos de ouro. Com um plano de reabilitação sério e coerente, respeitando o que já cá estava, Lisboa seria hoje uma das cidades mais visitadas do mundo. O lucro a curto prazo (para alguns), a corrupção, os interesses e amizades dentro do sistema politico, quiseram outra coisa e, foram constantemente lançando o osso do consumo para o povo se distrair. Os resultados estão à vista nos nosso bolsos....e nas nossas ruas.
Consequências de uma "esperada melhoria do nível de vida e de novos meios e formatos de comercialização", refere o estudo "25 anos de Portugal europeu". Foi nas despesas de consumo que os portugueses mais rapidamente se aproximaram da UE, já que "na capacidade de criação de riqueza que o sustenta" a convergência foi bem inferior (gráfico Produção e Consumo). E isso é um problema, como a atualidade o demonstra. "Nos últimos 25 anos, o indicador de expectativa de compra de bens duradouros passou da "euforia" à "depressão", atingindo mínimos históricos."
Despesas potenciadas pelo crescimento exponencial das grandes superfícies, de supermercados e de centros comerciais. Estes alteraram "radicalmente os modelos de consumo das populações, contribuindo para uma maior associação entre as atividades de consumo e de lazer das famílias", diz a análise coordenada por Augusto Mateus. E as cadeias lançaram produtos, o que levou a um aumento de 5% para 28% da quota de mercado das marcas de distribuição. Os dados referem--se a 2009, quando os portugueses gastavam uma parte cada vez maior do ordenado em consumo, apenas ultrapassados pelos cipriotas e os gregos. Quatro anos depois, o panorama é bem diferente, basta ver as diversões que fecharam nesses espaços comerciais e a venda das marcas de distribuição estagnou devido às promoções das marcas do fabricante.
Os portugueses gastam mais do que a média dos europeus em saúde, transportes e hotéis e menos em lazer, recreação e cultura, vestuário e calçado. A alimentação, rubrica em que os nossos parceiros mais despendem, embora ainda domine nos orçamentos nacionais, perdeu importância para habitação, água, luz, gás e outros combustíveis.
O acesso ao crédito de consumo tinha por base uma melhoria dos rendimentos. Foi entre 1986 e 1992 que o nível de vida português mais subiu, de 65% para 79% do nível europeu, um ritmo que teria permitido ao País alcançar a média europeia em 2000. Isso não aconteceu e apenas atingiu os 81%. "Portugal foi incapaz de aproveitar as condições económicas favoráveis para relançar a competitividade", assinala o estudo. A crise financeira levou a uma diminuição de consumo, situando-nos agora nos 75% do nível de vida europeu. Portugal está na 18.ª posição (PIB per capita), aproximando-se mais dos países do alargamento (Chipre, Malta e Leste), incapaz de acompanhar o ritmo mais acelerado dos parceiros da coesão (Espanha, Grécia e Irlanda ).
Para o economista Eugénio Rosa, a melhoria de rendimentos não foi generalizada, existindo até "um agravamento das desigualdades e o acesso ao crédito camuflou essa realidade". E sublinha: "Não digo que uma parte da população não tivesse rendimento suficiente para o que consumia, mas o Estado em vez de ser um instrumento de diminuição de desigualdades, acabou por ser um motor de agravamento."
por Céu Neves in DN, 2013-07-15
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Pena que todos estes anos de consumo chorudo não nos levaram a consumir mais cultura e valores reais já existentes. Pelo contrário, fomos desprezando uma rica herança arquitectónica e aos poucos matando a galinha de ovos de ouro. Com um plano de reabilitação sério e coerente, respeitando o que já cá estava, Lisboa seria hoje uma das cidades mais visitadas do mundo. O lucro a curto prazo (para alguns), a corrupção, os interesses e amizades dentro do sistema politico, quiseram outra coisa e, foram constantemente lançando o osso do consumo para o povo se distrair. Os resultados estão à vista nos nosso bolsos....e nas nossas ruas.
1 comentário:
E quem é que tem casa ali, quem é?
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