In Público (7/12/2009)
«O auditório da igreja-caravela desenhada por Troufa Real mudou de nome, para salão paroquial, evitando assim os pareceres obrigatórios face à lei
O arquitecto Troufa Real, autor do polémico projecto da igreja-caravela, no Restelo, contornou o parecer da Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC) mudando a designação de um dos blocos, que, contudo, manteve as mesmas características.
Segundo o processo camarário desta obra, que arrancou há cerca de um mês, depois de a autarquia ter frisado que era preciso um parecer do Regimento Sapadores Bombeiros e da IGAC relativamente ao edifício que deverá acolher o auditório, o arquitecto alterou a designação desse bloco para "salão paroquial".
Num dos documentos constantes do processo, o arquitecto altera a designação do auditório - que por ter determinadas características e poder acolher actividades culturais precisava de parecer da IGAC - para "salão paroquial".
De acordo com o IGAC, precisam de parecer desta entidade todos os recintos de espectáculos e natureza artística e mesmo os que, permitindo outro tipo de actividade, contemplam na sua concepção palcos, camarins, cabinas de projecção e outras estruturas, designadamente os auditórios com palco, como é o caso do edifício incluído neste projecto.
Mesmo assim, já depois desta alteração, os técnicos da autarquia chamaram a atenção para o facto de o auditório apenas mudar de designação, mantendo, porém, as mesmas características.
O recinto, de acordo com o projecto, teria um palco com divisão no soalho para se poderem abrir alçapões. O pároco local, António Colimão, confirmou que o edifício será para actividades culturais.
"Será um espaço polivalente que permitirá várias opções, como conferências e actividades culturais como teatro e música", afirmou.
O Ministério da Cultura foi contactado para saber se recebeu até ontem algum pedido de parecer para o edifício em causa, mas não deu resposta em tempo útil. As perguntas sobre a matéria enviadas por correio electrónico ao arquitecto Troufa Real também ficaram sem resposta.
O projecto, cujas obras arrancaram em Novembro, 12 anos depois da cerimónia de lançamento da primeira pedra, mereceu já diversas críticas e até Nuno Teotónio Pereira, um dos autores do Plano de Urbanização do Restelo, o considerou "uma aberração", defendendo em declarações ao PÚBLICO que "ofende de forma grave a paisagem urbana".
A obra de Troufa Real baseia-se na vida do Apóstolo do Oriente, S. Francisco Xavier e nos Descobrimentos. O projecto inclui a igreja, em forma de caravela dourada, uma torre de 95 metros com uma sala panorâmica revestida de vidro a 60 metros de altura, e outros quatro edifícios, mas apenas três estão contemplados na obra que arrancou agora: auditório/salão paroquial, residência do pároco e um outro com salas de formação e catequese. Para mais tarde ficará o centro social. PÚBLICO/Lusa»
07/12/2009
Obra da igreja do Restelo contornou parecer da Inspecção-Geral das Actividades Culturais
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2 comentários:
LOBO VILLA
Como é possível que uma igreja folcrórica pintada a "Robbialac", tipo-Disneylândia, com uma torre/minarete de 100 m de altura, esteja já em construcção numa colina de Lisboa e que ainda haja tanta divisão sobre isto ???
E que haja milhares de petições na Net contra esta aberração e que os "poderes" se mantenham calados?
Parece um bruxedo...mas não é.
Na verdade só em Portugal- o país mais criativo da corrupção-se poderá admitir que tal aconteça.
Porque o autarca é amigo do arquitecto,porque o padre
é amigo deste e daquele ,etc e tal.
A Igreja está tão dividida quanto a CML e quanto o país.
O grande ganhador é Sócrates , cujo lema sempre foi "dividir para reinar" , que continua !
Sócrates o Grande Divisor/Corruptor Comum !!!
É fundamental que o pouco dinheiro disponível seja utilizado para restauro de património histórico e reabilitação urbana e não construção de 'mamarrachos', ainda por cima neste caso desnecessários, tirando a carteira do 'arquitecto' e dos empreiteiros do costume.
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