Os prédios sujos e grafitados da Alta de Lisboa podem ter os dias contados. Nas últimas semanas, os moradores ofereceram-se como voluntários para limpar e pintar as fachadas dos edifícios. Cerca de 200 pessoas aderiram à iniciativa, que pode vir a repetir-se.
Outrora ali abundavam muros e paredes grafitadas e rabiscadas por vândalos sem sensibilidade artística nem evidente civismo. Mas doravante o cenário passa a ser outro: e os prédios ganham um novo rosto.
A iniciativa "O meu bairro é a minha cara" apresentou-se como um projecto de mobilização da população da Alta de Lisboa para uma acção de limpeza e pintura de lotes. A dinâmica é muito simples: os moradores recebem latas de tinta, pincéis e rolos e são convidados a pintar os seus prédios e, já agora, a dar uma ajuda no prédio vizinho.
Os moradores da Alta do Lumiar responderam ao apelo e, durante duas semanas, andaram em intensa labuta de pincel e rolo na mão. O material foi-lhes cedido pela Gebalis.
"No início, as pessoas ficaram um pouco curiosas e defensivas", contou-nos Constante Rodrigues, técnico do Centro Social da Musgueira, "mas aos poucos foram vendo a forma como as crianças começaram a aderir e depois lá quiseram dar um contributo".
O responsável asseverou, ao JN, que depois dessa resistência inicial, "entre 150 e 200 moradores participaram" na acção que, na sua maioria, pretendeu recuperar "as paredes das zonas mais baixas do prédios onde os jovens fizeram os tags com a suas assinaturas".
Constante Rodrigues, satisfeito com o êxito da iniciativa, acredita que as paredes se vão manter limpas durante bastante tempo. Na sua óptica, o facto dos moradores estarem envolvidos nas operações de limpeza e recuperação faz com que "a parede não seja tão neutra" e, como tal, vão passar a ter outro cuidado na manutenção e vigilância dos muros.
O JN esteve na zona do PER 3, junto ao Centro de Dia do Centro Social da Musgueira, e deparou- -se com moradores em pleno trabalho. "Este bairro vai ter bom aspecto", disse-nos João Cortesão, de 22 anos, elogiando a participação massiva dos habitantes do bairro, "sobretudo dos mais velhos". Ao seu lado, também de rolo na mão, estava Miguel Rosa, um jovem jogador - tem 21 anos - do Sport Lisboa e Benfica que fora emprestado ao Carregado e deve, nos próximos dias, renovar contrato com o clube da Luz e ser emprestado ao Vitória de Setúbal. Ainda assim, o jovem futebolista fez questão de ali estar a dar o seu contributo.
"Esta limpeza também serve para que as pessoas comecem a pensar que também podem contribuir para que se viva melhor no bairro", disse ao JN.
Se havia muitos que trabalhavam, outros pareciam lá estar para dar apoio moral e mandar um ou outro "bitaite". "Eu não posso pintar, já estive a trabalhar", disse-nos Ana Alexandra Ferreira, mostrando-se despreocupada porque "os vizinhos pintam".
"A gente gosta da limpeza, quem é que não gosta?", exclamou ainda.
In JN
2 comentários:
O PIOR DE TUDO É QUE DAQUI A UMAS SEMANAS JÁ ESTÁ TUDO GRAFITADO OUTRA VEZ.
O que era importante DE FACTO seria punir estes "rabiscos". Pois é degradante ver alguns jardins, prédios e outros espaços publicos...alguns que são continuamente recuperados..
E como é que queres punir? Sabes que os fez?!!!
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