10/08/2010

AMESTERDÃO: Zona de canais concêntricos do séc. XVII classificada Património da Humanidade

Desde o dia 2 de Agosto de 2010 que a «Zona de canais concêntricos do séc. XVII delimitada por Singelgracht em Amesterdão» é Património Mundial da Humanidade.

O Comité do Património Mundial da UNESCO, que este ano reuniu em Brasília entre o dia 25 de Julho e 2 de Agosto, anunciou os 21 novos sítios que passam a fazer parte da lista do Património Mundial.

«O conjunto urbano histórico do bairro de canais de Amesterdão é fruto do projecto de construção de uma nova “cidade-porto”, que se levou a cabo em finais do séc. XVI até ao séc. XVII. Foi criada uma rede de canais que rodeava o antigo centro histórico e medieval da cidade e que se foi expandindo até ao canal de Singelracht. Este projecto de larga duração ampliou a superficie da cidade, drenando as águas com canais traçados en arcos concêntricos e aterrando os intervalos entre canais. Os espaços assim criados permitiram erguer um conjunto urbanístico homogéneo constituido por numerosos monumentos e casas. Esta ampliação urbana foi a de maior envergadura e homogeneidade da época. O sítio constitui um exemplo de planificação urbanística em grande escala que serviu de modelo arquitectónico de referência no mundo inteiro até ao séc. XIX.»


Fotos: por estas imagens se percebe bem porque é que este bairro de Amesterdão foi classificado pela UNESCO e porque razão temos muitas dúvidas em relação à candidatura da Baixa Pombalina ao mesmo estatuto. Apesar das semelhanças em termos da relevância urbanística para o Património da Humanidade, as diferenças são óbvias. Por exemplo, neste bairro de Amesterdão não se encontram imóveis abandonados e nem pensar em demolições, caves para estacionamento e "fachadismo" como na Baixa / Chiado em Lisboa.

21 comentários:

Luis disse...

Apesar de reconhecer o estado lastimável (e por isso lamentável) da Baixa, acho que há alguma contradição entre este post e o que geralmente é defendido no vosso blogue.

A maior parte dos edifícios mostrados nas imagens são certamente recentes (ou recentemente renovados), ou pelo menos com alguns elementos claramente contemporâneos (vejam-se as montras, as janelas basculantes, etc). O que mostra que, desde que feito com racionalidade, a introdução destes elementos pode beneficiar todo o conjunto.

Anónimo disse...

São poucas as diferenças!!!

J A disse...

Pois...por isso é que Amsterdam ganha muito dinheiro com o turismo....
Mas claro...o desleixo e as parvoíces/falsificações que se encontram na Baixa, são praticamente inexistentes aqui.

Filipe Melo Sousa disse...

quanto e que os inquilinos holandeses pagam de renda nesta zona?

Anónimo disse...

E, se repararmos bem, o cenário é altamente valorizado pela presença de árvores, elemento praticamente inexistente na Baixa Pombalina.

Pinto Soare

Anónimo disse...

Vejam como não é irrelevante ou ridículo as constantes chamadas de atenção que aqui fazemos ao: transito, janelas de alumínio, cablagem nas fachadas, construção nova que "dinamita" a coesão arquitectónica e estética das ruas, o estacionamento, as caixas de electricidade da EDP, a publicidade selvagem e ilegal. Vêem agora porquê? Não gostariam de ter uma cidade assim? E olhem que não é só em Amesterdão ou mesmo só neste bairro! Podia dar milhares de exemplos de outras cidades noutros países! Vamos ser exigentes connosco, com os nossos co-cidadãos e com os políticos e técnicos da CML, vamos ser ambiciosos com as nossas cidades!

FJorge disse...

Amesterdão ganha muito dinheiro com o Turismo e não só. Os cidadãos vivem num ambiente urbano de grande qualidade - como qualquer um de nós pode constatar ao visitar este extraordinário bairro histórico da Europa. E devemos lembrar ainda que grande parte de Amesterdão estava num estado lamentável após a 2ª Guerra Mundial. Devemos pois aplaudir o notável trabalho de planeamento, reabilitação e restauro, efectuado nas últimas décadas do séc. XX.

Jose S. Clara disse...

Há uma outra ENORME diferença entre a nossa Baixa e os Canais de Amerterdão:
- a Baixa Pombalina pode ficar muito bem nos desenhos de Arquitectura, mas é inóspita para as pessoas que lá passam, trabalham e vivem(?) - Faltam árvores, falta o ameno da água e a largura das ruas.

Nem a Rua Augusta, que não tem carros e tem as melhores lojas se safa, comparada com um qualquer destes canais de Amesterdão.

Anónimo disse...

Caro José,

discordo totalmente do seu post: o que a Baixa diz não ter é porque não fizeram ainda... mas podiam e deviam ter feito; quanto à largura das ruas como pode perceber ruas do séc. XVIII não são as avenidas do séc.XIX. Mas o que faz este bairro de Amesterdão tão bonito é exactamente estar muito mais coesamente preservado como estaria no séc. XVIII.
Filipe de Melo e Sousa, os inquilinos neste bairro pagam muito porque também recebem muito em troca... é só ver as fotografias ou visitar "in loco"

Raul Nobre disse...

Cá estou eu a repetir-me (só para algumas pessoas; as outras que me desculpem):
Aquilo que está bem é para se copiar ou para fazer melhor. Aquilo que está mal é para se aprender e não repetir o erro.
Ou seja, (como devemos dizer aos nossos filhos): nivela-te por cima e nunca pelos medíocres.
O Sr. Filipe Sousa pode ir ver os preços do aluguer de apartamentos naquela zona, no seguinte site:
www.livingtoday.nl/huren/search/huren/simple/220
Mas atenção, o conceito de "aluguer" é diferente do nosso e os ordenados médios nada têm a ver com os nossos. E não vá perguntar (como fez um nosso compatriota ignorante), como é que podem pagar os que são pobres? Responderam-lhe que ali não há pobres, desde que não sejam toxicodependentes ou alcoólicos.

J A disse...

Claro que os edifícios nas imagens sofreram alterações/renovações durante 300-400 anos (!?)....mas as suas características fundamentais continuam lá!

Mas neste caso posso repetir-me: Contem num lance qualquer de 1000 metros as janelas de alumínio/UPVC na Baixa...e repitam o exercício nesta zona de Amsterdam. É que ficamos mesmo falados....

Muito Míope disse...

Tirando os canais, o resto é muito parecido com a Baixa de Lisboa.

Anónimo disse...

Pergunta o do costume quanto pagam os inquilinos de Amesterdão...

Ao menos, na Baixa nem inquilinos há (tirando obviamente os lojistas), eh eh

M Isabel G disse...

Estive ontem na Baixa e regressei tristíssima com a decadência: assisti a dois roubos (os donos de lojas a correr atrás dos ladrões), tipos a vender não sei o que na rua Augusta, as papeleiras a transbordar de lixo, a calçada em frente à Brasileira (Chiado) parecia uma rua de Cabul, um desconsolo...

Sandra disse...

A Baixa inospida? Claro, sem arvores. Culpa dos nossos autarcas que insistem na ideia de que a Baixa fica mal com arvores. Vejam a Praca do Comercio e a Praca da Figueira, verdadeiros desertos, desconfortaveis, terracos gigantes de pedras a ferver!

Filipe Melo Sousa disse...

pelo que leio aqui, há quem considere que 10€ é uma renda "justa". Então pronto, façam uma regra de três: a baixa ainda tem de regredir um pouco para se ajustar a esse valor

M Isabel G disse...

A SAndra tem razão; aquilo é tudo um sufoco:
"Vejam a Praca do Comercio e a Praca da Figueira, verdadeiros desertos, desconfortaveis, terracos gigantes de pedras a ferver"
Em Munique, na praça, junto à catedral, há bancas de fruta e está tudo limpissimo

Carlos disse...

Bom, eu fui ao sítio aí de cima procurar um apartamento T1 em Amsterdão e o mais barato, com 85 m2, custava 1100 euros/mês:http://www.livingtoday.nl/english/object/show/2458/__TE_-_HUUR__-Apartment-Henegouwenstraat-Amsterdam

Um apartamento em Lisboa, desse tamanho e nas mesmas condições não fica por menos de 600 euros ou seja, o em Amesterdão é 1,8 vezes mais caro.

Mas eu puxo do meu "Índice Salário Mínimo" (PT = 100) e a Holanda fica com 276 pontos, que significa que o salário mínimo holandês é quase 3 vezes maior que o nosso. Quem ganha 3 vezes mais pode bem pagar 2 vezes mais pela renda da casa.

Pior, em valor, quem ganhe o salário mínimo na Holanda pode alugar o tal apartamento em Amesterdão (1300 > 1100), quem ganhe o salário mínimo em Portugal não pode alugar um apartamento equivalente (470 < 600).

E o resto é conversa...

Anónimo disse...

Sr. Sousa, essa lenga-lenga das rendas baixas e congeladas pode resultar lá na tasca da esquina onde ninguém percebe patavina do assunto.

Aqui, onde as pessoas sabem muito bem que esses casos são uma pequeníssima excepção na cidade de Lisboa e que diminui a cada ano que passa, a conversa não pega.

Resumissem-se os problemas da habitação em Lisboa a essas rendas e muitos bem estávamos.

Anónimo disse...

A nossa BAIXA envergonha a capital! Fruto de politicas obsoletas porque os nossos politicos ainda vivem no seculo passado!

Sandra disse...

que beleza!

e que vergonha a nossa baixa!