20/03/2008

Projecto para a Baixa Pombalina

Seguindo o repto da CML e também de Paulo Ferrero aqui vai a proposta que apresentei como Tese de Mestrado nos EUA em 2003.
As propostas apresentadas para a Baixa na reunião publica da CML de ontem têm um generalizado consenso, e são substancialmente diferentes da anterior. No entanto e apesar de achar que o PDM e o seu regulamento assim como outros instrumentos de planeamento se encontrarem desajustados com a realidade, julgo ser prematuro fazer quaisquer alterações sem um plano de pormenor se encontrar pronto, apesar das propostas serem pontuais.
Congratulo-me com o principio base, enunciado por Manuel Salgado de que o plano já existe.
É o de Eugénio dos Santos para a reconstrução de Lisboa realizado em 1758. Sempre o afirmei!
Este plano deve ser a base de recuperação e revitalização da Baixa, tal como em Barcelona se prolongou a malha ou o plano de Cerdá “cozendo” a malha nos locais necessários.A proposta urbana pombalina, desenhada no século XVIII, coloca Portugal na vanguarda do planeamento urbano a nível mundial, e é referida como o primeiro Case Study no mundo de ground zero , por vários especialistas. Por reconhecer este mérito, da sua intemporalidade ou aquilo a que chamo “a inevitabilidade do passado” , realizei a minha tese de mestrado nos EUA, apresentando uma proposta para a reconstrução da frente histórica pombalina de Lisboa.

A minha tese teve como orientadores, excelentes professores de renome mundial, Carroll William Westfall, Norman Crowe, David Mayernik, Victor Deupi e Michael Likoudis, tendo este ultimo professor apresentado o meu projecto no AIA Congress (American Institut for Architects) no Union Club em Nova Iorque em Dezembro de 2003, por reconhecer que a base do desenho urbano tradicional é efectivamente a melhor solução para a revitalização das cidades. E que Lisboa é efectivamente o the best case study.
O professor Michael Likoudis é actualmente o Director da Escola de Arquitectura da University of Notre Dame, esta universidade da qual fui bolseiro é considerada pela revista Urban Land, como a 2ª melhor a seguir à UM (University of Miami) para no ensino do planeamento urbano da nova corrente New Urbanism.


Lisboa é a unica cidade com possibilidades de revitalizar de forma economica e socialmente seu centro historico sem descaracterizar o seu conjunto. Estou convencido que esta minha intervenção iria trazer largos benefícios económicos uma vez que os terrenos são maioritáriamente senão mesmo a totalidade do estado e da autarquia.

Uma intervenção que iria restabelecer e valorizar a frente histórica da cidade de Lisboa.

Os três principios fundamentais para a revitalização da Baixa são:
Terreiro do Paço


1º- Espaço urbano: Redefinir a Praça do Comércio, única no mundo, como a praça de excelência, não permitindo que os espaços urbanos vazios do Campo das Cebolas e o espaço materializado pelo Arsenal da Marinha possam competir directamente com o Terreiro do Paço.Esta situação obriga a: reformular o desenho da praça (desta forma o centro deixará de ser a estatua do rei e tornando a mais universal ou ecuménica); a necessária construção das coberturas dos torreões para acentuar a própria praça; a deslocação do terminal fluvial para Santa Apolónia realizando um verdadeiro interface de transportes tal como o do Cais do Sodré.



Campo das Cebolas
2º- Sistema viário: Redesenhar a avenida marginal com faixa central para electricos rápidos, afastando-a um pouco mais para a frente ribeirinha com cruzamentos à superficie, previligiando a praça em frente a Santa Apolónia, e o acesso pedonal ao rio.O facto de existir atravessamento viário fortemente semaforizado, e bossas ou desnivelamento nas passagens de peões (a nível com os passeios) irá obrigar não só a velocidades reduzidas como será dissuasor a sua utilização frequente como atravessamento da cidade. Aproveitamento da doca do Jardim do Tabaco para um mega estacionamento subterraneo.

Museu Militar

3º- Habitação: Componente fundamental a revitalização, o redesenhar da malha urbana permitirá a construção de novos quarteirões de habitação ao longo da frente rio. Estes edíficios teriam todos comercio no piso terreo mas com uma largura ou profundidade de 10m previligiando a frente de rua e portanto com mais montra enquanto que os pisos de habitação com 15m de largura, desta forma o logradouro ficaria sobrelevado (a uma cota de loja e sobreloja), desta forma permitindo estacionamento no interior do quarteirão sem caves. A capacidade do quarteirão em estacionamento define o numero e dimensão dos fogos.Restabelecer a aresta cidade-rio foi sem duvida a minha primeira preocupação, dando relevância à intenção do desenho urbano e sua natural evolução em deterimento de eventuais antiquarismos sem expressão numa cidade so século XXI. Por este motivo “fechei” o vazio urbano do Arsenal da Marinha e no Campo das Cebolas.


Arsenal da Marinha

Obviamente que existem situações pontuais, tal como a instalação de um elevador publico num prédio da Rua do Arsenal para levar as pessoas ao Largo da Biblioteca Nacional, utilizando para o efeito o logradouro e acesso existente entre edificios na Rua Victor Cordon, esta situação permitirá o prolongamento do Chiado comercial a Rua Ivens, e a reabilitação do Convento de São Francisco; o aproveitamento comercial das arcadas da Praça do Comercio; cruzamento desnivelado da Rua da Fundição junto ao Museu Militar constituindo um arco tal como o da Rua de São Paulo.

Como conclusão e demonstrando a inevitabilidade do passado, como inspiradora nas proposta para o futuro, a perspectiva desta minha proposta é apresentada como um painel de azulejos barroco, uma técnica tradicional portuguesa, a exemplo das muitas que retratam imagens por este mundo fora da nossa cidade de Lisboa.

Este trabalho foi realizado com o apoio de computador em 2 e 3D, redesenhados e transposto para papel, pintados a aguarela em formato A1. Mestrado concluído em 2003, como Bolseiro da University of Notre Dame, da FCG e da FLAD.

19 comentários:

Filipe Melo Sousa disse...

É para financiar aguarelas fantasiosas que vai o dinheiro das bolsas... para quando um ensino 100% privado?

Anónimo disse...

este tipo é um nojo com os comentários que faz! Há limites para tudo. Para que haja democracia é preciso correr com aqueles que não são democratas e apenas têm por objectivo impôr as suas ideias e destruir tudo e todos os que vão contra elas. É hora de correr com esta besta daqui. Vá pregar para o seu buraco que não tem nada que se aproveite.

Filipe Melo Sousa disse...

Para que haja democracia é preciso correr com aqueles que não são democratas

para esses não democratas o destino era a Sibéria ou campos de trabalhos forçados, nesses estados ditos "democráticos"

Anónimo disse...

Não se confunda DEMOCRACIA com o que acontecia ou acontece na URSS/Rússia mas lá que a Sibéria era um bom local para uma estadia perpétua para bestas que não sabem viver em sociedade, que é o seu caso, era. Vá para lá e faça um mundo à sua semelhança nas estepes sem ninguém a chateá-lo. Você merece. E não merece viver em democracia. Em democracia tem que haver respeito pelos outros, que é coisa que você não conhece. Saia, desapareça e ninguém sentirá a sua falta. E viverá muito melhor com tudo a correr à sua medida, sem ter que andar a pagar para os outros "encherem" os bolsos e viverem à grande e à francesa à sua custa. E pode deixar o carro onde quiser sem ninguém a chateá-lo. Vá! VÁ! Vá!

Anónimo disse...

tentemos descortinar, nos comentários do filipe melo sousa, se eles contêm algo de pertinente, ou seja, as aguarelas são ou não FANTASIOSAS?
essa é uma.
a outra é para o cornélio: escusavas de gastar metade do texto a dizer como a universidade é boa, como os professores são bons, como a bolsa é boa, que auilo foi tudo na América... oh pá, não é isso que vai fazer com que o teu projecto seja bom.
e essa é que é essa: ele vale um caracol?
falem mas é disso, não se consumam com o filipe melo sousa, que já toda a gente sabe que é um tonto.

Anónimo disse...

A inveja é muito feia!

Tiago R. disse...

Apesar disso, é um bom projecto e tem um conjunto de ideias interessantes.

Boa Gonçalo!

Filipe Melo Sousa disse...

a Sibéria era um bom local para uma estadia perpétua para bestas que não sabem viver em sociedade

que delícia.. basta copiar :)

Gonçalo Cornelio da Silva disse...

Para o comentador FMS aqui deixo as palavras de Quatermère de Quincy, em Dizionario Storico di Architettura, (a cura di Valeria Farinati e Georges Teyssot ed. Saggi Marsilio, 2ª edizione 1992).

"La copia nelle arti veramente imitative è in realtà il resultato dell'ingegno dell'uomo anziché di una operazione tecnica indipendente da quello che ne usa. Ella suppone giustezza nell'occhio, facilità nella esecuzione e sentimento per le bellezze dell'originale: esigue quindi talento ed intelligenza."

Quanto aos comentários para tua vergonha, se é que tens, vou deixá-los ficar porque são bem reveladores da índole do autor.

Filipe Melo Sousa disse...

"são bem reveladores da índole do autor"

Nem era suposto ser de outra maneira. A dissimulação sim é vergonhosa.

Anónimo disse...

Para FMS

"E chamas a essa recusa exercício de inteligência. Empenhas-te tanto em desfazer o que está feito, que acabarás por dar cabo do teu bem mais precioso: o sentido das coisas (...). De destruição em destruição, vais deslizando até à vaidade (...). Na falta de um outro sentido, terás de ir buscar o sentido a ti próprio. E só tu ficas a colorir as coisas com a tua pálida luz (...) no meio do teu deserto, terás de te mostrar satisfeito contigo próprio, porque fora de ti não há nenhuma outra coisa. Aí te temos condenado a gritar «eu, eu, eu...». No vazio. E ninguém te responde."

Saint Exupéry

daniel costa-lourenço disse...

O projecto lança muito boas ideias e seria um bom ponto de partida para diversas intervenções.

Diria que é o projecto ideal, apenas não concretizável, na totalidade, por ser demasiado ambicioso.

Mas que é bom é.

Filipe Melo Sousa disse...

todas as coisas criadas só têm utilidade se forem em meu benefício. de outra forma a criação não pode ser útil. criar, usufruir e realizar-se

ao contrário daqueles que tiram de uns para dar a outros, sem criar nada. mas querem os louros

Anónimo disse...

se não é concretizável, NÃO pode ser um bom projecto.

Anónimo disse...

se não é concretizável, NÃO pode ser um bom projecto.

Anónimo disse...

e per se muove...

Pode ser um bom pré-projecto, que ainda não encontrou os seus materiais nem tempo de intervenção.

daniel costa-lourenço disse...

Gostaria de conhecer o projecto em mais pormenor...É realmente interessante.

João Garcia disse...

não é possível disponibilizar mais informação sobre esta tese? muito obrigado

Unknown disse...

Gonçalo estou fazendo uma tese de mestrado em Milão e estou tendo dificuldades para encontrar alguns materiais ...por exemplo alcados e plantas de alguns edificios importantes da regiao do novo terminal maritimo de Lisboa, Santa Apolonia , se tiveres alguma coisa que possa me ajudar seria muito grata. vejo que tens desenhos da zona. enfim se me podesse enviar mesmo que em baixa resolução já é uma grande coisa.
meu e-mail é patquintella@gmail.com. obrigada