Idealizado segundo o modelo greco-romano de que o Estado Novo tanto gostava, o complexo do Jamor tem-se mantido um oásis na selva de betão da Grande Lisboa. Tudo isso pode estar prestes a mudar.
O enorme parque verde que circunda o Estádio Nacional não é propriamente conhecido pelas vistas sobre o Tejo, mas quem se aventura encosta acima por um dos trilhos que rasgam a mata corre o risco de se surpreender. Nos dias em que o nevoeiro não chateia, o olhar pode estender-se pelo estuário do rio que banha a capital, desde a Ponte 25 de Abril até ao Bugio, desde o areal da Cruz Quebrada até às torres da Costa da Caparica e, em certos dias, até ao Cabo Espichel.
Outra coisa que é impossível não ver são os telhados das fábricas abandonadas da Lusalite e da Gist Brocades. Estes destroços do passado são feridas numa paisagem que chega a roçar o paradisíaco, tal é a profusão de vegetação e o silêncio que domina o vale (isto apesar de o parque estar entalado entre duas das mais movimentadas estradas do país, a Marginal e a A5). A “cura” para estas feridas, proposta pela Câmara Municipal de Oeiras, passa por demolir tudo isto e construir novos edifícios.
Se a primeira parte da solução é relativamente consensual, a segunda não poderia ser mais polémica. O Plano de Pormenor da margem direita da foz do Rio Jamor (PP), aprovado pela autarquia em maio de 2014, prevê a construção de várias torres com 14, 18 e 20 andares, destinadas a habitação, comércio, serviços, estacionamento e um hotel. Prevê, igualmente, a criação de uma marina e de uma piscina oceânica, um viaduto para ligar a CRIL à CREL, uma linha de elétrico e uma alameda verde com a qual se pretende fazer a ligação entre as partes do vale a norte e a sul da Marginal.
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2 comentários:
Só se preocupam com torres. Prédios baixos feios em banda tipo muro já acham normal.
Amigo Vasco, vamos consultar o Projecto ?
O Vasco vive na Cruz Quebrada ?
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