01/10/2014

Cinema São Jorge vira "show room" de loja barata de decoração?


Exmo. Sr. Presidente da EGEAC
Dr. Miguel Honrado


Vimos por este meio solicitar que nos esclareça sobre o destino dado pela EGEAC ao mobiliário original desenhado pelo Arq.Fernando Silva para o Cinema São Jorge (incluindo os móveis-cinzeiro) e por que razão se está a ocupar os foyers com este tipo de móveis e "decorações", que as fotos documentam e que, a nosso ver, descaracteriza desnecessariamente um interior classificado de Interesse Público, como o em apreço.

A EGEAC prestaria um óptimo serviço à cidade se em vez deste tipo de permissão fizesse um investimento no restauro dos cadeirões e sofás originais do Cinema São Jorge e que ainda lá se encontravam nos primeiros anos da gestão municipal/EGEAC.

Com os melhores cumprimentos

Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho e Júlio Amorim


Cc. PCML, Vereadora da Cultura, DGPC, AML e Media

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Resposta do Cinema São Jorge (3.10.2014):

«Ex.mos Senhores
Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho e Júlio Amorim
Forum Cidadania LX


Caros munícipes,

Em relação à última mensagem, que fizeram o favor de nos enviar e que mereceu a nossa melhor atenção, e em nome da EGEAC, E. M., entidade gestora deste equipamento cultural, incumbe-me a senhor diretora do Cinema São Jorge, Dr.a Marina Sousa Uva, de prestar os seguintes esclarecimentos:

1. O mobiliário original que o tempo e o uso não erodiram – projetado e concebido, como referido, pelo atelier do Arquiteto Fernando Silva, em 1950 – e do qual constam, sofás, mesas, cadeiras, cinzeiros, papeleiras, etc., encontra-se todo em utilização e sempre que possível (note-se que o uso de cinzeiros foi descontinuado uma vez que a lei não permite o fumo em locais fechados);

2. O mesmo mobiliário tem sido objeto de restauro, permanente, seguindo as recomendações da Carta de Veneza (de 1962 e posteriores adendas) para a conservação, restauro e reconstrução do património (arquitetónico e ou outro), bem como as indicações e normas definidas pela Lei de Bases do Património Cultural (de setembro 2001), com força de lei, quer até por outras convenções ratificadas pelo Estado Português, com este propósito e no âmbito da Comunidade Europeia;

3. Por outro lado - e desde que a a EGEAC, E. M. assumiu a gestão cultural deste equipamento, dotando–o de infraestruturas técnicas e de produção que lhe permitem acolher dos mais variados tipos de espetáculos/eventos - o Cinema São Jorge passou a ser a casa-mãe da maior parte dos festivais de cinema que decorrem na capital (cerca de dezoito, por ano), bem como tem sido escolha de eleição por parte de um grande número de produtores da cidade; entidades várias que, pontualmente, solicitam poder efetuar a decoração pontual dos lugares de convergência de públicos – como foyers – tendo em conta as temáticas dos espetáculos/eventos a apresentar;

4. Assim sendo, importa referir que as fotos, que fizeram o favor de nos enviar, documentam, apenas, a decoração pontual da entrada e foyer do piso 0, durante o decorrer do festival QUEER 2014, evento que comemorou este ano a sua maioridade, ao apresentar a sua 18.ª edição;

5. Informamos, igualmente, que, por um lado, devido ao volume de programação apresentado semanal e mensalmente – que leva a que o Cinema São Jorge, tenha sido visitado nos últimos seis anos por mais de um milhão de espetadores (o que provocou o efetivo desgaste de materiais e equipamentos, e obriga a uma manutenção cuidada e regular); a manutenção e restauro das referidas peças de mobiliário encontram-se sujeitas a prestações de serviços por empresas especializadas - para tal mandatadas através de contrato de manutenção anual – sendo que, por vezes, devido a picos de trabalho não é possível obter uma resposta imediata, quando algum equipamento/peça assim o exige;

6. No entanto, enquanto equipamento municipal, o Cinema São Jorge, que ora comemora 65 anos de existência, pretende continuar a dar passos no sentido de uma maior contribuição para o acesso à Cultura de todos os cidadãos, permitindo uma melhor fruição das nossas salas e lugares de convergência por parte de todos aqueles que nos visitam, sendo que é da maior importância ouvir as opiniões e considerar as sugestões dos nossos espetadores.

Assim sendo, aguardamos, com particular entusiasmo e interesse, uma vossa nova visita, e, desde já, nos colocamos à inteira disposição para efetuarmos o devido acompanhamento, ou para quaisquer outros esclarecimentos, sublinhando, desde já, o nosso maior interesse em auscultar as vossas, ou quaisquer outras, opiniões opiniões/sugestões sobre o funcionamento dos nossos equipamentos, que se encontram à disposição dos espectadores e munícipes.

Cumprimenta, agradecido,

Francisco Barbosa»

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