In O CORVO
As letras que lhe davam a imagem, justificavam o carisma e, mais que tudo, outorgavam o nome pelo qual ela foi conhecida já tinham sido retiradas, no início do ano passado. A designação oficial da loja já nem era a mesma de sempre, desde há sete anos. Mas agora as portas fecharam mesmo. A antiga livraria Diário de Notícias, uma das mais icónicas da Praça Dom Pedro IV, ou Rossio, e também da Baixa, encerrou no final da semana passada. A livraria, pertencente ao Grupo Leya, e o seu recheio foram transferidos para a outra loja do grupo, praticamente em frente, no número 23 do Rossio, ao lado do Café Nicola, e que amanhã reabre, após obras de reabilitação. Durante o fim-de-semana, era muita a azáfama, com funcionários a fazerem a mudança do acervo e de algum mobiliário para o renovado espaço. Morria mais uma livraria, por entre o muito movimento dos turistas indiferentes.
A livraria do jornal Diário de Notícias abriu em 1938, com o projecto da fachada a ser concebido pelo arquitecto modernista Cristino da Silva. Essa fachada de azulejos amarelos encimada por um néon azul com as letras estilizadas do Diário de Notícias foi, durante décadas, um farol para muitos dos que passavam pela Baixa. A loja que em 2006 se passou a chamar Oficina do Livro, após ter sido vendida aquela editora, havia conhecido obras de remodelação no seu interior, cinco anos antes. Mas o aspecto exterior manteve-se inalterado pelo seu simbolismo patrimonial. Tanto que o mesmo está catalogado no Inventário Municipal de Património anexo ao Plano Director Municipal. Tal classificação revelou-se, porém, insuficiente para evitar que o néon com as famosas e reluzentes letras do Diário de Notícias tivesse sido retirado, em Fevereiro do ano passado. Isto depois de a fachada ter sido já adulterada com a colocação por cima do néon de uma enorme placa dizendo Livraria Oficina do Livro.
Texto e fotografia: Samuel Alemão»
2 comentários:
Acabou-se as rendas a 50€ no Chiado. Se só sabiam ser rentáveis com ocupação abusiva da casa dos outros, têm o que merecem no dia em que fecham as portas.
Felipe concordo inteiramente com o seu comentário. Aliás já deveriam ter fechado à muito tempo, pois nunca souberam adaptar-se aos tempos que correm. É de um parasitismo que só existe neste País, graças a uma lei estupida. A quantidade de comércio com falta de qualidade subsidiado por proprietários é assustador. Graças a Deus acaba tudo daqui a 7 anos...
Tomás
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