07/11/2008

Para memória futura


Em declarações à Lusa, o vereador do Ambiente na Câmara de Lisboa disse que apesar de o projecto da Administração do Porto de Lisboa (APL) tal como lhe foi apresentado, contemplar o aumento do número de contentores na zona, a construção de uma «conduta subterrânea» irá assegurar o seu escoamento «a toda a hora».

«O que eu acredito é que muito embora haja muitos mais contentores, eles são escoados muito mais rapidamente, através de uma conduta subterrânea a toda a hora, ao contrário do que acontece hoje, que são três vezes por dia», explicou.

José Sá Fernandes

in Sol, 28-10-2008



Já agora, e o que tem a dizer sobre uma lei feita à medida para a Mota-Engil? E sobre o prolongamento de uma concessão sem concurso público mesmo quando há outros interessados? E sobre o facto de tudo ser decidido à margem da participação da câmara de Lisboa e com António Costa a tudo permitir sem cuidar dos interesses dos lisboetas e da cidade?



António Prôa

9 comentários:

Luís Serpa disse...

Caro António Prôa,

É preciso denunciar vigorosamente este argumento, pela razão simples, verificável e quantificável que ele é falso.

Aliás, se o não fosse, seria incompreensível a razão que leva a APL a querer aumentar o espaço de parqueamento de contentores: se o nº de contentores não vai aumentar, para quê aumentar o espaço de parqueamento?

Não tenho infelizmente à mão os números que a APL forneceu - o que me leva à pergunta seguinte: para quando, os dados objectivos do projecto? durante quanto tempo mais vai a APL escamoteá-los?

Luís Serpa disse...

Em relação às suas outras perguntas: muitas mais haveria a acrescentar. Entre as quais, ao acaso:
a)foram encaradas, estudadas e quantificadas outros usos para a Doca de Alcântara?,
b) O que significa a frase "na sequ~encia do projecto NovAlcântara, a Doca [do Espanhol] irá sofrer alterações do layout? (da brochura NovAlcântara", editada e distribuída pela APL); e, da mesma brochura
c) Porque é que a APL diz que a Doca do espanhiol tem uma capqacidade de 440 lugares [para embarcações de recreio] quando essa é a capacidade actual, instalada? A capacidade da Doca é de aproximadamente mil (1,000) lugares de amarração - basta colocar os pontões.
d) porque é que a APL insiste em fazer a amálgama entre a ampliação do terminal de Contentores de Alcântara e o Porto de Lisboa? O Porto não acaba, se a ampliação não fôr feita.

E muitas outras. Este projecto é um escândalo do princípio ao fim.

Anónimo disse...

nao falem sem saber...a quantidade de treinadores de bancada neste país...empranha tudo de ouvido

Anónimo disse...

Bom Dia

Caro Srº Luis Serpa, não pude deixar de ler os seus comentarios, aos quais vejo ai algumas perguntas.
Mas vamos por partes, quem disse que o trafego de contentores não vai aumentar? Se quer sabar promenores do projeto e ir a Gare Maritima de Alcantara.
1º que quer dizer com "foram encaradas, estudadas e quantificadas outros usos para a Doca de Alcântara?,"
2º layout é do novo desenho no plano liquido da doca, ou seja, nova disposiçoes de pontoes.
3º a capacidade da doca do espanhol e de 440 lugares e como e obvio falamos do que existe actualmente, nao podemos dizer que se pormos pontoes vamos ter x lugares porque as embarcaçoes nao sao todas iguais.
4º tem razao o porto nao acaba mas a actividade economica de regiao fica seriamente comprometida.

E mais, a ampliaçao do terminal de contentores é obra do Governo, porque continuar culpar a APL, SA, todos nos sabemos que qualquer empresa estatal recebe ordens do estado.

Cumprs

Luís Serpa disse...

Caro Senhor Vasco Soares,

Começo por lhe agradecer os seus comentários. Passo a responder-lhes, ponto por ponto:

1 - O tráfego de contentores vai, obviamente, aumentar. Tanto na sua componente doméstica como - se para isso houver condições - ibérica. A ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara (TCA) está a ser feita tendo em vista aumentar especialmente este último. Este aspecto não é muito referido pelos defensores da ampliação do TCA porque é mais ou menos evidente que se a carga se destina a Madrid a localização de Alcântara não é tão decisiva como dizem. Pode ser noutro sítio qualquer - pode até nem ser em Lisboa (o que, sinceramente, espero não venha a ser o caso);

b) A minha pergunta sobre as alternativas é simples: nós sabemos quanto a APL vai ganhar com a amplição (não sabemos quanto vai a Liscont ganhar, e seria útil sabermos para se poder ter uma ideia da carga fiscal que vai gerar; mas isso é outra história, por agora). Mas não sabemos quanto ganharia se em vez de ampliar, fizesse uma concessão, por exemplo, para cruzeiros, recreio e lazer (só menciono esta alternativa por razões óbvias - Alcântara é uma zona perfeita para estas utilizações. Mas podíamos introduzir, for the sake of argument outras utilizações: granéis líquidos, por exemplo, granéis sólidos, gases, whatever - seria uma perda de tempo, eu sei: o que está em causa é contentores versus recreio e cruzeiros). Ora este dado parece-me importante - mais do que importante: fundamental, crucial - para se tomar uma decisão.

Em Portugal há um enorme desconhecimento do potencial económico da Náutica de Recreio, e ela tende, consequentemente, a ser menorizada - apesar de o Turismo Náutico, que representa cerca de 80% do volume de negócios da Náutica de Recreio - fazer parte do PENT (Plano Nacional Estratégico para o Turismo).

Sabe que em Espanha a náutica de recreio representa 0,3% do PIB em impacto directo, e 1% em impacto directo, por exemplo?

3 - Na sua brochura a APL menciona as alterações de layout (obrigado por me explicar o que é o layout) da Doca do Espanhol. Essas alterações não serão simples "alterações". A prazo o recreio acabará na Doca do Espanhol pela razão simples de que a coabitação de embarcações de recreio com barcaças fluviais e SSS é inviável.

Eu penso que a APL devia - mais uma vez para dar elementos às pessoas que lhes permitam tomar decisões em posse de todos os elementos, e não só de dados filtrados - explicar claramente quais são as alterações de layout que pretende introduzir e como planeia gerir a coabitação recreio / barcaças fluviais / SSS;

4 - O seu argumento de que "nao podemos dizer que se pormos pontoes vamos ter x lugares porque as embarcaçoes nao sao todas iguais" é um bocadinho confrangedor. Peço-lhe desculpa.

5 - Os contentores não são a única forma de gerar riqueza numa região. A actividade económica de Lisboa só fica comprometida se naquela área não se desenvolverem actividades que gerem riqueza.

6 - Não sei o que quer dizer com "todos nós" na frase "todos nós sabemos que qualquer empresa estatal recebe ordens do Estado". Qualquer pessoa que tenha lidado, como eu, de perto com a APL e com o organismo que a antecedeu (AGPL) sabe que isso não é, pura e simplesmente, verdade. Este projecto é um projecto da APL que o Governo comprou quando a Liscont foi comprada pela Mota-Engil.

"Todos nós" ligados ao sector marítimo sabemos que o modus faciendi da APL é, sempre foi e será se não lhe pusermos cobro, baseado na arrogância, no "eu quero, posso e mando", na prepotência, numa atitude de "eu sei e só eu é que sei".

Cordialmente,

Luis Serpa

Anónimo disse...

Caro Srº Luis Serpa

E com agrado que leio as suas resposta e respeito as suas opinioes.

Primeiro de tudo cabe a "nos" como membros da comunidade portuaria esclarecer os menos esclarecidos, e bebater o que podera estar em "jogo". Passo a reponder as suas perguntas:

1 em qualquer porto maritimo o volume de negocios principal e a movimentação de contentores, nao o sera de certo os cruzeiros nem a nautica de recreio.
Nao me parece que a nautica de recreio seja um bom negocio, principalmente em Lisboa, nao é atrativo nem para turistas nem para consumo interno, as familias portuguesas ja estao fortemente endividadas. O estuario do tejo nao tem o mesmo impacto que a Serra da Arrabida.
Nao sabia dos valores na nautica de recreio em Espanha, agradeço a sua informação.

3 Na questao da convivencia nautica de recreio/tafego de contentores a nivel fluvial estou mais de acordo consigo, a que estabelecer prioridades, mas tou convicto que aprioridade caira a favor dos contentores, parece-me logico, e uma actividade mais comercial enquanto a nautica de recreio quer se queira ou nao e mais lazer. Na questao do layout o maos provavel e encortar os pontoes existentes (exem: um pontao com 100m fica com 60m e serao recolucados mais a nascente.

4 ????????

5 Tem razao os contentores nao sao a unica forma de gerar riqueza mas é um motor para, e no projecto nao vejo nenhuma actividade economica estabelecida na zona a ser banida.

6 Qualquer empresa estatal tem um plano estrategico elabora pelo governo atraves da repectiva tutela, plano esse que tem que ser reguido, nao me parece que no caso da APL, SA se passe o contrario.
Como e obvio como entidade responsavel pela gestao dos terrenos pretente o aumento do terminal de contentores.
Penso que seja o governo a mandar na APL,SA e nao a APL,SA a mandar no governo.

Relativamente ao ultimo paragrafo respeito a sua opiniao, nas não e de todo a minha.
Vejo a APL,SA como uma Autoridade Portuaria, que zela pelos interesses do estado na zona ribeirinha do estuario do tejo. Uma entidade que tem regras, regras essas que tem que ser respeitadas, da mesma maneira que respeito as regras da CP, REFER, ANA,etc.

Cumprs
Vasco Soares

Luís Serpa disse...

Caro Vasco Soares,
dois comentários, muito breves:

a) "enquanto a nautica de recreio quer se queira ou nao e mais lazer." - A Náutica de Recreio sofre deste estigma - do qual não pode fugir - que é a palavra "recreio". A Náutica de Recreio não é "mais lazer": é uma indústria que em França gera 4,650 mil milhões de euros de volume de negócios, dá emprego a centenaa de milhar de pessoas e em Espanha, como lhe disse, representa 1% do PIB.

Nãso é menosprezável.

b) "tou convicto que aprioridade caira a favor dos contentores" - Obrigado por começar a dar-nos indicações do que vai acontecer à Doca do Espanhol: o muro de contentores não seá só na plataforma de cais; vai também invadir-nos a vista da Doca. Já o suspeitava, mas acho bem que essas coisas comecem a ser ditas.

Anónimo disse...

Em vez de mandarem bitaites para o ar apresentem propostas.

Já com a Ponte e com O Aeroporto, muitos chegaram-se á frente com estudos.

Uns melhores que outros.

Se isto é tudo tão fácil, tão óbvio, tão simples, cheguem-se á frente.

Eu também sou espectacular a mandar no Benfica, a resolver a crise mundial e acabar com a fome no mundo.

Mas ideias estruturadas, estudos, demonstrações á séria...pois..é mais fácil mandar bitaites e assobiar para o lado.

Muita coisa pode ser discutível neste projecto, mas ainda não vi ninguém dizer alguma coisa sustentadaou credível.

E perdoem-me, mas só mesmo a APL apresentou alguma coisa á séria.

Anónimo disse...

Cara Luis Serpa

Primeiro de tudo peço desculpa pela resposta tardia:

a) e verdade que a nautica de recreio sofre desse estigma, "recreio".

A nautica de recreio em Portugal e em Lisboa para alem de ser uma actividade ecomica não dara, nem nunca vai dar, os valores franceses ou espanhois. E uma actividade importante e verdade, mas mais importante é o comercio de mercadodrias contemporizado.
Nao atirar areia para os olhos e vir em numeros de Franca ou Espanha relativamente a nautica de recreio.

b) quando digo que e provavel a prioriadde para os contentores não estou a afirmar como verdadeiro, é o meu ponto de vista, o "muro" de contentores ja la existe e nao afecta a nautica de recreio ai instalada.

Cumprs