10/07/2012

Início da Campanha Eleitoral.

Início da Campanha Eleitoral.
Início de uma "lenga-lenga" interminável e exaustiva entre "aquilo que já fizemos e aquilo que vamos fazer".
António Sérgio Rosa de Carvalho.


Reabilitação urbana na baixa lisboeta pode dar casa a 40 mil pessoas
Por Marta Spínola Aguiar in Público
Em Lisboa, existem cerca de 12 mil edifícios que precisam de obras, representando um investimento que ronda os oito mil milhões de euros, um "número astronómico", segundo o vereador Manuel Salgado
Os números são de um estudo da câmara: "Se todos os edifícios devolutos que existem em Lisboa fossem ocupados, isto permitia-nos alojar 40 mil pessoas", disse Manuel Salgado, vereador da Reabilitação Urbana na câmara durante uma visita à baixa lisboeta com os deputados do PS. Este número é "significativo para uma cidade que nos últimos trinta anos perdeu cerca de 300 mil habitantes", acrescentou. A reintegração das pessoas na capital ia dar à cidade "mais vitalidade económica e urbana e melhores condições de vida para as pessoas que já cá estão", defendeu.

Lisboa tem cerca de 55 mil edifícios e apresenta 12 mil que precisam de obras de reabilitação. Para o autarca este é "um número astronómico", implicando um investimento que ronda os oito mil milhões de euros. O programa de reabilitação, aprovado pela câmara em 2008, permitiu "desencadear uma série de projectos e introduzir novidades como os elevadores", afirmou o vereador, durante um périplo pela Baixa, que juntou deputados socialistas e o presidente da câmara para falar sobre arrendamento urbano e recuperação de edifícios degradados.

O número de obras concluídas ou em curso "é muito grande, mesmo que por vezes não se vejam", afirmou Manuel Salgado, apontando a entrada de 200 processos desde 2008. Apesar das obras, os edifícios mantêm a estrutura pombalina, assegurou. Esta reconstrução é "essencial, não só para a afirmação de Lisboa, mas sobretudo a nível económico", ressalvou o vereador, acrescentando que "em cada investimento de reabilitação urbana, o peso de mão-de-obra é de cerca de 60%, enquanto na construção nova é 40%".

Mas Manuel Salgado não poupou as críticas ao Governo. "Falta que sejam criados verdadeiros incentivos à reabilitação urbana do ponto de vista de acesso ao crédito", afirmou, mencionando a notificação feita pelo Instituto de Reabilitação Urbana (IRU) à câmara onde se dava conta que todos os empréstimos e financiamentos à realização de obras de reabilitação estavam suspensos.

A nova lei e o mercado social do arrendamento foram também alvos de críticas por parte do vereador e de Marcos Perestrello, líder da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS (FAUL). Afirmando que o mercado social de arrendamento se limita a dois fogos na capital, o responsável disse que dá para ter "noção do carácter quase nulo que esse programa vai ter na cidade de Lisboa, que é muito envelhecida".

Para o vereador, "a nova lei das rendas vai criar problemas sociais gravíssimos", uma vez que não existe relação entre o valor das rendas e o estado de conservação dos edifícios. "Isto é crítico nomeadamente em relação aos mais idosos - a população mais frágil", comentou.

O líder da FAUL referiu, ainda, que a aplicação de fundos europeus nesta área "é uma questão muito importante para a qual o Governo tem estado adormecido", referindo-se à negociação do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) que pode ser aplicado em programas ligados à eficiência energética e à conservação dos edifícios sobretudo na vertente dos riscos. "Lisboa é uma cidade de alto risco sísmico e isso permite que, ao abrigo de programas de recuperação dos edifícios, haja reforço das suas infra-estruturas", defendeu.

Para Marcos Perestrello, o programa camarário de reabilitação "tem um potencial de multiplicação em termos de geração de emprego e de movimentação de economia ligado à produção de produtos nacionais". Por isso, diz não perceber "por que é que o Governo não toma decisões quanto à aplicação dos fundos comunitários nos próximos anos", visto que isso permitiria um investimento que iria potenciar a criação de cidades mais atractivas, gerando-se mais riqueza e emprego

2 comentários:

Anónimo disse...

«O número de obras concluídas ou em curso "é muito grande, mesmo que por vezes não se vejam".»

E será que também não se ouvem nem se sentem?

Maxwell disse...

Efectivamente Lisboa é uma cidade com bastantes fogos com necessidade de reabilitação. Mas há diferenças fulcrais entre reabilitar um edifício respeitando toda a sua história técnica, social e de materiais e o que tem sido executado nos últimos anos. Por outro lado também não consigo perceber como é que a introdução de elevador seja uma novidade, visto que pelo menos desde os anos 40 se têm instalado as ditas plataformas mecânicas (em especial na bomba das escadas principais) provando, até que não é necessária qualquer demolição para a sua instalação numa grande parte dos edifícios que datam do início do século passado.