07/11/2008

Contentores: «Obras não avançam sem avaliação ambiental»

José Sá Fernandes, vereador do ambiente da Câmara de Lisboa, chegou a acordo com Porto de Lisboa e REFER
José Sá Fernandes, vereador do Ambiente na Câmara Municipal de Lisboa, garantiu esta sexta-feira aos jornalistas que «nenhuma obra avança no Porto de Lisboa e no túnel» para comboios, em Alcântara, «antes de estar concluída a avaliação de impacte ambiental» da zona.
O vereador independente eleito pelo Bloco de Esquerda esteve reunido, esta sexta-feira, com as diferentes partes envolvidas no processo: a LISCONT, a REFER, a Administração do Porto de Lisboa (APL) e os Concessionários das Docas de Santo Amaro, por forma a defender «os interesses da cidade».
Para Sá Fernandes, o resultado dos encontros foi «uma vitória». Além de conseguir garantias que nenhuma obra avança sem estar concluída a avaliação do impacte ambiental, com excepção «da demolição de dois edifícios», o vereador explicou que os estudos ambientais vão incluir a zona que vai «de Alcântara à Quinta do Zé Pinto, em Campolide», abrangendo todo o Vale de Alcântara e o problemático caneiro de Alcântara.
Os estudos que estavam a ser feitos apenas estudavam do rio até à estação de Alcântara-Terra e agora poder-se-à «tratar o vale de Alcântara como um sistema», afirmou. Sá Fernandes defendeu, neste caso, que sejam feitas «bacias de retenção de água» ao longo do caneiro de Alcântara e «uma linha paralela ao caneiro por onde possam escoar as águas pluviais» e se evitem cheias.

Não é «contra os contentores
Além do mais, os estudos de impacte ambiental, que já estão a ser desenvolvidos pela REFER e pela APL, vão ser acompanhados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para haver um acréscimo de «isenção».
Sá Fernandes assumiu que não era contra a existência de contentores em Lisboa, «mas têm de estar ordenados». Reconheceu mesmo, que era a favor da existência do porto e que só duas localizações da cidade podiam receber «contentores: Alcântara e Santa Apolónia».
Para o vereador o que existe agora, naquela zona de Lisboa, é que «uma muralha». Mas além das já referidas garantias, Sá Fernandes acrescentou que em frente à Gare Marítima de Alcântara (no lado terra) será feita uma praça para os cidadãos, estando «em aberto a possibilidade de, no outro lado oposto», frente ao rio ser feita também uma zona de lazer aberta «sem contentores».
O Porto de Lisboa terá ainda prometido deixar «quatro a cinco aberturas» entre os molhes de contentores para não cortar toda a vista.

Não sabe «se as obras avançam»
Apesar da posição em defesa da cidade que «assume», o vereador garante que «tudo dependerá da avaliação ambiental». «Se esta concluir que não é viável o túnel para fazer a ligação dos comboios, as obras no porto também não avançam porque estão ligadas», afirmou.
No entanto, o vereador criticou a opção do executivo de José Sócrates em não ter realizado um concurso público para a concessão: «Na minha opinião pessoal era fundamental, porque tornava o processo transparente». Mas esse assunto «será discutido na Assembleia da República».
Sem esquecer que no passado contestou diversas obras em Lisboa - Túnel do Marquês e metro no Terreiro do Paço - , José Sá Fernandes assumiu que «não tivesse tido a garantia de que nenhuma obra era feita sem a avaliação ambiental concluída», ele próprio ponderaria «suspender as suas funções de vereador para contestar a obra numa acção popular».

7 comentários:

Anónimo disse...

Sá Fernandes tem estado calado, demasiado calado, este silencio era ensurdecedor. Tinha que dizer alguma coisa que não fosse anunciar pela vigessima vez o corredor verde ou as hortas ( projectos muito válidos mas que nunca maís passam de sucessivos anuncios), mas no fundo nada disse.Os tempos são outros para o Vereador.Uma praça? no cais do sodré, construiram 2 edificios mas temos que estar contentes porque tambem vai haver uma praça,Dão-nos sempre alguma migalha em troca para ver-mos como são bonzinhos para nós. E o terminal de cruzeiros, muralha em Alfama?Ainda estará JSF descansado quando já estiver costruido? Sá Fernandes mudou,ou não, muito. Será que alguem ainda o leva a sério? Eu por mim já não e tenho pena.

Anónimo disse...

"...para ver-mos" ou "...para vermos"?

José Silva disse...

Finalmente alguém fala com alguma serenidade sobre esta questão.
O processo de adjudicação da obra e do alargamento da concessão foi pouco transparente? Então investigue-se, mas não cabe à CML pronunciar-se sobre isso, isso é assunto para a Assembleia da Republica e Tribunal de Contas. O estudo de impacto ambiental é indispensável, e o papel da câmara é exigir que este seja feito, para que não se repitam os erros do Marquês e do Terreiro de Paço. Sá Fernandes é coerente com o que sempre defendeu, como cidadão tentou parar as obras do Metro no Terreiro de Paço e do túnel do Marquês por falta de um estudo de impacto ambiental, como vereador exige que se faça esse estudo para o projecto de afundamento da linha de comboio em Alcântara.
É fundamental não confundir a forma como o projecto foi proposto, com o projecto em si.
Como aumento crescente do preço do petróleo (a actual baixa é circunstancial o seu aumento nos próximos anos será imparável), e com a necessidade de limitar as emissões de CO2, o transporte marítimo e fluvial (e também ferroviário) vão ter uma importância cada vez maior na economia. Por isso a aposta no alargamento do porto de Lisboa é estratégica. Neste processo vi algo de raro, os nossos governantes tomaram uma decisão certa no momento certo, e não com décadas de atraso como é costume.
Contrapor a isto o slogan "Lisboa é para as pessoas mais contentores não", defender que toda a faixa costeira deve ser entregue a actividades de lazer é brincar com coisas sérias.

Lesma Morta disse...

Estratégica ninguém dúvida mas não no local onde se pretende instalar 1,5 km de barreira em frente ao rio. Atravese-se a ponte e ocupe-se a Lisnave, desactivada desde que esta se mudou em 2000 para os Estaleiros da Mitrena (ex-Setenave), e têm porto para décadas.

Jorge Santos Silva

Anónimo disse...

penso que nimguem defende uma zona costeira só de lazer nem nega a importancia económica do porto de Lisboa para a cidade. O que é necessário é fazer as coisas com bom-senso e não me parece que assim eseja a ser feito. a ampliação está a ser programada de forma desastrosa e o terminal de cruzeiros,com hotel(???)é uma anormalidade e um rime contra Alfama. Se JSF estivesse na oposição não se limitava a dizer estas palavras "sensatas".

Lesma Morta disse...

Pois faltou-me essa. Um hotel junto ao terminal de cruzeiros em Santa Apolónia para servir os turistas em transito é a idéia mais peregrina de que me consigo recordar. Não será obvio que quem anda de cruzeiro e aporta num qualquer porto, dorme no barco?

Anónimo disse...

Não acredito em José Sá Fernandes. Está a fazer "bluff" para tentar salvar a honra do convento. Pelos vistos, até já pensou num "Plano B": quatro aberturas no filão dos contentores, caso este seja prolongado. O que é que isto quer dizer? Que, lá no fundo, ele nem se vai opôr assim tanto... a fica com o "alibi" que "conseguiu" o valente feito de conseguir as tais aberturas. Acredite quem quiser...