06/08/2010

Dívida do Estado: Operadores privados de Lisboa de transportes públicos ameaçam deixar de vender passes

In Sol Online (6/8/2010)

«Os operadores privados de transporte público de passageiros da área metropolitana de Lisboa (AML) ameaçam deixar de vender passes sociais se o Estado não lhes pagar os cerca de 15 milhões de euros em dívida

«Já seguiu uma carta de denúncia dos acordos e se nada for feito dentro de três meses estas empresas deixam de vender os passes sociais», afirmou hoje à Lusa o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (Antrop), reclamando o pagamento de uma dívida de cerca de 15 milhões de euros.

Em declarações à Lusa, Luís Cabaço Martins realçou os operadores «não terão outra saída senão abandonar o sistema do passe social na região de Lisboa, prejudicando assim seriamente os utilizadores que passarão a pagar muito mais do que actualmente pagam pela utilização dos transportes públicos na AML». A Rodoviária de Lisboa, a Transportes Sul do Tejo, a Vimeca Transportes e a Scotturb Transportes Urbanos têm um acordo para receber anualmente um montante de 9, 5 milhões de euros pelos passes multimodais de Lisboa, que, acrescentou, «desde 2008, o Governo não paga».

«O Governo assume responsabilidades, define que os preços devem ser sociais e depois não assume as responsabilidades», criticou o presidente da Antrop, realçando que «às empresas públicas paga todos os anos quantias muito superiores».

«Está a fazer isto só às empresas privadas e assim acaba por destruir completamente o mercado, porque as empresas não se aguentam. São as únicas receitas e criam problemas gravíssimos aos operadores», acusou Cabaço Martins.

«Desde 2008 que o Governo não paga nada e portanto os operadores continuam a vender passes e a receber menos do que deviam e não recebem qualquer compensação», acrescentou. Segundo Cabaço Martins, a Antrop já contactou o ministério das Obras Públicas, que disse «não ter capacidade para resolver o problema que está no ministério das Finanças».

«Se não pode pagar, a solução é não criar os passes e não definir preços sociais, porque qualquer Estado de bem quando assume um compromisso cumpre-o». Em atraso, revelou, está também o pagamento das compensações dos passes 4-18 e sub 23, criados há um e dois anos respectivamente pelo Governo, que são destinados aos estudantes, e cujo valor em dívida «ascende a 7,5 milhões de euros».

«Definiram estes passes com um desconto de 50 por cento e que nos pagariam a diferença a 60 dias, mas o 4-18 não é pago desde Novembro e sub-23 desde Setembro», denunciou, acrescentando que «a solução pode também ser deixar de vender», o que será discutido na próxima reunião de associados em Setembro.

Lusa/SOL »

1 comentário:

Maxwell disse...

A questão é se o valor sem subsidio do estado é o valor de exploração ou se é inflacionado para que o lucro seja 2,3,4 vezes superior. Nisso as transportadoras não falam.